No primeiro semestre de 2023, o faturamento registrado no e-commerce brasileiro atingiu a marca de R$ 40 bilhões, com queda de 4,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com dados da ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico).
Mas a pausa no crescimento é normal, segundo especialistas da área. Depois da expansão do setor durante a pandemia, com o fechamento das lojas físicas, o mercado agora estabilizou, afirma Marcos Luppe, coordenador do MBA de varejo físico e online da USP.
Em 2022, por exemplo, houve um aumento de 24% no número de brasileiros que compram pela internet em relação ao ano anterior, chegando a 108,9 milhões de pessoas, segundo relatório Webshoppers da NielsenIQ Ebit, divulgado em março.
Luppe aponta que o consumo de brasileiros em sites internacionais, como Shopee e Shein, e o crescimento acelerado de marketplaces, como Mercado Livre e Amazon, são tendências na consolidação do comércio eletrônico no país.
Entre 2 e 9 de maio o Datafolha fez 1.558 entrevistas online com brasileiros, que apontaram suas preferências no comércio eletrônico. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
LOJA NA INTERNET – AMAZON, MERCADO LIVRE E SHOPEE
Queda da Americanas abre espaço para outros marketplaces
Amazon, Mercado Livre e Shopee são as plataformas mais lembradas pelos brasileiros na pesquisa Datafolha quando o assunto são as compras online.
Na categoria Loja na Internet, houve um empate entre as três empresas. Mas, quando os entrevistados foram perguntados sobre o melhor site de compras da internet, o Mercado Livre ficou na liderança, com a Shopee em segundo lugar e a Amazon em terceiro.
Segundo Julia Rueff, vice-presidente de marketplace do Mercado Livre, o diferencial da empresa é que o cliente encontra no site “absolutamente tudo o que ele quiser, com bons preços e promoções, diversos meios de pagamento, entregas rápidas e pós-venda facilitada”.
O Mercado Livre tem investido em categorias como moda, beleza e supermercado, mais procuradas pelos brasileiros.
O grupo aproveitou a participação de mercado perdida pela Americanas, após o colapso da empresa em janeiro deste ano. No primeiro trimestre de 2023, no negócio de comércio eletrônico, o GMV (Volume Bruto de Mercadoria) da empresa teve aumento de 23,1%.
Neste ano, o investimento na operação no Brasil foi de R$ 19 bilhões. A Amazon aumenta sucessivamente o investimento no país há mais de três anos, segundo o gerente nacional Daniel Mazini. “Em média, nosso varejo e nosso marketplace estão quase equivalentes.”
De acordo com o executivo, o ecommerce no Brasil está em franco crescimento.
A maior aposta da plataforma é a fidelização do cliente por meio dos benefícios do Amazon Prime, assinatura que inclui frete grátis, streaming, ofertas de compras exclusivas, jogos e livros.
Já o marketplace Shopee, de Singapura, investe no preço acessível e na criação de uma comunidade no país. Um levantamento da companhia mostra que 1 em cada 5 brasileiros acessa o aplicativo da loja e que são comercializados mais de 20 produtos de vendedores locais por segundo.
Campanhas de promoção, vouchers de descontos, cupons de frete grátis e moedas virtuais do site são formas de manter as compras mais acessíveis, de acordo com a plataforma.
Além disso, a empresa estrangeira afirma estar atenta aos hábitos culturais dos brasileiros para mostrar que a compra no ambiente digital pode ser fácil e segura. “Há identificação dos consumidores com a marca e com a experiência que ela proporciona”, diz Felipe Piringer, responsável pelo marketing.
Shopee
14% das menções
Fundação
Chegou ao Brasil em 2019
Sede
São Paulo
Usuários
Não divulga
Canais digitais
Site, app e redes sociais
Amazon
15% das menções
Fundação
1995, no Brasil desde 2012
Sedes
Seattle (EUA); no Brasil, São Paulo
Usuários
Não divulga
Canais digitais
Site, app e redes sociais
Mercado Livre
14% das menções
Fundação
1999
Sede
Montevidéu (Uruguai); no Brasil, Osasco (SP)
Usuários
Mais de 100 milhões de usuários únicos ativos na América Latina
Canais digitais
Site, app e redes sociais
LOJA DE ARTIGOS ESPORTIVOS – CENTAURO E NETSHOES
Varejista forte no físico e loja pioneira no digital empatam
A Centauro empatou, dentro da margem de erro, com a Netshoes, uma das pioneiras na venda online de artigos esportivos, na pesquisa Datafolha, com 20% e 21% das menções, respectivamente. Na edição de O Melhor da Internet do ano passado, a Netshoes liderou sozinha, com 13%.
