No centro do debate tecnológico desde o lançamento do ChatGPT, a inteligência artificial também virou ponto focal para as fabricantes de celulares. Apple, Samsung, Google, Xiaomi e até a fabricante de chips Qualcomm anunciaram novidades com IA para smartphones.
Os smartphones não passam por nenhuma mudança fundamental desde o lançamento do primeiro iPhone em 2007. O dispositivo aliava tela inteligente, acesso à internet e acesso a aplicativos diversos.
Pela capacidade de ouvir, ver e gerar textos, áudios e imagens a partir de comandos em linguagem natural, a tecnologia tem o potencial de mudar a forma de interação entre pessoas e máquinas, o que inclui os celulares.
Nos smartphones mais recentes, tecnologia já virou parte de assistentes virtuais, câmeras fotográficas, ligações telefônicas e há potencial para mais.
A fabricante sul-coreana Samsung, por exemplo, lançará em 2024 um serviço de tradução em tempo real durante ligações, baseado em tecnologia de inteligência artificial (IA), segundo comunicado de quinta (9).
A companhia não informou se o português estará entre os idiomas contemplados. A empresa, que proibiu seus funcionários de usar o ChatGPT para evitar vazamentos de dados, também não respondeu à Folha de S.Paulo se usará um modelo de IA próprio, após ser contatada por email e telefone.
A empresa é a maior fabricante mundial de smartphones, com quase 20% das vendas globais entre julho e setembro, à frente da Apple, segundo a organização de monitoramento de mercado Counterpoint.
A Apple, em seu tradicional evento de outono quando lançou o iPhone 15, também destacou inovações com inteligência artificial que pretende trazer ao público.
As novidades aparecem não só em um aperfeiçoamento da assistente virtual Siri, mas também no processamento de fotos e nas chamadas, com isolamento de ruídos.
Uma Siri mais inteligente pode diminuir a necessidade de recorrer à tela do celular, ao receber comandos de voz. Por outro lado, o celular transcreve áudios de forma automática e leva as mensagens à tela, para ocasiões em que a pessoa não possa ouvir o interlocutor.
A tecnologia também melhora recursos já estabelecidos. A câmera do novo iPhone, por exemplo, detecta se uma fotografia retratará alguém e ativa de forma automática o modo retrato. A inteligência artificial ainda intervém em balanço de luz e foco.
Os recursos de IA também tornam mais precisas as recomendações de palavras do teclado.
Nas especificações técnicas, a grande novidade do iPhone 15 foi o chip A17, construído com precisão exclusiva no mercado de 3 nanômetros em busca de desempenho e também economia de bateria.
Um dos diferenciais na arquitetura desse processador é uma área dedicada à inteligência artificial. Isso pode melhorar o desempenho do iPhone com programas que utilizem a tecnologia.
A fabricante de chips Qualcomm não quer ficar para trás e no lançamento de seu novo processador para smartphone Snapdragon 8 Gen 3 também trouxe a inteligência artificial para o discurso.
Segundo a empresa, ter um chip especializado em IA melhora desempenho e eficiência energética.
A Samsung vai equipar o futuro Galaxy S24 com um Snapdragon 8 Gen 3 equipado com uma unidade de processamento gráfico adicional da Nvidia, muito usada no desenvolvimento de inteligência artificial. Em outro sinal do interesse das fabricantes na tecnologia.
A Qualcomm, em seu evento anual realizado em outubro, empresa trouxe como exemplo o gerador de imagens stable diffusion, que entregou resultados um segundo após o comando em texto, em celular equipado com chip da empresa. Antes da atualização, essa tarefa levava de 13 a 14 segundos para ser executada, de acordo com o diretor de produtos para América Latina da Qualcomm, Silmar Palmeira.
Essa melhoria também pode fazer diferença em jogos, uma vez que as empresas do setor discutem implementar a tecnologia para gerar personagens e gráficos interativos.
No material de divulgação, a Qualcomm também diz que, com seu chip, celulares terão melhores resultados em câmera e áudio. Uma das opções será gravar vídeos, à noite, com baixa luminosidade. Outra, aumentar a distância de zoom digital, uma vez que a inteligência artificial pode gerar novos pixels com base na informação disponível na fotografia.
As fotos, aliás, poderão ter mais resolução e variedade de cores.
A tecnologia também permite editar vídeos e fotos com comandos de voz. Uma funcionalidade vai ser a de remover objetos indesejados da imagem. Mais, será possível expandir fotos para além do quadro, com a ajuda de geração de imagens por IA.
A inteligência artificial também aparece na criptografia 2CPA disponível no novo chip da Qualcomm, que permite enviar imagens e mensagens com menor chance de vazamento.
O Snapdragon 8 gen 3 já equipa celulares de Xiaomi, Realme e OnePlus. Deve também estar nos próximos celulares de topo de linha de Samsung e Asus.
O Google, quando lançou a sua plataforma de IA generativa, Bard, também anunciou uma série de recursos de IA semelhantes aos da Qualcomm, que poderiam chegar aos celulares.
As fabricantes de smartphones investem em placas projetadas para inteligência artificial, uma vez que cada vez mais aplicativos vão usar o recurso. Uma infraestrutura adequada melhora o desempenho e garante eficiência energética. “O novo chip garante até uma hora a mais de bateria para o usuário”, diz Palmeira, o diretor da Qualcomm.
A XiaoMi foi procurada pela Folha de S.Paulo, via WhatsApp, mas não respondeu aos pedidos de informação da reportagem.
PARA ALÉM DO CELULAR
A startup Humane anunciou, nesta sexta-feira (10), um dispositivo inédito. Chamado de AI Pin, algo como grampo de inteligência artificial, o aparelho funciona via comando de voz ou a partir de um touchpad. Ainde pode projetar imagens na palma da mão do usuário com um visor a laser.
A promessa da Humane é usar mais tecnologia para livrar as pessoas contemporâneas do vício em telas.
O assistente de inteligência artificial do AI Pin pode responder a perguntas e executar buscas a pedido do dono,
O aparelho chamou atenção na Semana de Moda de Paris, o que mostra o potencial do AI Pin furar a bolha dos programadores do Vale do Silício.
A dona do Facebook, Meta, também anunciou novos óculos inteligentes em parceria com a Rayban, mais parecidos com as lentes usadas no dia a dia. O equipamento tira fotos, grava áudios, projeta hologramas e tem acesso a aplicativo da Meta, o que incluirá o assistente Meta AI.
“Essa será a forma de deixar uma inteligência artificial ver o que você enxerga e escutar o que você ouve”, afirma Zuckerberg.
O chefe-executivo por trás do ChatGPT, Sam Altman, também tem planos para desenvolver um aparelho novo com base em inteligência artificial. Para isso, ele procurou o chefe de design responsável pelo desenho do primeiro smartphone da Apple e várias de suas gerações seguintes, Jony Ive.
O financiamento desse projeto ficaria sob responsabilidade de Masayoshi Son, presidente-executivo do fundo de investimento em tecnologia Soft Bank. Caberia a Son levantar US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5 bilhões) para tirar a ideia do papel.
*Pedro S. Teixeira/Folhapress
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Fonte: Paraiba Online