Ensino médio: USP propõe volta de 2.400 horas para disciplinas regulares

A USP (Universidade de São Paulo) enviou um documento ao MEC (Ministério da Educação) propondo que as escolas voltem a destinar 2.400 horas do ano letivo para as disciplinas regulares.

O documento foi elaborado por pesquisadores do Grupo de Trabalho Ensino Médio, promovido pela pró-reitoria de graduação da universidade. As propostas de mudança do novo ensino médio foram enviadas em 6 de julho, data limite da consulta pública promovida pelo governo federal sobre o tema.

Aprovada em 2017, a lei do novo ensino médio aumentou a carga horária dessa etapa de 2.400 horas para 3.000 horas. No entanto, limitou a parte das disciplinas comuns a 1.800 horas, para que o restante seja complementado com disciplinas eletivas.

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Foto: Arquivo/Tomaz Silva/Agência Brasil

Conforme mostrou a Folha de S.Paulo, os alunos têm reclamado que essas novas matérias estão tomando o tempo de conteúdos tradicionais. No lugar das disciplinas regulares, eles têm aulas, por exemplo, de “como se tornar um milionário”.

Os pesquisadores da USP propõem que o MEC estabeleça que os currículos voltem a destinar 2.400 horas para os componentes curriculares fundamentais. “À parte diversificada caberiam 600 horas, organizadas de maneira a contemplar os interesses dos jovens e a aprofundar os conhecimentos”, diz o documento.

Eles defendem ainda que mudanças significativas na qualidade do ensino médio dependem de mudanças estruturais nas escolas, com valorização dos professores, melhora na infraestrutura, redução do número de alunos por turma e engajamento dos estudantes.

“A consequência da tentativa de implementação de um projeto aparentemente ambicioso sem as condições mínimas é um dos fatores que sustenta a percepção de que este Novo Ensino Médio não foi pensado para o contexto da realidade da grande maioria das escolas públicas brasileiras”, aponta o relatório.

Para os pesquisadores, para que se obtenha sucesso com qualquer reforma educacional não bastam apenas mudanças curriculares, mas sim políticas públicas estruturantes que atendam às necessidades das redes de ensino.

Assim, propõem, por exemplo, que seja estabelecido um mínimo de 50% da jornada de trabalho docente remunerada com tempo para estudos, planejamento coletivo e realização de atividades extraclasse. Também sugerem a formulação de uma política de valorização salarial com plano de carreira para todo(a)s o(a)s profissionais da educação.

Defendem ainda um limite de 30 alunos por turma, melhoria da infraestrutura escolar e uma política de permanência para estudantes matriculados em escolas de tempo integral.

(Folhapress)


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Fonte: Paraíba Online

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