Mostra Afroentes ressalta, no Rio, linguagem de afeto e ancestralidade

A promoção tem uma linguagem que respeita uma narrativa sobre afeto e ancestralidade. O artista disse à Agência Brasil que a exposição “procura apresentar uma representação afirmativa das pessoas negras, através da fotografia.

O nome Afroentes vem do afeto e pensando nos ancestrais que criaram caminhos que a gente acaba percorrendo”, disse ele. A montagem foi feita por Everson Roque.

Referência

A referência de Giuliano na fotografia foi Januário Garcia Filho, morto em 2021 em decorrência da covid-19. Com longo trabalho nas áreas de publicidade, música e documentação de afrodescendentes nos âmbitos social, político, cultural e econômico, Januário participava de importantes espaços de memória, arte e cultura do povo negro, além do âmbito profissional.

“A partir do trabalho do Januário, eu comecei a sonhar em me formar fotógrafo. Até então, não conhecia outro fotógrafo negro”, relatou o artista.

Foi então que ele começou a entender a representação de pessoas negras na fotografia e viu que era possível fazer uma foto diferente daquela que atrela pessoas negras à miséria, pobreza e violência.

“A fotografia do Januário tem uma potência muito grande de pensar nessa representação de forma afirmativa”, opinou. Várias frases de Januário Garcia Filho são célebres e geram impacto. Por exemplo: “Existe uma história de negro sem o Brasil; mas não existe uma história do Brasil sem negro”.

Diversidade

A iniciativa é bem diversa e exalta a representatividade negra e periférica. Com curadoria de Ingrid Noal e Estevão de Fontoura, a mostra conta com fotografias, instalações, lambe-lambe em grandes formatos, vídeos e filmes produzidos pelo artista.

Serão realizados debates, oficinas e palestras sobre produção artística, mercado e oportunidades de trabalho no setor cultural, além de compartilhar saberes, estratégias e experiências para a sustentabilidade da produção artística. Segundo Giuliano, a intenção é aproximar o público jovem para que ele possa entender que, através da arte, é possível exercer uma profissão remunerada.

“A nossa maior preocupação é apresentar para a galera que existe uma possibilidade, ainda que remota, porque a gente sabe que, no Brasil, as questões são muito balizadas por raça e por classe. Mas ainda assim, existe uma possibilidade. Eu quero mostrar para a galera mais jovem que nas artes, no cinema e no audiovisual, existe uma possibilidade de trabalho”, detalhou.

O artista é oriundo de Porto Alegre, onde as ruas acabaram sendo o grande lance para ele, que não encontrou espaço em museus e galerias. Daí a apresentação de técnicas de lambe-lambe, usadas em ações promocionais.

“Eu trabalho com essa técnica na rua há muitos anos, em grandes formatos”, recordou. O multiartista traz para a exposição o conceito de máscaras africanas que interessam mais do que o conceito de beleza, “porque [elas] dizem mais com a minha história”, destacou.

Pandemia

Durante a pandemia do novo coronavírus, Giuliano promoveu o #FRENTE – Festival Carioca de Fotografia Popular Emergente, selecionando 40 fotógrafos da periferia para expor em uma galeria virtual, visando incentivar as múltiplas produções de artistas e olhares que emergem do silenciamento social, econômico e cultural.

O festival teve, ainda, capacitações com ações pedagógicas e estratégias sobre como manter e gerenciar carreiras.

Os fotógrafos receberam noção de como gerenciar o trabalho, precificar, estabelecer vendas, redes sociais e marketing, além de desenhar um plano de carreira.

Agência Brasil


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Fonte: WSCOM

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