Veículos automáticos ‘baratos’ estão bem em provas de consumo; saiba o que falta

A comodidade do câmbio automático se popularizou no Brasil: desde 2020, a maior parte dos carros novos vendidos no país dispensa o pedal de embreagem, de acordo com dados da Fenabrave (associação dos distribuidores de veículos).

O interesse do consumidor fez as montadoras lançarem veículos menores e mais simples equipados com esse tipo de caixa de marchas. Entretanto, são raras as opções cujo preço seja inferior a R$ 100 mil.

A Folha pesquisou valores praticados no mercado de automóveis zero-quilômetro para encontrar as opções de menor preço no segmento.

O modelo mais em conta neste momento é o Fiat Argo 1.3 CVT. Embora o preço sugerido para a versão automática comece em R$ 98.990, os anúncios da montadora indicam promoções a partir de R$ 92 mil, aproximadamente.

A versão Trekking, que passou pelo teste Folha-Mauá, tem valor sugerido de R$ 102.990. Na prática, contudo, essa opção é comercializada por R$ 96 mil. A diferença para o modelo convencional está em adereços e pneus que remetem ao uso off-road.

O câmbio CVT (sigla em inglês para transmissão continuamente variável) simula sete marchas e faz o que pode para extrair o máximo do motor 1.3 flex (101 cv). De acordo com as medições do IMT (Instituto Mauá de Tecnologia), foram necessários 13 segundos para partir do zero e atingir os 100 km/h.

Está longe de ser um desempenho esportivo, mas supera com folga o tempo de 18,3 segundos registrado pelo Argo 1.0 flex manual (75 cv) na mesma prova.

Para compensar o desempenho acanhado, a versão Trekking com câmbio automático foi bem nas medições de consumo. Abastecido com gasolina, atingiu a média rodoviária de 21 km/l, superando a opção 1.0 —que, na mesma condição, chegou a 20,4 km/l.

Mas se sobra autonomia, falta segurança. O Argo é equipado apenas com os dois airbags frontais exigidos por lei, e não há bolsas laterais nem como item opcional. Sistemas avançados de segurança, como frenagem automática de emergência, também estão fora da lista de equipamentos.

Esse é o mesmo problema do hatch Citroën C3, segundo modelo mais em conta entre os automáticos. A versão You tem valor sugerido de R$ 96.990, que pode cair para R$ 95 mil nas lojas. Seu motor 1.0 turbo flex tem 130 cv de potência.

Já o SUV compacto Basalt, que também é produzido pela Citroën, ao menos traz os airbags laterais entre os itens de série. O modelo segue em promoção de lançamento: a opção Feel com câmbio CVT é oferecida pelos mesmos R$ 96.990 do “irmão” menor, embora o preço de tabela esteja fixado em R$ 112.290.

Todos os valores verificados se referem à compra por pessoa física, sem a aplicação de reduções tributárias legais disponíveis para pessoas com deficiência e taxistas.

Não foi possível levar o C3 para a pista de testes, mas o Basalt teve o desempenho verificado em parceria com o IMT. Também equipado com motor 1.0 turbo flex, atingiu uma boa marca na prova de aceleração: de zero a 100 km/h em 10 segundos.

Na medição de consumo, houve uma surpresa: a média rodoviária com gasolina ficou em 21,8 km/l, sendo ainda mais econômico que o Fiat Argo Trekking, que tem 21 quilos a menos.

Ao comparar as fichas técnicas, o consumidor vê que ambos os carros utilizam o mesmo câmbio automático do tipo CVT. Há ainda outros pontos em comum, a exemplo do volume do tanque de combustível (47 litros).

A explicação para essas coincidências vem da origem dos veículos: as marcas Fiat e Citroën pertencem ao grupo Stellantis, que reúne ainda Jeep, Peugeot e RAM.

Outra semelhança é a falta de ajuste de profundidade da coluna de direção. O problema é mais sentido no Argo, que tem projeto menos ergonômico que o Basalt. O hatch foi mais cansativo no uso, embora tenha acabamento e bancos melhores que o SUV de origem francesa.

Para quem precisa de espaço, não há nada tão grande quanto o Citroën em sua faixa de preço. Há boa acomodação para cinco adultos, além de um porta-malas com 490 litros de capacidade para bagagens.

Entretanto, quem desejar compactos automáticos com mais itens de segurança terá de procurar em outras marcas. Modelos como Chevrolet Onix (a partir de R$ 105.795), Honda City (R$ 117,5 mil) e Toyota Yaris (R$ 104.190) já saem de fábrica com os airbags laterais e do tipo cortina, que protegem cabeça e tronco em caso de colisão lateral.

*EDUARDO SODRÉ/folhapress

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Fonte: Paraiba Online

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