Como parte do meu trabalho, a cada semana eu leio muito conteúdo sobre dados, tecnologia e inteligência artificial (apelidada de IA). Eu faço uma seleção e envio para você os melhores, todos os domingos.
Esta semana, vamos discutir o mercado de Software as a Service, mais conhecido pela sigla SaaS. Quais estratégias as empresas desse setor adotarão para não serem percebidas apenas como um “lake” de dados? Vamos buscar entender qual será o seu próximo passo. Vamos separar o joio do trigo?
O chique é ser simples
SaaS é um termo que, traduzido livremente, significa Software como Serviço (Software as a Service). Empresas que adotam esse modelo de negócio geralmente têm como pilares o crescimento da receita, rentabilidade e margens, além da retenção e expansão de sua base de clientes. Normalmente, essas empresas representam a camada de interface da aplicação (sistema) que entra em contato com o cliente, seja ele uma empresa ou usuário final; no nosso caso, empresas (B2B). A TOTVS e a Locaweb são exemplos de empresas brasileiras de capital aberto que possuem verticais importantes baseadas no modelo SaaS.
Ilustração gerada pela ferramenta Midjourney
Para resumir uma história longa, o percurso de muitos empreendedores que atualmente conseguem explicar seu modelo de negócios SaaS foi facilitado com o surgimento de soluções de ‘Cloud Computing’, impulsionadas especialmente pela AWS da Amazon. Outros eventos também atuaram como catalisadores, como a crise de 2008, quando as empresas buscaram reduzir o CAPEX, comum no modelo On-Premise (software local). Não é nosso objetivo enumerar todos os fatores, mas outro acelerador significativo foi a pandemia de COVID-19, com a implementação do trabalho remoto e a busca por uma digitalização rápida, economicamente viável e com poucas barreiras técnicas (a oferta do SaaS).
De acordo com um relatório da LATITUD sobre tecnologia na América Latina, publicado em novembro de 2022, o investimento total em empresas de SaaS na região ultrapassou a marca de 2 bilhões de dólares em 2021, o que é sete vezes maior em comparação com o ano anterior (2020). Embora algumas empresas que receberam grandes volumes de investimento possam distorcer esse número, muitos investimentos foram feitos em teses baseadas na verticalização e na construção de ecossistemas robustos.
Diante de uma competição cada vez mais global e intensa, a necessidade de investimentos elevados e a disputa por talentos, tudo isso com um mercado mais retraído como pano de fundo, surge uma dúvida natural: como equilibrar essa balança?
Como brincamos sempre aqui, em casa de ferreiro o espeto não pode ser de pau, como as empresas SaaS tendem a se comportar em períodos de recessão econômica? Muitas delas, dado se tratar de um setor novo, podem (e devem) estar passando a primeira vez por este tipo de cenário. Em um artigo para Forbes, Kevin Stoll VP da Capgemini, discute a trajetória das empresas SaaS durante a década de 2010, um período de prosperidade sem precedentes para o mundo das empresas SaaS. Uma análise de avaliação realizada pela Capgemini mostrou que a indústria teve uma queda de 53% do terceiro trimestre de 2021 ao primeiro trimestre de 2022. O artigo também destaca a regra dos 40, uma métrica amplamente seguida na indústria SaaS, e como o valor estava relacionado ao crescimento. Stoll conclui enfatizando a importância de as empresas SaaS se prepararem para futuras recessões e entenderem os comportamentos que levam ao verdadeiro valor para os investidores.
Em um país onde muitas PMEs possuem acesso restrito à digitalização e ferramentas básicas, é essencial pensar em novos modelos de negócios. Se um setor utiliza um software e mantém seus dados organizados, poderia obter taxas de juros mais competitivas em empréstimos? Dados estruturados diminuem riscos ao fornecer informações transacionais sobre a empresa. Afinal, considerando que o crédito é um impulsionador deste país, tais alavancas não incentivariam a adoção da solução em questão? Qual o próximo passo depois da organização das informações?
A organização dos dados é uma etapa estruturante e fundamental para os passos subsequentes. Existem diversos caminhos, além daqueles mencionados no parágrafo anterior. Um deles, e talvez o mais evidente, é a percepção do dado como um ativo da companhia, com métricas que permitam mensurar seu impacto em outros segmentos de mercado. Citamos como exemplo o setor de crédito, podemos citar também o de cobrança entre outros. Se o valor desse dado for tangível, não seria adequado que ele figurasse como um ativo no balanço da empresa, contribuindo inclusive para uma linha de receita?
Por exemplo, os dados verdadeiramente relevantes para uma decisão estão sendo capturados? Se sim, estão na frequência e no formato adequados? Se não, esse processo precisa ser reavaliado. Caso contrário, a empresa de SaaS será percebida como uma que possui um “lake” de dados, em vez de uma que fornece decisões valiosas a seus clientes. Diversas soluções baseadas em IA generativa podem auxiliar nesse caminho. Sua habilidade em processar elementos de linguagem natural, em um contexto bem definido, poderia torná-los copilotos valiosos nesse processo?
As empresas de SaaS talvez nunca mais vivenciem um período tão próspero quanto os anos de 2010. O desafio atual é como manter ou até alcançar os múltiplos de valorização de três dígitos tão cobiçados por empreendedores e investidores. O grande dilema é como transpor o Santo Graal, proveniente de uma das lendas mais famosas da Idade Média, para a realidade contemporânea.
A era da IA está apenas começando! 🙂
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