Como parte do meu trabalho, a cada semana eu leio muito conteúdo sobre dados, tecnologia e inteligência artificial (apelidada de IA). Eu faço uma seleção e envio para você os melhores, todos os domingos.
“Haja coração, amigo!” Nesta edição fizemos um bate-bola entre a paixão nacional e alguns conceitos econômicos. Como na economia onde os trabalhadores e empresas interagem todos os dias, o campo é o espaço de interação entre jogadores, times, árbitros e torcedores. Vamos separar o joio do trigo.
O chique é ser simples
Inflação, taxa de juros, PIB, dívida pública – esses conceitos são pilares que movimentam o mundo todos os dias. No entanto, sua complexidade e a linguagem técnica frequentemente os tornam distantes e difíceis de compreender para muitos. Em uma sociedade que cresce em complexidade, com um fluxo crescente de dados gerados por inúmeras interações sociais, a economia se transforma em um emaranhado de dados brutos, que precisam de uma camada de inteligência para que possam verdadeiramente gerar impactos.
Vamos considerar a sociedade como uma grande rede social para facilitar a compreensão. Nessa rede, cada pessoa e empresa interage de acordo com seus próprios interesses e as conexões que estabelecem. Conforme mais perfis se juntam e interagem, seja de indivíduos ou empresas, eles trazem consigo uma variedade de interesses, atividades e formas de interação. Esse aumento no número de usuários leva a mais publicações, compartilhamento de fotos e vídeos, criação de eventos e grupos, assim como novas interações comuns e suas respectivas curtidas e comentários. Todas essas atividades geram dados. Em um contexto onde os dados estão em constante crescimento, as ferramentas de Inteligência Artificial tornam-se valiosas, não apenas para a compreensão de conceitos, mas também para aprimorar a tomada de decisões em um cenário cada vez mais complexo.
O futebol, nossa paixão nacional, é o cenário ideal para demonstrar esses conceitos econômicos, além de mostrar como podemos tirar proveito da grande quantidade de dados, utilizando a inteligência artificial. Dentro das quatro linhas, o campo é o nosso mercado. Como na economia onde os trabalhadores e empresas interagem todos os dias, o campo é o espaço de interação entre jogadores, times, árbitros e torcedores.
Imagem criada pela ferramenta Midjourney
Os jogadores são os trabalhadores, cada um com diferentes habilidades, funções definidas e posições claras. Assim como engenheiros, professores e médicos desempenham papéis específicos na economia. Vale a ressalva que a comparação aqui feita, em geral, não vale para os salários. Como dizia o professor Raimundo na sua escolinha: “E o salário ó!” Assim como um empresário, o técnico de futebol estabelece estratégias e escolhe os jogadores para os jogos, visando otimizar o desempenho do time.
Já os torcedores, ao consumirem e interagirem com o espetáculo, espelham o comportamento de clientes e consumidores na economia. Eles expressam suas preferências e reações, influenciando o andamento da partida, da mesma forma que os consumidores afetam o mercado com suas escolhas e demandas. Assim, os torcedores desempenham um papel chave, assim como os consumidores no cenário econômico, onde suas ações e reações moldam a dinâmica do mercado.
As regras do futebol e o trabalho dos árbitros em assegurá-las são semelhantes às leis e aos reguladores no mercado. Eles são responsáveis por garantir que tudo ocorra de maneira correta, da mesma forma que as leis e os órgãos reguladores no mercado são fundamentais para assegurar que as atividades comerciais sejam conduzidas de maneira equilibrada.
Cada interação dentro das quatro linhas é uma fonte de dados. Desde um passe certeiro, um drible desconcertante, até uma defesa milagrosa, todos esses momentos geram uma quantidade significativa de informações que refletem o desempenho e as interações entre jogadores, técnicos e árbitros. De forma semelhante, na economia, as atividades cotidianas, como transações entre empresas, compras de consumidores ou ações do governo para controlar a inflação, também geram dados constantemente
Vamos explorar quatro casos reais que fazem uma excelente troca de passes entre a dinâmica do futebol e conceitos econômicos:
Sabe de quem?! Em parceria com mais 300 clubes, em 17 países, a plataforma Eyeball tem um banco de dados com informações de mais de 70.000 jogadores juvenis. A solução utiliza IA para apoiar os “olheiros” a descobrir e rastrear talentos de forma assertiva e global. Clubes como AC Milan, Lille e Benfica já recrutaram mais de 15 jogadores pela plataforma.
Pode isso, Arnaldo? A empresa Sportradar desenvolveu um sistema de monitoramento de apostas esportivas que utiliza inteligência artificial para detectar possíveis fraudes. A partir de 600 fontes de dados, a solução analisa padrões atípicos como um volume alto de apostas em resultados improváveis ou apostas concentradas em um curto período antes do evento.
Pelas barbas do profeta! A partir das filmagens dos jogos, sistemas baseados em inteligência artificial fornecem insights detalhados sobre o desempenho dos jogadores, chegando até a detectar mudanças sutis na técnica. Isso permite que os treinadores identifiquem pontos fortes e fracos adaptando os programas de treinamento de acordo, incluindo decisões sobre posicionamento tático e até mesmo contratações.
É fogo no parquinho! A partir de dados internos e de mercado, modelos preditivos estimam o valor de mercado dos atletas, considerando o desempenho, as tendências do mercado e indicadores financeiros. Isso auxilia as equipes a tomar decisões bem informadas durante as negociações de contratos e transferências.
O futebol é uma parte intrínseca da cultura e vida cotidiana, afinal, como disse Oscar Wilde: “A vida imita a arte muito mais do que a arte imita a vida”.
A era da IA está apenas começando! 🙂
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