Como parte do meu trabalho, a cada semana eu leio muito conteúdo sobre dados, tecnologia e inteligência artificial (apelidada de IA). Eu faço uma seleção e envio para você os melhores, todos os domingos.
Após um breve hiato, marcado por uma mistura de procrastinação quase produtiva e a alegria da nossa 40ª edição, estamos de volta! Mais de 7 mil leitores nos acompanham em diferentes plataformas, e a sensação é de que essa jornada começou ontem. Agora, é hora de voltar ao nosso propósito: Vamos separar o Joio do Trigo?
O chique é ser simples
A IA e suas derivações geram impactos profundos em áreas como crescimento e produtividade, especialmente com o advento da IA Generativa. Portanto, um momento que intensifica uma já existente competição tecnológica global e que pode (e deve) redefinir o equilíbrio de poder entre as nações.
Na analogia da corrida do ouro, a IA é o novo ouro, enquanto os semicondutores e a infraestrutura são as pás. Até agora, o foco tem estado no desenvolvimento dos modelos, mas à medida que a IA se torna mais presente, uma nova oportunidade surge: permitir que os usuários utilizem essas soluções. Essa segunda fase, focada em inferências e decisões, será uma grande (mas breve) oportunidade para o ecossistema de IA. Nesta segunda fase, com a crescente demanda por decisões em tempo real, será necessário soluções de hardware e semicondutores específicos para baratear e minimizar o tempo de resposta.
A NVIDIA, conhecida por suas placas de vídeo para jogos (GPUs), vivenciou um crescimento exponencial na demanda por seus produtos impulsionado pelo “efeito ChatGPT”. As ações da empresa registraram um aumento de 246% em 2023, elevando-a ao seleto grupo de empresas com valor de mercado na casa dos trilhões de dólares. Apesar de positivo para a NVIDIA, este cenário resultou em escassez e aumento de custos, limitando o crescimento de empresas como a OpenAI, e seu fundador está disposto a mudar esta realidade.
Segundo o jornal The Wall Street Journal, o CEO da OpenAI, Sam Altman, está em negociações com potenciais investidores para captar um valor entre US$ 5 e US$ 7 trilhões, com o objetivo de transformar a indústria de semicondutores (tradução livre). A título de comparação, se o Brasil fosse uma empresa, o PIB (Produto Interno Bruto) seria equivalente ao seu “faturamento”, representando o total de “ganhos” com as vendas em um determinado ano. Em 2022, o PIB do Brasil atingiu R$ 10,1 trilhões.
O valor que Sam Altman busca captar, entre US$ 5 e US$ 7 trilhões, representa cerca de três vezes o PIB do Brasil em 2022. Em outras palavras, o investimento seria equivalente a três vezes o total de “ganhos” que o país obteve com a venda de seus produtos e serviços no ano passado.
A inteligência artificial se tornou um campo de intensa disputa geopolítica, com Estados Unidos e China liderando a corrida tecnológica. As duas maiores economias do planeta, que juntas respondem por cerca de 40% do PIB global, estão profundamente interligadas em diversas áreas, como a cadeia de suprimentos. O desenvolvimento da IA assume um papel crucial nas decisões estratégicas desses países, com seus impactos já evidentes no cenário geopolítico global.
Em 2023, a participação da China nas importações dos EUA atingiu seu menor nível em 20 anos. A reestruturação das cadeias de suprimentos globais também contribuiu para a queda do investimento estrangeiro direto dos EUA na China, que em 2022 atingiu a mínima de 18 anos, segundo um estudo do Financial Times.
Dado as peças dispostas no tabuleiro de xadrez, trago à tona uma questão para reflexão, sem qualquer juízo de valor ou preferência. Buscando estimular o debate e o senso crítico: considerando o objetivo de manter a hegemonia da maior economia do planeta, o investimento de quase três vezes o PIB do Brasil seria considerado realmente alto?
A era da IA está apenas começando! 🙂
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