O primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi realizado neste domingo (5) e logo no início da tarde foi divulgado que o tema da redação de 2023 foi “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”.
Mas, afinal, o que é “trabalho de cuidado”?
📝 Os participantes deverão discorrer sobre “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”, respeitando os critérios disponibilizados no portal do Inep e na Cartilha de Redação do Enem 2023. pic.twitter.com/PAN0ZS5q8J
— Inep (@inep_oficial) November 5, 2023
A expressão ainda não é tão disseminada no país, mas é autoexplicativa. Refere-se a pessoas que desempenham algum tipo de trabalho, remunerado ou não, que tem como objetivo o cuidado de terceiros, sejam eles idosos, crianças, pessoas com deficiência, entre outros.
No caso, o objetivo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela elaboração das provas, era discutir o papel das mulheres nesse tipo de função e como esse trabalho muitas vezes é invisibilizado, num processo que provoca uma série de problemas físicos, psicológicos e econômicos para essa parcela da população.
A pesquisadora e filósofa brasileira Helena Hirata, que é professora da Universidade de Paris e professora colaboradora da USP, destaca em artigo acadêmico assinado por ela na SUR – Revista Internacional de Direitos Humanos que o trabalho de cuidado em geral “é exemplar das desigualdades imbricadas de gênero, de classe e de raça” que existem na sociedade atual.
Isso acontece porque, durante muitos anos, esse tipo de trabalho foi majoritariamente realizado por mulheres, pobres, negras, muitas vezes migrantes, que não eram remuneradas para tanto. E mesmo recentemente, quando esse tipo de trabalho passou a ser regulamentado, ainda assim segue sendo realizado principalmente por mulheres. Ademais, “trata-se de uma profissão pouco valorizada, com salários relativamente baixos e pouco reconhecimento social”.
De toda forma, Hirata destaca que ainda hoje são muitas as mulheres que realizam esse trabalho de cuidado de forma gratuita na esfera doméstica, quando precisam cuidar de familiares sem nenhum tipo de assistência por parte do poder público ou de outros integrantes da família.
A autora faz um estudo comparativo da realidade no Brasil, na França e no Japão e constata “o lugar central ocupado pelas mulheres nesse contexto”. Para tanto, ela entrevistou diferentes perfis de “care workers”, ou “trabalhadores de cuidado” numa tradução livre.
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Fonte: Jornal da Paraíba