Antes de prosseguir com este texto que nem mesmo começou ainda, quero fazer dois pedidos prévios de desculpas.
O primeiro é com a empolgação repentina, que permite a ousadia de fazer comparações aparentemente absurdas com quem chegou há pouco no Botafogo-PB e ainda precisa muito mais para se firmar na posteridade.
A segunda é com os bem mais jovens, que talvez não tenham as devidas referências para conhecer a fundo “o pai da matéria”, apelido dado a Osmar Santos, um dos maiores e melhores narradores de futebol que eu já tive o prazer de acompanhar.
São desculpas apenas protocolares, ao bem da verdade.
No fundo, eu bem sei que a crônica permite sim uma boa dose de empolgação e exagero. Ademais, é obrigação das novas gerações que gostam de futebol conhecer Osmar.
Se não o conhece, portanto, vá agora mesmo ao Google, ao Youtube, ao Museu do Futebol, aos livros, aos portais que guardam o acervo das transmissões esportivas brasileiras.
É preciso, necessário, urgente fazer com que todos conheçam Osmar Santos, que sofreu um grave acidente de carro no final de 1994 e teve sua carreira abruptamente interrompida. Porque, quase trinta anos depois, mesmo vivendo todo esse tempo mais recluso, os bordões de Osmar Santos ainda são muito marcantes em quem acompanhou futebol naquela época.
Dito isso, o que eu quero registrar aqui é que o segundo gol do Belo, marcado nesse domingo (12) por Edmundo no início do segundo tempo do jogo contra o Volta Redonda, válido pela quarta rodada da Série C do Brasileirão e que terminaria com vitória botafoguense por 3 a 1, é um lance digno de Osmar.
Uma jogada que inclui o drible de três adversários e um chute de fora da área que definitivamente deveria ser descrita com toda a emoção do narrador, com aquele impacto que só ele sabia produzir.
– E que gooooool! Edmundo animaaaaaaaaaaal!
Com um “a” que se prolongava por alguns segundos e que ganhava uma sonoridade vibrante e emocionada, que encantava e embalava o torcedor em seu momento supremo de arrebatamento desportivo.
A saber, poucas vezes houve uma sintonia tão íntima entre narrador e jogador de futebol.
É impossível lembrar de Osmar Santos e não referenciar Edmundo, que fez história principalmente em Vasco-RJ e Palmeiras-SP. É impossível da mesma forma lembrar de Edmundo e não referenciar Osmar Santos dos tempos de Rádio Globo e de TV Manchete.
E mesmo que aqui se esteja falando de outros personagens, outro campeonato, outra realidade, outros tempos, fica a semelhança do nome, a lembrança de grito tão conhecido e recorrente, homenageia-se igualmente a plasticidade do gol marcado no interior do Rio de Janeiro.
A partir de hoje, para mim, gols do volante botafoguense Edmundo têm que ser comemorados com a voz de Osmar Santos na memória, principalmente quando forem golaços que impõem a superioridade de um time frente ao rival, tal como fez o Belo com o Voltaço nesse fim de semana.
Principalmente, também, quando o jogador marcar duas vezes num mesmo jogo. E ajudar a quebrar a escrita que o clube paraibano carregava de não vencer por dois gols de diferença desde 30 de julho de 2023 (vitória por 2 a 0 em cima do Manaus, no Estádio Almeidão) e não vencer por dois gols de diferença jogando fora de casa desde 7 de junho de 2021 (vitória por 2 a 0 em cima do Paysandu, no Estádio da Curuzu).
Bem, isso até esse domingo (12), claro.
Enfim…
Edmundo, querido, como diria Osmar Santos, “o craque bom de bola”, você é um animal!
Clique aqui para ler a notícia em seu site original
Fonte: Jornal da Paraíba
