A Fenep, federação que representa as escolas particulares, estuda entrar na Justiça contra a decisão do ministro da Educação, Camilo Santana, de suspender o cronograma de implementação do novo ensino médio e de mudanças no Enem.
“Evidentemente vai haver judicialização dessa decisão do ministro. E não vai ser pouca. Não é só a Fenep. Infelizmente, a gente vai ter que chamar a Justiça para ser o árbitro dessa questão”, afirma Amabile Pacios, vice-presidente da entidade.
Segundo ela, as escolas não vão “dar um cavalo de pau e voltar atrás, porque nem tem como fazer isso”. Pacios diz que a saída apontada pelo setor neste momento é que seja anunciado pelo governo um Enem transitório em 2024 para esperar os ajustes no currículo do ensino médio.
“A gente fez uma reforma na BNCC [Base Nacional Comum Curricular] e deu ao ensino médio uma terminalidade, inclusive técnica-profissionalizante, mas o ensino médio continua se balizando muito no Enem. Se você torna o Enem uma bagunça que ninguém entende, a faculdade pode não querer mais o exame”, afirma Pacios.
Para Mauro Aguiar, membro do conselho consultivo da Abepar (Associação Brasileira das Escolas Particulares) e diretor do Colégio Bandeirantes, a situação gera insegurança, não só para escolas, mas também para professores, famílias e o próprio ministério.
“Fica essa cacofonia enorme do governo, todo mundo dando palpite. Quando você consulta a área de educação básica do ministério, eles não querem nem falar. Estão inseguros também. Existe uma pressão política que não tem nada a ver com educação e começa a confundir o próprio ministério ao ponto de ele não conseguir orientar e dar um norte”, diz.
Aguiar alerta para o atraso brasileiro. “Quando se chega na adolescência, as diferenças cognitivas e de interesses são muito grandes.
Apresentar um currículo com uma só possibilidade é insano. Ninguém faz isso no mundo. O Brasil é um contraexemplo ruim com estrutura rígida.
Os argumentos contrários são, por exemplo, a falta de professor especializado, que seria para o quinto itinerário, que é o profissionalizante. E esse é muito importante para mais de 80% dos alunos da escola pública”, diz.
Na opinião de Elizabeth Guedes, presidente da Anup (associação das universidades particulares), a decisão do governo representa um retrocesso provocado por mera imposição política.
“Entendemos as dificuldades enfrentadas agora, a complexidade da implantação. O governo vai baixar uma portaria por 90 dias. É o tempo que temos para ajudá-lo”, diz Guedes.
Segundo Celso Niskier, presidente da Abmes (associação das mantenedoras do ensino superior), o fórum que representa as entidades do setor vai se reunir nesta quarta (5) para tomar uma posição sobre o caso.
(JOANA CUNHA – FOLHAPRESS) –
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Fonte: Paraíba Online