'Incêndio' na base de João Azevêdo mostra que, na política, o óbvio nem sempre deve ser dito


				
					'Incêndio' na base de João Azevêdo mostra que, na política, o óbvio nem sempre deve ser dito
Foto: Angélica Nunes

A política não é uma ciência matemática. É uma ‘arte’ em que nem sempre o que é óbvio, aquilo que é previsível, acontece. Não à toa muitos estudiosos dessa ciência costumam destacar o seu dinamismo.

E mais que isso. Na política, o óbvio às vezes pode e deve ser dito. Mas em outras situações ele sequer deve ser lembrado.

As considerações iniciais são para ilustrar o caso específico do ‘incêndio’ na base do governador João Azevêdo (PSB), a partir de uma declaração dada por ele na última segunda-feira à noite – ao jornalista Luís Torres.

João disse que, caso deixe o Governo em 2026, o vice-governador Lucas Ribeiro (PP) assumirá o comando e “provavelmente” será candidato à reeleição.

O governador disse o óbvio, até mesmo do ponto de vista da linha sucessória prevista na legislação. Só que, ao dizer, ele criou um problema. Aliás, mais de um.

A frase se encaixa bem na máxima que iniciei mencionando no início do texto: o óbvio, na política, às vezes precisa ser evitado.

O primeiro desdobramento foi a reação do presidente da Assembleia, Adriano Galdino (Republicanos). Ontem, também em entrevista ao Sistema Arapuan, Galdino classificou a declaração de João como “desastrosa”. E afirmou, resumidamente, que não aceitará ser esquecido no processo sucessório de 2026. Ele tem se colocado também como pré-candidato ao Governo.

A declaração do governador foi precipitada. É que o processo eleitoral de 2026 ainda está distante e há outros atores envolvidos nessa construção. Adriano Galdino é um deles. O deputado Hugo Motta (Republicanos) e o prefeito Cícero Lucena (PP) também.

Ao dizer que Lucas será, “provavelmente”, o candidato, João acaba desconsiderando a formação de uma chapa que será composta por outros aliados.

O peso de suas palavras, por ser o governador e em tese o condutor dessas articulações, é muito mais significativo.

Com o afago ao vice, o governador acaba ampliando a expectativa de poder em torno de Lucas. Um movimento que, a médio prazo, não é bom para o próprio João Azevêdo.

Adriano, claro, também quis marcar terreno. A oposição, por outro lado, comemorou. O que é natural…

O fato é que a confusão, provocada por uma obviedade dita, merece servir de lição para um grupo que tentará seguir unido no próximo pleito.

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Fonte: Jornal da Paraíba

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