Como parte do meu trabalho, a cada semana eu leio muito conteúdo sobre dados, tecnologia e inteligência artificial (apelidada de IA). Eu faço uma seleção e envio para você os melhores, todos os domingos.
Olá amigos 👋 ,
Esta semana, abordaremos o tema do planejamento de cenários e incerteza. Nossos convidados recentemente publicaram um artigo no qual afirmam que o ChatGPT e o GPT-4 foram treinados utilizando textos de livros protegidos por direitos autorais. Os gêneros que encabeçam a lista são ficção científica e fantasia. Vamos lá!
O chique é ser simples
A humanidade sempre teve o desejo de prever o futuro. Exemplos variam desde práticas e tradições antigas, como a interpretação de sonhos, até abordagens mais modernas, como a previsão de tendências de mercado. No mundo dos negócios, isso não é diferente. A capacidade de elaborar cenários futuros plausíveis representa uma vantagem competitiva significativa.
Esta introdução destaca a importância de avaliar cenários futuros em qualquer aspecto de nossas vidas. Frequentemente, presumimos que o futuro será nosso presente acrescido de poucas (ou nenhuma) mudanças. Dois exemplos clássicos são nossos planejamentos estratégicos e planos de final de ano, que geralmente focam no ano seguinte. Essa mentalidade pressupõe que sempre haverá tempo ou possibilidade para agir.
O curto prazo frequentemente ofusca nossa visão. A incerteza é uma característica estrutural da maioria dos ecossistemas em que estamos inseridos, incluindo o de negócios. Aceitar a existência de descontinuidades e incorporar a incerteza como parte de nosso modelo mental pode auxiliar na forma como pensamos e planejamos o futuro. Quanto à maneira de fazer isso, mencionamos no início do texto que prever o futuro é um desejo antigo e, como seria de esperar, muitas pessoas se dedicaram a estudar este tema e desenvolveram métodos interessantes.
Uma dessas pessoas é Pierre Wack, que liderou a unidade de planejamento de cenários da Shell. Segundo o próprio Wack, isso permitiu que a empresa se antecipasse e se posicionasse diante da crise do petróleo em 1973. Em seu artigo de 1985 (a data está correta), intitulado "Scenarios: Uncharted Waters Ahead" (Cenários: Águas Inexploradas à Frente), Wack argumenta que muitas análises do futuro se baseiam na ideia de que o amanhã será como hoje. O artigo apresenta uma construção lógica fundamentada em casos reais, leitura recomendada. O texto traz uma observação ainda relevante nos dias de hoje: "Na próxima edição, discutirei como adaptamos a técnica para desenvolver cenários de curto prazo. À medida que o intervalo de tempo entre as decisões se tornava cada vez mais curto, esse refinamento se mostrou necessário".
Peter Schwartz, que trabalhou na Shell sob a orientação de Pierre Wack, escreveu o livro "A Arte da Visão de Longo Prazo". Schwartz enfatiza que os cenários não devem ser utilizados para selecionar um futuro preferido e, muito menos, para trabalhar na criação desse futuro. Em vez disso, eles servem para auxiliar na tomada de decisões estratégicas plausíveis considerando diversos futuros possíveis.
Para imaginar todos esses futuros, Brian David Johnson criou a técnica de "prototipagem de ficção científica" enquanto trabalhava na Intel. Essa técnica de previsão utiliza elementos de ficção científica na construção de narrativas em uma janela de 10 anos, permitindo a exploração de possibilidades que ainda não existem e ajudando a visualizar futuros diferentes do presente. A técnica é estruturada em cinco etapas:
Construa um mundo, criando ambientes detalhados e personagens humanos com base em sua pesquisa;
Em seguida, introduza um ponto de inflexão, que pode ser uma ameaça ou uma nova tecnologia;
Isso leva a descobrir como o ponto de inflexão afeta o seu mundo, criando vários resultados diferentes;
Depois disso, é preciso haver outro ponto de inflexão: a solução (ou a impossibilidade de solucionar o problema);
Por fim, é importante extrair lições do processo de prototipagem, incluindo conversas sobre a história e seus resultados.
Na construção deste mundo fictício faça uso de fatos científicos e dados de forma a criar um senso de realismo e plausibilidade na história, dando a sensação de que a história poderia realmente acontecer em algum ponto futuro.
Você pode estar se questionando se está na newsletter certa, não é mesmo? Afinal, o conteúdo de hoje parece mais relacionado à futurologia do que a inteligência artificial. Entretanto, se na próxima vez em que for analisar cenários você levar em conta o estágio atual da IA como um ponto de inflexão, terei alcançado meu objetivo. A era da IA está apenas começando!
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Convidado da semana: Chang, Cramer, Soni e Bamman
Os convidados desta semana são quatro pesquisadores da Universidade da Califórnia, Berkeley. Recentemente, eles publicaram um artigo no qual afirmam (tradução livre):
"Descobrimos que os modelos da OpenAI memorizaram uma vasta gama de materiais protegidos por direitos autorais e que o grau de memorização está associado à frequência com que trechos desses livros aparecem na web."
Os autores salientam no artigo que existem profundas preocupações éticas e de reprodutibilidade. De acordo com o jornal Financial Times, a União Europeia está elaborando novos regulamentos relacionados à IA. Segundo fontes próximas, a futura regulamentação pode exigir que empresas como a OpenAI (desenvolvedora do ChatGPT) revelem o uso de material protegido por direitos autorais utilizado no treinamento de suas tecnologias de inteligência artificial.
No mês passado, Elon Musk ameaçou processar a Microsoft, acusando a gigante do software de utilizar ilegalmente dados do Twitter para treinar seu modelo de inteligência artificial.
"Eles treinaram ilegalmente usando dados do Twitter", tuitou Musk. "Hora do processo."
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até Domingo…
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