Decisões sobre juros no Brasil e EUA, Daki recebe novo aporte de US$ 50 milhões e o que importa no mercado.
ATENTOS AO PLURAL
A “super quarta” com decisões de juros no Brasil e nos EUA veio em linha com as expectativas do mercado: queda da Selic em 0,50 ponto, para 12,75% ao ano, e estabilidade nas taxas americanas, no intervalo de 5,25% e 5,50% ao ano.
O que vale destacar:
Aqui: o Banco Central voltou a mencionar a questão fiscal em seu comunicado, trecho que havia sido retirado do documento da reunião passada pela primeira vez em mais de três anos.
Ao falar do futuro, o comitê prevê novos cortes de mesmo tamanho “nas próximas reuniões”.
O plural foi importante: caso viesse no singular, o termo abriria a porta para um corte de 0,75 ponto na Selic daqui dois encontros, em dezembro.
Lá fora: membros do Fed (BC americano) sinalizaram para uma nova alta de 0,25 ponto para este ano, algo que não estava no radar do mercado.
Eles também indicaram um corte menor de juros no ano que vem, em uma postura mais rígida sobre a política monetária americana.
O que muda nos investimentos com a Selic a 12,75%:
É hora de fugir da renda fixa? Não é preciso, pois ela ainda oferece boas oportunidades, afirmam os economistas. Eles ressaltam, porém, a necessidade de ser mais seletivo nos investimentos.
Mais sobre queda dos juros no Brasil:
O corte da taxa fez o país perder a liderança no ranking global de juros reais.
DAKI ACUMULA CHEQUES DE US$ 50 MI
A Daki anunciou nesta quarta ter recebido mais um aporte de US$ 50 milhões (R$ 252 milhões), desta vez em uma rodada série D.
Em fevereiro deste ano, a startup havia recebido um investimento do mesmo valor em uma rodada série C, que a avaliou em US$ 1,3 bilhão (R$6,3 bi) –o “valuation” não foi divulgado na etapa atual.
Ao todo, o unicórnio (nome dado a startups que valem mais de US$ 1 bi) levantou US$ 530 milhões (R$ 2,5 bi) junto a investidores desde sua fundação, segundo números da plataforma Sling Hub.
Quem investiu: a atual rodada foi liderada pela Convivialité Ventures, braço de investimento da Pernod Ricard (dona de marcas como Absolut, Chivas, Jameson, Beefeater).
Também acompanharam a rodada a Lombard Odier e atuais acionistas, como G-Squared, GGV, Balderton Capital, Greycroft, Tiger Global e Monashees.
A Daki: fundada em 2021, mesmo ano em que se fundiu com o grupo americano Jokr e virou unicórnio, a startup opera com entrega rápida de bens de consumo comuns em supermercados.
Ela opera por meio de dark stores, lojas fechadas ao público que armazenam os produtos e estão localizadas próximas aos consumidores. Com logística própria, os itens são recolhidos por entregadores e chegam em minutos.
A empresa espera dobrar neste ano o faturamento registrado em 2022 e tem mais de 3.000 produtos em seu catálogo. Suas operações estão em capitais como São Paulo, Rio e Belo Horizonte, além de outras oito cidades.
SAI UÍSQUE, VOLTAM MÓVEIS E ELETRO
Após o Grupo Casas Bahia ter trocado de nome (enterrando o “Via”) e emitido R$ 623 milhões em ações em meio a um processo de reestruturação, agora a empresa disse que vai voltar às origens.
Entenda: a companhia vai se concentrar no negócio que formou o grupo, em 1952, e voltar a priorizar a compra e venda de móveis, eletrodomésticos e eletroeletrônicos.
Itens como artigos para festa, decoração, perfumaria e cosméticos, pet shop, alimentos e bebidas passarão a ser vendidos apenas por sellers (vendedores terceiros da plataforma).
“Nós estávamos gastando muito para sermos generalistas, tentando atrair clientes de outras categorias, como uísque, sendo que o nosso cliente de móveis e eletro já é muito fiel”, disse Renato Franklin, presidente do grupo Casas Bahia.
O objetivo com a nova estratégia é economizar até R$ 1 bilhão em estoques neste ano, grana que pode servir para aliviar o endividamento da companhia e o temor do mercado sobre ela.
Outras medidas anunciadas pelo presidente da varejista para economizar gastos:
Venda de ativos, como imóveis;
Redução de despesas com o marketing e uso de IA (inteligência artificial) para customizar as campanhas publicitárias por região;
Fechamento de cem unidades que estão operando com prejuízo, além do corte de 6.000 funcionários.
‘Percepção equivocada’: é dessa forma que Franklin trata a visão do mercado sobre o Grupo Casas Bahia, cujas ações acumulam queda de 67% neste ano.
“Vamos entregar resultados, trimestre após trimestre, e recuperar a confiança no grupo”, disse.
CELULARES SERÃO AS NOVAS MAQUININHAS?
A Apple lançou no Brasil o recurso Tap to Pay, que transforma os iPhones em maquininhas de cartão. Serão aceitas transações via cartão de débito, crédito e carteiras digitais.
Entenda: para usar a tecnologia, os comerciantes têm de possuir um modelo XS ou superior, com a versão mais recente do iOS, e ter conta em alguma plataforma de pagamento.
Por enquanto, a fintech CloudWalk (responsável pelo sistema de pagamentos InfinitePay) é a primeira a aderir.
Granito, Nubank, Stone e SumUp devem ter o recurso “em breve” (sem data confirmada), segundo a Apple. Ela afirma que não cobra dessas empresas pelo serviço.
No ano passado, o Google anunciou serviço semelhante no país, o Google Tap, e diversas plataformas de pagamentos –entre elas, as operadoras de maquininhas– já oferecem o serviço aos lojistas.
Por que importa: além de reduzir os custos dos comerciantes com o aluguel de maquininhas, o serviço pode facilitar o acesso de pessoas físicas a esse mercado.
A CloudWalk disse que a tecnologia “Tap to Pay” a ajudou a aumentar em 70% o número de clientes na comparação entre os primeiros semestres de 2022 e 2023 ao permitir o cadastro de pessoas físicas.
A fintech também afirmou que desde o lançamento, em novembro de 2022, o crescimento médio do recurso é de 123% ao mês.
Procurada, a Abranet (Associação Brasileira de Internet), que representa parte das empresas de pagamento digital, afirma que o lançamento não coloca a Apple como uma concorrente das operadoras de maquininha.
(ARTUR BÚRIGO – FOLHAPRESS)
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Fonte: Paraíba Online