Felipe Araújo, natural de Campina Grande, na Paraíba, tornou-se uma voz influente entre os estudantes do Enem. No YouTube, ele publica estratégias para alcançar a cobiçada nota mil na redação e atrai milhares de inscritos. Com o sucesso, o paraibano agora é destaque no “Relatório de Impacto do YouTube”.
No documento, publicado na última segunda-feira (14), a plataforma divulgou seus resultados mais recentes em relação ao setor cultural, econômico, educacional e social no país. O estudo foi realizado pela Oxford Economics.
O convite
Ao receber convite para o evento “Economia Criativa e o Impacto do YouTube no Brasil”, de lançamento do relatório, Felipe não acreditou de primeira – pensou ser fraude –, surpreso por nunca ter participado de um evento oficial do YouTube, mesmo depois de cinco anos ativos no canal. Alegre com a confirmação, mal dormiu.
“Eu fiquei extremamente feliz com o convite e, para mim, é algo sensacional participar de um evento como esse”, Felipe conta. Ele foi à sede do Google no Brasil, em São Paulo, onde conheceu nomes importantes que estão à frente da plataforma.
Entre os anfitriões, estiveram no evento Patricia Muratori, diretora do YouTube para a América Latina; Malu Gonçalves, diretora de comunicação e relações públicas; e Amanda Berezoski, gerente de parcerias de educação.
Além disso, vários criadores de conteúdo educacional, conhecidos como “edutubers”, marcaram presença. Exemplo disso é Débora Aladim; Gis, do canal Gis com Giz; professor Noslen; e professora Rafaela Lima, do canal Mais Ciências.
Edutubers falando para milhares de estudantes
Ainda se habituando aos frutos que sua jornada está proporcionando, Felipe chega ao evento com um rápido tom de apreensão na voz. Ele confessa que, embora fale para milhares, ainda não está acostumado a palestras em eventos presenciais.
Além do mais, há um detalhe: ele foi convidado para participar de uma mesa-redonda com a mineira Débora Aladim. Ela é referência na plataforma, com mais de três milhões de inscritos. Há uma década, Débora ajuda milhões de pessoas a estudar e a passar no Enem e, entre essas pessoas, Felipe Araújo.
Ao anunciar a mesa, Amanda Berezoski expõe o orgulho que sente pelos edutubers, em especial, por Felipe, visto que ele se destacou no relatório publicado pela plataforma.
O paraibano agradeceu a Débora por ela ter feito parte da história dele, e também acrescentou que tudo isso só foi possível porque a plataforma “é a ferramenta que mais democratiza a educação. Ela dá a possibilidade para a gente de ter acesso a conteúdos que a gente não teria no ensino tradicional”.
Na periferia de Campina Grande
Felipe Araújo cresceu no bairro do José Pinheiro, em Campina Grande. A realidade que ele vivia não apenas limitava o acesso dele à educação de qualidade, mas também o expunha à criminalidade que permeava a região.
A escola pública que ele frequentava enfrentava desafios, com casos de violência que dificultavam o aprendizado e minavam a confiança dos professores. “Eu já vi casos de agressão com professor. Então, de certa forma, isso acabava dando um receio para o professor administrar aquilo que ele estudou”, Felipe relata.
Um dos casos que o marcou foi quando ele presenciou alunos furando os pneus do carro de um professor. Isso porque eles estavam insatisfeitos com a nota que receberam. Felipe revela que essa experiência o abalou. Essa realidade fez com que ele concluísse o ensino médio “com uma base zero”.
As primeiras experiências com o Enem não foram de grande sucesso. Mas a vida de Felipe chegou a uma nova fase quando ele precisou enfrentar a escolha: largar a educação e buscar trabalho ou investir em seus estudos. Descontente com o mercado de trabalho, optou por estudar por conta própria.
Um “virar de página”: o estudo no Youtube
Felipe recorreu ao YouTube, enfrentando a difícil tarefa de estudar por conta própria. “Na minha preparação tinham pouquíssimos youtubers. Tinha Débora, em quem me inspirei bastante. Tinha também Umberto Mannarino. Mas, [no geral], não tinham tantos produtores de YouTube para educação”, ele conta.
Ainda assim, foi a única alternativa. Ele explica: “Eu não tinha como pagar por cursinho, até porque minha mãe, ela nem terminou o ensino médio”. No fim, obteve resultados que mudaram a sua vida. Ele assistiu a vários vídeos no YouTube e criou sua própria metodologia de estudo.
Meses depois, Felipe foi aprovado na graduação de odontologia, na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), e hoje é mestrando em dentística na USP.
Além disso, foi no começo da graduação que Felipe gravou um vídeo falando sobre a sua escolha em não optar por medicina. Em seguida, os inscritos começaram a perguntar como ele estudou para o Enem. Esse foi o início de sua jornada como edutuber.
A história de Felipe Araújo reflete a evolução da educação online no Brasil. Seu canal se tornou um ótimo auxílio para estudantes sem meios de pagar aulas particulares ou cursinhos pré-vestibular.
Seu foco na construção de um modelo de redação que pode ser adaptado a diferentes temas do Enem é uma das dicas mais valiosas que ele compartilha com seus inscritos.
Educação no Nordeste
A realidade de Felipe Araújo no José Pinheiro é um retrato da educação brasileira. De acordo com dados do IBGE, o Nordeste representa 11,7% da taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos de idade ou mais no país. É a maior porcentagem entre as regiões do Brasil.
O recorte pode ir mais fundo: a Paraíba é o terceiro estado do país em taxa de analfabetismo nesse intervalo de idade, o número é de 13,6%. O estado fica atrás apenas de Alagoas e Piauí, que lideram o ranque.
Amanda Berezoski, gerente de parcerias de educação do Youtube no Brasil, explica que a plataforma tem um olhar amplo para todo o país, mas acaba sempre valorizando conteúdos regionais e abordando o impacto que esses criadores de conteúdo têm em suas comunidades. “Com o Nordeste, não é diferente. A gente sempre tem um cuidado e um olhar de zelo para todas as regiões”, ela afirma.
Apesar das circunstâncias mais desafiadoras e da necessidade de cobrança de políticas públicas eficazes, Felipe lembra a todos que, com estratégia e o uso adequado das ferramentas disponíveis, é possível transformar a própria vida.
“A educação mudou não apenas a minha vida, mas a vida da minha família. E para mim, isso é o meu maior privilégio”, Felipe afirma.
Relatório de Impacto
A história do paraibano é resultado de um cenário bastante atual, com a constante evolução do mundo digital que permitiu a democratização do estudo, em que histórias de superação e transformação ganham destaque. Os dados do mais recente “Relatório de Impacto do Youtube” comprovam isso.
A comunidade em torno dos criadores de conteúdo do YouTube está crescendo continuamente no Brasil. Um dado que exemplifica isso é o crescimento de 20% no número de canais que ultrapassaram um milhão de inscritos em 2022.
Com 98% dos usuários usando-a para aprendizado, a plataforma é uma das principais ferramentas educacionais e complemento ao ensino formal. Mais de 80 mil canais produziram conteúdo relacionado à educação até dezembro de 2022.
84% dos professores que estão na plataforma concordam que ela melhora a aprendizagem dos alunos. Além disso, 75% veem o Youtube como solução para lacunas educacionais, fornecendo acesso a informações de qualidade.
Na esteira da democratização da educação, o projeto Lá Vem o Enem traz uma série de conteúdos educacionais gratuitos para os estudantes que estão se preparando para o Enem, inclusive no YouTube.
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Fonte: Jornal da Paraíba