Cade libera negócio entre Nestlé e Garoto, inflação de maio reduz projeções e o que importa no mercado.
**CADE ENFIM APROVA NESTLÉ-GAROTO**
21 anos e quatro meses após ter sido anunciada, a aquisição da marca de chocolates Garoto pela Nestlé por R$ 1 bilhão foi finalmente aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), nesta quarta.
Por que demorou tanto? Na época, com uma legislação diferente, as empresas poderiam unir as operações antes da aprovação do órgão antitruste, que tinha até dois anos para julgar o negócio.
A autarquia reprovou a compra em 2004, com a justificativa de que as duas fabricantes teriam juntas quase 60% do mercado de chocolates no país.
A Nestlé já tinha feito investimentos na Garoto, e acabou judicializando a decisão. Em 2005, conseguiu manter a operação, decisão que acabou anulada quatro anos depois.
A briga nos tribunais continuou até 2018, quando o TRF (Tribunal Regional Federal) afirmou que o Cade deveria reabrir o caso, o que só foi feito em 2021.
O que mudou? O Cade considerou que as duas gigantes não dominam mais o setor, que tem visto a ascensão de marcas regionais ou mais baratas.
Remédios: o órgão antitruste condicionou a aprovação do negócio a contrapartidas. Algumas delas são:
A Nestlé não pode, por cinco anos, comprar concorrentes que representem 5% ou mais do mercado relevante de chocolates.
A multinacional terá de manter investimentos na fábrica da Garoto em Vila Velha por sete anos –ela é uma das cinco maiores da Nestlé no mundo.
A Nestlé se compromete a não erguer barreiras à importação de chocolate.
**BANCOS MUDAM FATURA DO CARTÃO**
Sem muito alarde, alguns dos maiores bancos do país estão mudando a data de fechamento da fatura do cartão de crédito.
Entenda: a alteração diminui o número de dias entre o fechamento e o pagamento da fatura.
Muda também o chamado “melhor dia de compra”, data em que o consumidor faz uma aquisição logo após o fechamento da fatura e acaba pagando ela só na cobrança do mês seguinte.
Não é ilegal: a prática de reduzir o prazo para o pagamento da fatura faz parte do jogo, mas o banco deve informar com antecedência a alteração ao consumidor.
O que explica a mudança: com menor prazo para o pagamento da fatura, os bancos diminuem o período de “financiamento” dos clientes, ou seja, a diferença entre ele receber a quitação da fatura e repassar o dinheiro ao estabelecimento onde foi feita a compra.
As instituições costumam transferir o valor da compra à loja cerca de 30 dias após ela ter sido feita no cartão de crédito.
Do pagamento da fatura até o repasse ao estabelecimento, o valor fica rendendo ao banco –o que gera ainda mais retorno quando os juros estão nos patamares atuais.
**NUBANK SE JUNTA À ONDA DE DEMISSÕES**
O Nubank disse nesta quarta que demitiu 296 funcionários como parte de uma integração de sua área de operações.
Segundo o banco digital, o setor era dividido em unidades focadas em cada produto, e a nova plataforma multi-produtos gerou posições que se tornaram redundantes.
O Nubank diz ter oferecido aos funcionários desligados um pacote de benefícios, que inclui salários adicionais, extensão temporária do plano de saúde e uma verba de apoio para recolocação no mercado.
No fim de 2022, o roxinho tinha 8.049 funcionários nas suas operações em seis países.
Fora da onda: até agora, segundo relatos de funcionários, a maior fintech do país vinha fazendo demissões aos poucos, o que não a colocava entre as empresas de tecnologia do país que promoveram cortes em massa.
O movimento no setor ficou concentrado no segundo semestre do ano passado, após a maré para investimentos nas empresas ter virado diante da alta dos juros nos EUA.
**INFLAÇÃO SURPREENDE DE NOVO**
A inflação no Brasil novamente surpreendeu os economistas em maio, quando desacelerou para 0,23%.
A mediana do mercado previa que o índice de preços fecharia o mês em alta maior, de 0,33%.
Em números: o resultado de maio foi o menor para o mês desde 2020, quando a pandemia paralisava a economia. O acumulado 12 meses chegou a 3,94%, no patamar mais baixo desde outubro de 2020.
Recálculo de rota: a surpresa fez parte do mercado revisar suas projeções para a inflação ao fim deste ano e para o início do ciclo de baixa de juros no país.
Os números de algumas casas agora preveem que o IPCA fechará o ano um pouco acima de 5% –as previsões anteriores falavam em algo próximo dos 6%.
Para a Selic, há praticamente um consenso de que o Banco Central não deve baixar os juros na reunião deste mês, mas sim comunicar que os cortes estão chegando.
Dos 13 bancos de investimento e casas de análise consultados pela Folha, oito veem chance de começo do alívio monetário no país em agosto.
Por que a inflação desacelerou em maio:
1 – Queda das passagens aéreas e da gasolina
As passagens recuaram 17,73% após terem disparado quase 12% em abril. A gasolina caiu 1,93% com o corte promovido pela Petrobras.
Somados, os dois reduziram o índice em 0,21 ponto percentual.
2 – alta menor dos alimentos
Com o clima ajudando as safras, o grupo alimentação e bebidas saiu de um avanço de 0,71% em abril para 0,16% no mês passado.
(ARTUR BÚRIGO – Folhapress)
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Fonte: Paraíba Online