Como parte do meu trabalho, a cada semana eu leio muito conteúdo sobre dados, tecnologia e inteligência artificial (apelidada de IA). Eu faço uma seleção e envio para você os melhores, todos os domingos.
Essa semana vamos falar sobre EDA, a sigla para atividade eletrodérmica. Você deve estar se perguntando se é de comer ou beber, certo? EDA é um indicador usado para medir níveis de estresse e ansiedade. A partir de uma pesquisa, observamos que o padrão de um jovem de 19 anos é similar ao assistir uma aula ou ver televisão. Será? Vamos separar O Joio do Trigo?
O chique é ser simples
O Professor Anderson Ribeiro Correia, reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), publicou uma imagem no LinkedIn nesta semana que chamou minha atenção. A imagem é um gráfico que apresenta os resultados de uma pesquisa sobre o uso da atividade eletrodérmica (EDA) para medir níveis de estresse e ansiedade.
Quando nos deparamos com situações em que ficamos nervosos ou estressados, ficamos mais suados, por diversos motivos. Ao suar mais, nossa resistência elétrica da pele se altera, alterando o nosso EDA. Os autores do estudo desenvolveram um dispositivo que é compacto, de baixo custo e confortável, permitindo a captura das informações continuamente por dias ou semanas. Com esse dispositivo (imagem a seguir), foram coletados dados de 26 participantes, com idade entre 18 e 56 anos, em diversas tarefas físicas, cognitivas e emocionais.
Um jovem de 19 anos se ofereceu para usar o dispositivo durante uma semana, resultando no gráfico apresentado no início deste artigo. A análise detalhada revelou padrões interessantes ao longo da semana. Por exemplo, há picos consistentes de EDA entre a meia-noite e as 3 da manhã, provavelmente relacionados à atividade durante o sono. Durante o dia, as variações do indicador refletem os níveis de esforço cognitivo/estresse durante as atividades do dia a dia.
Ao se observar a imagem, em uma análise visual, os gráficos referentes a assistir a uma aula (Class) e assistir à televisão (TV) parecem similares. Apesar de existirem diversos outros fatores, o esforço cognitivo para ambas as atividades parece próximo. Ao contrário dos gráficos referentes a uma atividade prática em um laboratório (Lab) e nas atividades de estudo individual (Study), que indicam maior esforço cognitivo.
Apesar das limitações do estudo, essa é uma informação importante. De alguma forma, o jovem parece ser mais desafiado em atividades práticas, em comparação com as demais atividades.
Como diz o ditado, “em casa de ferreiro, o espeto não pode ser de pau”. Pensando nisso, fomos buscar alguns dados. Segundo uma pesquisa da UNICEF sobre a educação brasileira, intitulada “Educação brasileira em 2022 – A voz dos adolescentes“, cerca de 2 milhões de meninas e meninos de 11 a 19 anos estão fora da escola.
A pesquisa entrevistou estudantes da rede pública de ensino, bem como aqueles que não completaram o ensino médio e estão fora da escola. No total, 1.100 entrevistas foram realizadas com meninas e meninos de 11 a 19 anos. 21% dos entrevistados consideraram abandonar a escola nos últimos três meses, e entre eles, 50% mencionaram a dificuldade em acompanhar as explicações ou atividades dos professores como um dos motivos.
A evasão escolar é um desafio em toda a educação, além dos desafios sociais. A combinação das informações do estudo e da pesquisa, parece indicar que a forma tradicional de aprender é uma variável importante que precisa ser repensada.
Apesar de simples, a discussão de hoje mostra como novos modelos de ensino podem e devem se apoiar em dados. A combinação entre dados, tecnologia e inteligência artificial fornecem ferramentas que podem ser extremamente úteis na educação, possibilitando entender as necessidades de cada aluno de maneira personalizada.
A era da IA está apenas começando! 🙂
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