Quarta-feira, 26 de março de 2025. Vejo na página da Cinépolis Manaíra que hoje é o último dia de exibição de Ainda Estou Aqui em João Pessoa.
Em outras cidades, ficará até a quarta-feira, dois de abril. No domingo, seis de abril, o filme será disponibilizado em streaming através do Globoplay.
É impressionante o caminho que Ainda Estou Aqui percorreu desde que foi lançado nas salas brasileiras no dia sete de novembro de 2024.
Em João Pessoa, foram 140 dias. Vi na primeira sessão do primeiro dia e voltei mais três vezes. Na estreia, vi numa sala com apenas 16 espectadores.
Em duas das quatro vezes em que vi Ainda Estou Aqui, em salas cheias, o público aplaudiu no final, quando Erasmo Carlos canta É Preciso dar um jeito, meu amigo.
O público está em silêncio sepulcral. Entram as fotos e a música cantada por Erasmo Carlos, mas o aplauso só acontece mesmo quando começa o refrão.
Essa canção nunca foi um grande sucesso de Erasmo. Está no disco Carlos, Erasmo, de 1971, e entrou muito mais tarde num álbum só com lados B do artista.
Como era praxe, é assinada pela dupla Roberto e Erasmo Carlos, mas todo mundo sempre achou que Erasmo compusera essa canção sem o auxílio do parceiro.
Agora, por causa do sucesso do filme, veio à tona a verdadeira história da canção. Ela foi feita por Roberto Carlos após sua visita a Caetano Veloso no exílio londrino.
Ainda Estou Aqui é um fenômeno extraordinário e um grande acontecimento para a produção de cinema no Brasil. Foi visto por quase seis milhões de espectadores.
O filme dirigido por Walter Salles deu o Globo de Ouro a Fernanda Torres e, com três nominações, conquistou o Oscar de Melhor Filme Internacional.
No Brasil, o caminho que o filme percorreu nas salas de cinema coincidiu com o momento em que uma tentativa de golpe de estado está na nossa ordem do dia.
Hoje mesmo, Ainda Estou Aqui se despede do circuito pessoense no dia em que o STF deve tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro réu por tentativa de golpe de estado.
Ainda Estou Aqui fez sucesso no exterior, mas é aqui que o filme melhor dialoga com o público. Pela história que conta e pela permanente defesa da democracia que faz.
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Fonte: Jornal da Paraíba
