Plano golpista de grampear Moraes existia desde setembro e teria participação de hacker da Vaza-Jato

 

 

Revelado pelo senador Marcos Do Val (Podemos-ES) na última semana, o plano golpista de Jair Bolsonaro (PL) que pretendia grampear o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na realidade teria sido iniciado em setembro do ano passado e contado com a participação do hacker Walter Delgatti, da Vaza Jato, de acordo com a coluna Maquiavel da Revista Veja.

No dia 10 de agosto, o hacker se encontrou com a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP), que era uma das aliadas mais próximas de Bolsonaro à época. A ideia do entorno bolsonarista era cooptar o hacker para expor vulnerabilidades nas urnas eletrônicas e endossar a narrativa golpista de falha no sistema eleitoral brasileiro.

Ocorre que, no início do mês seguinte, em setembro, Zambelli teria chamado Delgatti para outra conversa, que dessa vez seria com o próprio Bolsonaro, por telefone. “Eu encontrei a outra (Zambelli) e ela levou um celular, abriu o celular novo, colocou um chip, aí ela cadastrou o chip e ele (Bolsonaro) telefonou no chip. Foi por chamada normal”, relatou Delgatti.

Foi aí que o ex-presidente convidou o hacker para assumir a autoria de um grampeamento contra Moraes, segundo o próprio Delgatti: “eles precisam de alguém para apresentar (os grampos) e depois eles garantiram que limpam a barra (…) Ele (Bolsonaro) falou: ‘A sua missão é assumir isso daqui. Só, porque depois o resto é com nós’. Eu falei beleza. Aí ele falou: ‘E depois disso você tem o céu’.”

A coluna acrescenta que “na suposta conversa com o hacker, Bolsonaro teria dito que já haviam conseguido interceptar mensagens internas trocadas entre Moraes e servidores da Justiça, nas quais o magistrado estaria discorrendo sobre supostas vulnerabilidades das urnas e uma preferência pelo candidato Lula. Esse ponto deveria ser explorado na imprensa para alegar a suspeição do ministro e tirá-lo da condução do processo eleitoral. O hacker topou de imediato a oferta e ficou de prontidão, aguardando novos contatos do núcleo duro do bolsonarismo para tratar do assunto”.

Delgatti chegou a procurar um funcionário da operadora de telefonia TIM, oferecendo dinheiro para que ele o ajudasse no grampeamento do magistrado. O funcionário teria que fornecer um chip com o mesmo número usado por Moraes, mas se recusou a participar do crime. Segundo a coluna Maquiavel, a conversa telefônica entre Delgatti e o funcionário da TIM foi gravada (sem o conhecimento de Delgatti).

Agora que o novo plano veio a público com o relato do senador Marcos do Val, Delgatti comentou com pessoas próximas que esta seria a continuação da trama iniciada em setembro.


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Fonte: WSCOM

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