O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, descartou na manhã desta segunda-feira (6) qualquer possibilidade de aeronaves públicas ajudarem a retirar pessoas que estão dentro dos garimpos em terras ianomâmi. Segundo consta, há mulheres que trabalhavam na cozinha, ou até que se prostituíam, que estariam pedindo socorro para sair de lá.
O ministro entende que não é proporcional que aeronaves do governo auxiliem pessoas que estavam cometendo um crime. “Não daremos nenhum tipo de apoio para isso. Não temos como dar apoio de aeronaves públicas para retirar pessoas que cometiam crimes. Não haverá apoio federal para essas pessoas”, declarou Dino em entrevista coletiva no Ministério da Justiça. Ele alegou que esta é uma posição do momento, que poderá até ser reavaliada.
Dino também confirmou que as questões sociais preocupam o governo federal, mas disse que este é um assunto que está sendo tratado por outras áreas.
Ao contrário do que informaram indígenas, o ministro calculou em 15 mil, ou seja, cinco mil a menos do que vinha sendo falado por organizações indígenas, o número de pessoas dentro dos garimpos em terras ianomâmi. Ele aposta que este número será bastante reduzido, pois a movimentação dessas pessoas já teve início desde a semana passada e deverá prosseguir, fazendo-o acreditar que quando começar a segunda fase da operação policial no território ianomâmi para a retirada de quem permanecer por lá, o ministro acredita que menos de 20% de pessoas serão encontradas. Pelos seus cálculos, portanto, 80% dos que hoje estariam em terras ianomâmi deverão se retirar por conta própria, sem a ajuda governamental.
Flávio Dino disse que o governador de Roraima, Antônio Denarium, encontra-se em Brasília e deverá se reunir nesta segunda com o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, que irá fazer um trabalho transversal com outros ministérios, inclusive o ministério de Desenvolvimento Social, comandado por Wellington Dias, para tentar resolver a questão social dessas 15 mil pessoas que tenderão a ficar no estado, desempregadas e sem fonte de renda.
Algo que não foi comentado na entrevista, – e é óbvio que pode acontecer- é o aumento da violência urbana, uma vez que muitos desses homens, embora nem todos, devem possuir armas e fazer parte de milícias.
O ministro anunciou que nos próximos dias dará início à segunda fase da operação policial quando, com a ajuda das Forças Armadas e da Força Nacional, a Polícia Federal irá aos garimpos apreender e destruir equipamentos que forem encontrados, destruir pistas de pouso clandestinas que forem localizadas e prender quem resistir dentro dos garimpos. Ele deixou claro que não há uma preocupação de sair prendendo todos para, até, evitar maiores conflitos. “ Teremos responsabilidade e prudência em fazer a desintrusão dessas pessoas da área de garimpo sem gerarmos maiores conflitos”.
Também está sendo reforçado na região o policiamento nos postos da Funai e nos locais onde o ministério da Saúde e seus voluntários estão atendendo os indígenas. Este, inclusive, foi um pedido da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara.
Dino disse que não se trata de deixar impune quem está fugindo, mas se trata, também, de uma questão social, pois, no todo, há uma grande complexidade com esta situação, justificando, mais uma vez, de não se sair prendendo todo mundo que for encontrado lá.
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Fonte: WSCOM