A Centauro, dona de 150 lojas físicas no Brasil, procura expandir seu ecommerce, que representa cerca de 20% do faturamento da empresa.
No primeiro trimestre de 2023, a receita do canal digital foi de R$177,9 milhões —das lojas físicas, R$ 701,7 milhões.
O diretor-geral do grupo, Gustavo Furtado, diz que o comércio online da varejista tenta agradar uma nova geração, que busca conveniência. Para isso, a empresa oferece frete expresso, entregas rápidas e suporte por meio das tabelas de medidas. O executivo ressalta que a Centauro é pioneira em multicanalidade, que é a integração entre pontos físicos e online.
“Em 2017, inauguramos nossa primeira loja 100% omnichannel, permitindo que os clientes comprassem no site e retirassem na loja ou, de dentro mesmo da unidade, pudessem encomendar um produto na plataforma.”
Neste ano, o grupo investe principalmente em avanços tecnológicos, maior segurança nas compras e diversificação das formas de pagamento.
A Netshoes, incorporada pelo Magazine Luiza em 2021, teve crescimento de 23% em vendas no mercado online no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado.
Graciela Kumruian, CEO da Netshoes, diz que a estratégia da marca tem como foco agradar o consumidor com diferentes categorias e produtos, além de uma boa prestação de serviço.
Como a companhia não tem lojas físicas, investe principalmente em tecnologia, como inteligência artificial, automação, marketplace e melhora dos aplicativos para a experiência do cliente.
No comércio online, a categoria de esportes e lazer teve queda de 14% na arrecadação em 2022, em relação ao ano anterior, segundo pesquisa da NielsenIQ Ebit.
Netshoes
21% das menções
Fundação
2000
Sede
São Paulo
Usuários
Não divulga
Canais digitais
App e site
Centauro
20% das menções
Fundação
1981
Sede
São Paulo
Usuários
Não divulga
Canais digitais
App e site
LOJA DE COMPUTADOR E SUPRIMENTOS DE INFORMÁTICA – KABUM!
Com duas décadas, empresa é referência entre público gamer
Criado há 20 anos, o portal Kabum! já nasceu como referência na comercialização de equipamentos da área de tecnologia, como jogos e softwares.
Foi o primeiro ecommerce dedicado a esse segmento, o que se reflete em sua reputação nos dias de hoje. A empresa, que foi adquirida por R$ 1 bilhão em 2021 pelo Magazine Luiza, foi a mais citada na categoria de loja de computador e suprimentos de informática na edição atual de O Melhor da Internet.
Foram 8% das menções entre os entrevistados —19% deles não disseram o nome de nenhuma empresa do setor. “Nosso DNA é feito de tecnologia, usamos esse recurso a nosso favor para entender nossos clientes”, diz Ricardo
Querino, diretor de clientes e experiência do cliente do Kabum!.
“Isso é essencial para conhecer o comportamento dos consumidores em todo o ciclo por meio da coleta de análises e feedbacks.”
A companhia se mantém próxima do público gamer desde o início das operações. “Temos um time profissional no cenário competitivo de League of Legends, o Kabum! Esports. Já o Kabum!GG é uma plataforma oficial de torneios criada para oferecer um ecossistema voltado para a comunidade gamer”, explica Querino.
“A empresa também patrocina ações de outros jogos fomentadores do mercado, como CS:GO e Valorant.” Na época em que o Magazine Luiza comprou o Kabum!, o mercado de games movimentava o equivalente a R$ 1,5 trilhão ao ano, segundo a consultoria Accenture.
Kabum!
8% das menções
Fundação
2003
Sede
Limeira (SP)
Número de usuários
Mais de 24 milhões de visitas mensais
Canais digitais
Site e redes sociais
(Geovana Oliveira – Folhapress)
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Fonte: Paraíba Online