O Jesus hippie de Superstar é bela evocação da década de 1970


				
					O Jesus hippie de Superstar é bela evocação da década de 1970
Foto/Reprodução.

A Semana Santa me traz a lembrança da Paixão de Cristo. Nos bairros, era exibido um filme dos primórdios do cinema mudo. As cópias foram sonorizadas com música clássica, mas os personagens não falavam. Vi no Cine Metrópole, na Torre.

Havia duas grandes produções de Hollywood. Nicholas Ray assinava a direção de O Rei dos Reis. George Stevens, a de A Maior História de Todos os Tempos. Ray dirigira James Dean em Juventude Transviada. Stevens, em Assim Caminha a Humanidade.

Jeffrey Hunter era o Jesus de Ray. O mesmo Hunter de Rastros de Ódio. Max Von Sydow era o Jesus de Stevens. Sydow, um dos atores prediletos de Ingmar Bergman.

O Rei dos Reis era grandioso. A Maior História de Todos os Tempos era mais modesto, mais intimista. O Sermão da Montanha do primeiro era lindamente filmado. A ressurreição de Lázaro do segundo tinha o impacto da Hallelujah, de Händel.

O Evangelho Segundo São Mateus, de Pier Paolo Pasolini, é uma Paixão de Cristo com cara de filme neorrealista. Guarda grande fidelidade ao texto evangélico e, com seu elenco de amadores, é de uma beleza arrebatadora.

O Evangelho Segundo São Mateus foi dedicado à doce memória do papa João XXIII, que morrera pouco antes da realização do filme. O Vaticano aprovou e até premiou a produção, mesmo que Pier Paolo Pasolini fosse gay, marxista e ateu.

A Última Tentação de Cristo, de Martin Scorsese, não é filme de Semana Santa. Mas fala, como poucos, dos dilemas da fé. Está mais para O Evangelho Segundo São Mateus do que para O Rei dos Reis. Scorsese é um ítalo-americano de família católica.

Jesus Cristo Superstar marcou minha adolescência. Primeiro, o disco duplo com a gravação original do elenco britânico. Depois, o filme de Norman Jewison.

Andrew Lloyd Webber tinha soment 22 anos, em 1970, quando compôs a música de Jesus Cristo Superstar. Tim Rice, autor do libreto, tinha 26. Os dois, ingleses.

Tommy, da banda britânica The Who, inaugurou o formato de ópera-rock em 1969. Jesus Cristo Superstar veio no ano seguinte. Seguem o formato das óperas clássicas.

Jesus Cristo Superstar – como Tommy – tem uma overture instrumental, e as canções, com os diálogos dos personagens, funcionam como as áreas de uma ópera.

Andrew Lloyd Weber e Tim Rice formaram uma dupla de sucesso em escala planetária. Em 1976, fizeram Evita. Depois tem Cats, que é de Weber sem Rice.

É indiscutível que I Don’t Know How To Love Him (de Jesus Cristo Superstar), Don’t Cry For Me, Argentina (de Evita) e Memory (de Cats) figuram entre os grandes standards da música popular que o mundo produziu nos últimos 50 anos.

Jesus Christ Superstar – assim, no original – é de 1970. O filme, que o público brasileiro viu em 1974, foi filmado por Norman Jewison em Israel e lançado em 1973.

Grande cantor, Ted Neeley, o Jesus de Superstar, há dois anos percorre pequenos teatros e salas de cinema dos Estados Unidos comemorando o cinquentenário do filme. Está com 81 anos e nunca conseguiu livrar-se do personagem.

Jesus Cristo Superstar é uma versão hippie da última semana de Jesus. No cinema, diferente do original, Judas é negro. Quem faz o personagem é Carl Anderson, outro grande cantor de pegada soul. Yvonne Elliman é Maria Madalena.

Muita gente não gosta. Sempre gostei e considero Jesus Cristo Superstar um exuberante e também polêmico musical com a cara dos filmes dos anos 1970.

Começa – como na foto que ilustra o post – com uma trupe de atores, atrizes, bailarinos e bailarinas chegando de ônibus ao deserto de Israel, onde encenam a ópera-rock. No final, depois que o Cristo morre na cruz, o elenco toma o ônibus e volta para casa.

O maior momento de Jesus Cristo Superstar é quando Jesus, no Horto das Oliveiras, canta Gethsemane. “Sangre-me, bata-me, mate-me, leve-me agora/Antes que eu mude de ideia” – é o que o Filho diz ao Pai em seu desespero terreno.

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Fonte: Jornal da Paraíba

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