Reações à nova regra de preços da Petrobras, tombo das ações do Magalu e o que importa no mercado nesta quarta-feira (17).
**O QUE MUDA COM A NOVA POLÍTICA DE PREÇOS DA PETROBRAS**
A Petrobras divulgou nesta terça (16) a nova política de preços que vai substituir a estratégia do PPI (preço de paridade de importação), que definia reajustes com base em simulações sobre o custo de importação dos produtos.
Entenda: em fato relevante divulgado ao mercado, a companhia não deu muitos detalhes, dizendo, entre outras coisas, que praticará preços competitivos nos mercados onde atua preservando sua rentabilidade.
A ausência de uma fórmula de precificação dos combustíveis foi criticada pelo setor como um fator que não traz previsibilidade sobre os preços e atrapalha a dinâmica de importação dos derivados –que leva 60 dias da compra até a chegada ao país.
O que muda? Na teoria, nada, ou quase isso, escreve Vinicius Torres Freire em análise.
Na prática, afirma o colunista, iremos saber em alguns meses, a depender do que será feito dos preços, de sua relação com as cotações internacionais, e do que será o resultado da empresa.
Uma das mudanças está no trecho em que a companhia diz que levará em conta o preço competitivo em cada mercado e região.
Outros fatores considerados são as alternativas de suprimento –a concorrência– e o custo de oportunidade –por até qual valor a estatal poderia vender o produto.
A Petrobras não deixará de acompanhar as cotações internacionais do petróleo e seus derivados e diz que os reajustes não terão periodicidade definida –duas coisas que já aconteciam no PPI.
Reação: as ações da estatal fecharam o dia em alta de pouco mais de 2%, com o mercado também avaliando que as mudanças pouco alteram a precificação dos combustíveis, mas atento ao que acontecerá quando as cotações do petróleo subirem lá fora.
A companhia aproveitou a data para divulgar reduções nos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha.
O preço da gasolina nas refinarias da estatal vai cair 12,6%, ou R$ 0,40 por litro.
O preço do diesel será reduzido em 12,8%, ou R$ 0,44 por litro.
O preço do gás de cozinha cairá 21,3%, ou R$ 8,97 por botijão de 13 quilos.
O repasse para o consumidor depende de políticas comerciais de distribuidoras e postos.
**MAGALU TOMBA 22% EM UM DIA**
Após ter divulgado um resultado bem pior do que projetava o mercado –e sem dar perspectivas muito boas para frente– a ação do Magazine Luiza tombou 22% nesta terça.
Os papéis da varejista estavam entre os que mais subiam no ano até anteontem, em avanço de quase 60%, com os investidores considerando a companhia entre as que poderiam se aproveitar da crise da Americanas.
Após o tombo, a alta acumulada em 2023 é de 30%.
Em números: a empresa divulgou na segunda um prejuízo de R$ 391,2 milhões no primeiro trimestre, piora significativa em relação ao mesmo período do ano anterior (R$ 161,3 milhões).
O que explica? O desempenho do Magalu foi atingido por dois fatores principais:
Despesas financeiras: os juros altos ampliaram os gastos de financiamento da varejista, principalmente na modalidade de antecipação de recebíveis de cartão de crédito –a empresa paga uma taxa para receber à vista as vendas feitas no crédito.
Retorno do Difal: o imposto criado em 2015 para equilibrar o recebimento do ICMS entre os estados envolvidos no transporte de mercadorias começou a valer este ano.
O impacto do tributo para a varejista começou a aparecer já no primeiro trimestre, quando ela segurou parte do repasse aos preços.
Para o resto do ano, será testada a capacidade do setor de repassar o imposto às mercadorias sem afugentar o consumidor.
O CEO do Magalu, Frederico Trajano, disse em teleconferência que a participação da empresa no mercado cresceu 6 pontos percentuais e que houve aumento de vendas em todos os canais da companhia –possíveis efeitos do caso Americanas.
**MAIS SOBRE BALANÇOS**
Resultados do 1º tri mostram que grandes bancos seguem conservadores na oferta de crédito, e lucro somado dos bancões cai 6% graças a resultados negativos de Bradesco e Santander.
JUROS ALTOS; RISCOS, TAMBÉM
O pacote anunciado no domingo (14) pelo governo da Argentina para tentar estabilizar o peso contra o dólar inclui a elevação da taxa de juros local em 6 pontos percentuais, chegando a 97% ao ano.
Dois dias antes, o país registrou recorde inflacionário: 109% no acumulado dos últimos 12 meses encerrados em abril.
Para quem acha que a oportunidade de quase dobrar o seu patrimônio em um ano investindo em títulos argentinos pode fazer sentido, é melhor ter bastante cuidado.
Entenda a crise do peso: a desvalorização da moeda é resultado de políticas econômicas erráticas, que levaram o país a atravessar nove grandes crises em um período de 40 anos, como mostrou a Folha recentemente.
Hoje, com o país praticamente excluído do mercado internacional de dívidas, com poucas reservas internacionais e injetando bilhões de subsídios na economia, o governo passou simplesmente a imprimir pesos.
Pensa em investir? É melhor refletir com cuidado e lembrar de uma das máximas do mercado: potenciais de altos retornos vêm acompanhados de grandes riscos.
Nesse caso, o risco é o de o governo argentino dar um calote em sua dívida, assim como fez em 2020, quando deixou de pagar juros de US$ 500 milhões.
Outro problema é investir nos títulos com a moeda local, que perde muito valor. Por mais que a rentabilidade seja atrativa, na hora da conversão da divisa o retorno pode virar pó.
Os especialistas ouvidos pela Folha são unânimes em avaliar que o investimento acaba sendo muito arriscado para o investidor pessoa física.
**QUANTO CUSTA O CUSTO BRASIL?**
Um estudo colocou na ponta do lápis o quanto o país perde com o emaranhado de dificuldades estruturais, burocráticas e econômicas que afetam o desenvolvimento dos negócios por aqui.
O resultado: R$ 1,7 trilhão por ano, ou 19,5% do PIB.
O cálculo do custo Brasil foi divulgado pelo MBC (Movimento Brasil Competitivo) em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Entenda: esse valor representa a despesa adicional que as empresas têm para produzir no país, na comparação com a média dos custos nos membros da OCDE.
Números que explicam o custo Brasil na prática:
62,5 dias é o tempo gasto pelas empresas no país para o pagamento de impostos. A média da OCDE é de seis dias.
80% do custo Brasil está em 6 dos 12 eixos analisados: financiar um negócio, empregar capital humano, dispor de infraestrutura, ambiente jurídico regulatório, integração de cadeias produtivas globais e honrar tributos.
(ARTUR BÚRIGO – Folhapress)
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Fonte: Paraíba Online