Crise dos planos de saúde, as 19 plataformas que serão vigiadas de perto pela UE e outras notícias do mercado nesta quarta-feira (26).
**ROMBO DE R$ 11,5 BI NA OPERAÇÃO DOS PLANOS DE SAÚDE**
Os reflexos da retomada dos atendimentos de saúde represados pela pandemia aparecem no buraco nas operações dos planos de saúde. O prejuízo foi de R$ 11,5 bilhões em 2022, o pior resultado desde o começo da série histórica em 2001.
Esse resultado reflete apenas o saldo dos serviços de saúde em si.
No resultado geral, que considera também ganhos com operações financeiras e outros itens, as operadoras ficaram praticamente no zero a zero, com lucro líquido de R$ 2,5 milhões (0,001% do total de receitas).
O que explica a crise do setor
Alta sinistralidade: a taxa é a relação entre o custo dos procedimentos e o valor pago pelos usuários. No quarto trimestre, ela chegou a 89,21% –ou seja, a cada R$ 100 de receita, R$ 89,21 foram para despesas com consultas e exames.
Insumos mais caros: os preços de instrumentos médicos e outros materiais de saúde, assim como os de remédios, dispararam na pandemia e elevaram o custo dos procedimentos em hospitais.
Dificuldade de repassar preço: a maior parte (80%) dos clientes do setor faz parte de planos coletivos, que têm reajustes negociados diretamente entre as partes. Uma alta significativa na mensalidade pode afugentar o cliente em um negócio que sobrevive de escala.
– Entre 2021 e 2022, as receitas dos planos de saúde cresceram 5,6%, enquanto as despesas aumentaram 11,1%, segundo dados da Fenasaúde, entidade que representa os planos.
Os reflexos da crise se espalham por todo o setor. Sem ter muito espaço para aumentar a receita, a solução encontrada por algumas empresas foi cortar as despesas.
Isso significa alterar as condições de remuneração dos hospitais e de fornecedores, alongar o prazo de pagamento e uma ofensiva para tentar coibir fraudes.
**EUROPA FARÁ CONTROLE MAIS RÍGIDO EM 19 PLATAFORMAS**
A União Europeia publicou nesta terça uma lista com 19 plataformas digitais, incluindo gigantes como Google, Facebook, Instagram, TikTok e Twitter, que estarão sujeitas a controles mais rigorosos a partir do final de agosto deste ano.
Entenda: o bloco europeu definiu que essas empresas terão quatro meses para se adaptar ao novo regramento chamado de DSA (Digital Services Act, ou ato dos serviços digitais), considerado como a lei mais dura em relação à regulação de conteúdo no mundo.
As companhias terão de expor os seus algoritmos a especialistas da Comissão Europeia (o braço executivo da UE), além de disponibilizar seus dados a pesquisadores selecionados que contem com o respaldo da União Europeia.
As 19 empresas foram selecionadas por possuírem mais de 45 milhões de usuários ativos mensais na UE. A maioria é dos EUA, mas há também plataformas chinesas (TikTok e AliExpress) e alemã (Zalando). Veja todas elas aqui.
O que muda: hoje, as big techs podem dizer que não são responsáveis pelo conteúdo gerado por seus usuários desde que mostrem que agiram para identificar publicações consideradas ofensivas.
Com o DSA, porém, as companhias terão de ter uma postura mais ativa, determinando os possíveis riscos que seus sistemas apresentam a pessoas e a instituições e demonstrar que estão trabalhando para resolvê-los.
A legislação diz que empresas que não cumprirem as regras terão de pagar multas que chegam a até 6% de suas receitas mundiais.
No Brasil, está em discussão uma lei que também trata sobre a moderação de conteúdo pelas big techs.
A votação do chamado PL das Fake News teve sua urgência aprovada nesta terça na Câmara, mesmo após pressão contrária das empresas donas de redes sociais.
Entenda aqui em 7 pontos o que está em jogo com a proposta.
**NOVA TEMPORADA DE BALANÇOS NAS BIG TECHS**
Os resultados de Google e Microsoft, divulgados nesta terça após o fechamento do mercado, mostraram que um recuo ou um avanço tímido nas receitas diante da desaceleração econômica devem seguir dando o tom nesta leva de balanços das big techs.
As duas companhias, porém, mostraram alguns sinais de resiliência em seus negócios no primeiro trimestre deste ano, o que foi o suficiente para animar analistas, principalmente no caso da Microsoft.
A Alphabet, dona de Google e YouTube, registrou a segunda queda consecutiva em sua receita com publicidade, sendo este apenas o terceiro recuo em sua história. A área é, de longe, a maior fonte de grana para a companhia.
A empresa também anunciou um plano de recompra de ações de US$ 70 bilhões, que fez as ações subirem 4% no pós-mercado antes de diminuírem a alta para 1%.
A receita do trimestre encerrado em 31 de março foi de US$ 69,79 bilhões, ante estimativa de US$ 68,95 bilhões, segundo dados da Refinitiv.
A Microsoft teve receita de US$ 52,9 bilhões no período, superando a previsão de US$ 51,02 bilhões dos analistas. O resultado e a projeção da companhia para seu desempenho no atual trimestre impulsionaram seus papéis, que subiram 9% no pós-mercado.
As receitas com o Azure, serviços de computação em nuvem, tiveram crescimento de 27%. Foi o avanço mais fraco da história da companhia no setor.
Mais sobre mercado financeiro americano
As ações do First Republic despencaram 49% nesta terça, após o banco ter dito que seus clientes sacaram US$ 100 bilhões no primeiro trimestre, marcado pela crise bancária.
Com uma carteira carregada de títulos de longo prazo, o temor dos investidores voltou a bater sobre o banco, e rumores de uma eventual aquisição para salvá-lo ganharam força.
**COMPRAS SEM JUROS: A NOVA BATALHA DE FINTECHS E BANCÕES**
Um novo tema voltou a marcar a divisão entre os bancões e as fintechs no sistema financeiro: o parcelamento de compras sem juros no cartão de crédito.
As instituições tradicionais apontam a modalidade como um dos culpados pelas altas taxas de juros do rotativo dos cartões —cobradas de clientes que não quitam toda a fatura mensal.
Os bancos digitais afirmam que o fim do parcelamento sem juros teria impacto negativo no consumo em um momento já frágil da economia brasileira, segundo a Abranet (Associação Brasileira de Internet), que reúne empresas como PayPal, Mercado Pago e PagSeguro.
As críticas às prestações sem cobrança de juros foram feitas pelos bancos incumbentes em reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na semana passada.
O principal tema da discussão foi a taxa do rotativo do cartão de crédito. Eventual teto para a cobrança da modalidade atingiria principalmente as fintechs, que dependem mais das receitas com cartões que as instituições tradicionais.
Mais sobre fintechs
Já percebeu como alguns bancos digitais têm emitido cartões físicos sem dados sensíveis, como número, data de validade e código de segurança?
A ideia é diminuir a ocorrência de fraudes, principalmente nas compras online.
Ao adotar o cartão digital nessas transações, com números renovados de tempos em tempos, as chances de golpes são menores, dizem os defensores da novidade.
No Brasil, C6, Santander e Nubank oferecem a possibilidade de adotar o modelo sem números, enquanto XP, Neon, iti (banco digital do Itaú) e Credicard entregam cartões desse tipo a todos os clientes.
(ARTUR BÚRIGO – Folhapress)
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Fonte: Paraíba Online