Após a crise bancária atravessar o oceano e chegar à Europa, apoio financeiro a dois bancos na berlinda leva uma dose de tranquilizante aos mercados. Governo Biden repete Trump e ameaça TikTok de banimento se app não cortar laços com chineses e outros destaques do mercado nesta sexta-feira (17).
**UM DIA DE CALMARIA**
Depois de um quarta-feira (15) em que a crise bancária escalou e atravessou o Oceano Atlântico para chegar à Europa, nesta quinta (16) dois anúncios de apoio financeiro tiveram um efeito tranquilizante nos mercados –por enquanto.
Na Europa, as ações do Credit Suisse fecharam em alta de 19%, recuperando boa parte da queda de 25% no dia anterior, quando os investidores ficaram bem preocupados com a saúde financeira do banco e com o efeito de contaminação da crise.
O alívio veio depois que o banco central da Suíça garantiu ao Credit um empréstimo de até 50 bilhões de francos suíços (US$ 53,7 bilhões, R$ 284,4 bilhões), afastando temores sobre falta de liquidez do banco suíço.
Nos EUA, o respiro veio após um consórcio de 11 bancões americanos anunciar um apoio financeiro de US$ 30 bilhões ao First Republic Bank.
O banco da Califórnia era tido pelo mercado como o mais propenso a quebrar depois da falência do SVB e do Signature, e suas ações passaram por uma montanha-russa nos últimos dias.
O anúncio também evidencia uma estratégia diferente dos bancões dos EUA em relação à crise de 2008. Desta vez, a ideia é não repetir a compra de uma instituição em crise, o que acabou gerando problemas regulatórios e de operação na época.
SIM, MAS…
Tanto os analistas do Brasil quanto os lá de fora avaliam que essas ajudas são momentâneas e não acabam com a desconfiança dos investidores sobre o sistema financeiro.
Nas Bolsas, o Ibovespa fechou em alta de 0,73%, a 103.433 pontos, enquanto o dólar recuou 1,05%, a R$ 5,23. Lá fora, os principais índices fecharam em avanço entre 1% e 2%.
**A MAIOR AMEAÇA AO TIKTOK NOS EUA DESDE TRUMP**
O governo americano escalou o nível do embate com o TikTok e agora ameaça banir o app do país se os chineses da Byte Dance não venderem sua participação na plataforma, reportou o Wall Street Journal.
ENTENDA
O presidente americano Joe Biden, que vinha adotando tom mais comedido nas negociações em comparação com o ex-mandatário Donald Trump, agora repete seu antecessor com a ameaça de suspensão do app.
Em 2020, Trump perdeu uma série de disputas nos tribunais americanos e foi obrigado a desistir da medida.
O temor das autoridades é o mesmo: que o TikTok seja obrigado a entregar dados dos consumidores americanos caso haja uma ordem do governo chinês, conforme manda a lei de segurança nacional local.
O TikTok respondeu. O CEO do app, Shou Zi Chew, disse ao WSJ que uma venda forçada “não irá resolver as preocupações de segurança” de Washington.
Ele cita que a operação não irá proteger mais o país do que o plano do app de custo bilionário que envolve pagar à americana Oracle para armazenar os dados em território nacional.
Chew deve depor ao Congresso dos EUA na próxima quinta.
Não é só o app de vídeos curtos. Como escreve o colunista da Folha de S.Paulo Nelson de Sá, o TikTok nem é mais o líder na App Store e no Google Play.
Quem desponta agora é o Temu, rival da Shein que deseja superá-la em vendas nos EUA ainda neste ano. Na sequência ainda aparecem o CapCut, um editor de vídeo, e a própria Shein. Todos chineses.
**DÊ UMA PAUSA: LEMBROU DE 2008?**
Depois de 13 anos, mais uma crise bancária de grandes proporções atinge os EUA.
Com a semelhança da quebra de relevantes bancos –na época, o Washington Mutual, desta vez, o SVB –, leitores podem estar se perguntando se essa seria uma repetição dos fatores que levaram à crise de 2008, que se tornou financeira e atingiu o mundo inteiro.
A resposta é não. Como escreveu o colunista do jornal Folha de S.Paulo, Vinicius Torres Freire, o SVB quebrou à moda antiga, o que pode afetar menos o restante da economia. Também mostramos aqui outras diferenças entre a crise atual e a de 2008.
Quer entender melhor o que foi a crise de 2008? Separamos algumas dicas no streaming:
– Trabalho interno (2010): documentário entrevista agentes do mercado e ajuda a entender como as falhas de regulação permitiram a alavancagem em créditos “podres”. Vencedor do Oscar de 2010. Disponível na Oi Play e para alugar na Apple e Claro.
– A Grande Aposta (2015): indicado a melhor filme do Oscar em 2016, ele tenta explicar, com uma edição dinâmica, o que inflou e como estourou a bolha imobiliária dos EUA. Disponível no Prime Video.
– ‘Grande Demais Para Quebrar’: o longa de 2011 conta a negociação envolvendo a falência do banco Lehman Brothers, que era considerado “too big to fail” (grande demais para quebrar). Disponível no streaming HBO Max.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
GOVERNO LULA
Lula teme acusação de estelionato eleitoral em debate sobre nova regra fiscal. Proposta elaborada pela Fazenda prevê controle de gastos, mas deve sofrer mudanças no Planalto.
MERCADO
Bancos suspendem empréstimo após corte nos juros do consignado do INSS. Redução foi aprovada pelo Conselho da Previdência nesta segunda.
MERCADO
Credit Suisse negocia venda de participação na Verde Asset. Ações do banco operam em forte alta após empréstimo bilionário do BC suíço.
MERCADO LIVRE
Mercado Livre promete investir R$ 19 bi no Brasil em 2023. Alta é de 11,5% em relação ao ano passado; em 2018, foi US$ 1 bi.
REDES SOCIAIS
Meta está construindo rede social descentralizada para competir com Twitter. Chamado de P92, aplicativo quer surfar no vácuo que a empresa de Elon Musk pode deixar.
ARTUR BÚRIGO – Folhapress
Clique aqui para ler a notícia em seu site original
Fonte: Paraíba Online