ARTUR BÚRIGO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Big techs divulgam resultados do trimestre passado, e números da Meta são os únicos a animar o mercado, com alta de 23% nas ações e outros destaques do mercado nesta sexta-feira (3).
**SÓ A META SE SALVOU**
Apple, Alphabet (dona do Google) e Amazon, três das cinco maiores empresas do mundo em valor de mercado, divulgaram seus resultados do último trimestre nesta quinta (2).
– Nas negociações pós-mercado, os balanços não mexeram muito com as cotações.
– Situação oposta à da Meta (dona do Facebook), cujas ações dispararam 23% no pregão após a empresa ter sinalizado na quarta (1º) que pode estar deixando para trás sua crise particular. Em comum entre os resultados divulgados nesta quinta, as três companhias sentiram os efeitos da alta dos juros e da desaceleração econômica, mas nada muito além do que o mercado já calculava.
Os destaques dos balanços das big techs no último tri de 2022:
A Apple viu sua sequência de três anos de alta nas receitas chegar ao fim. Os US$117,2 bilhões (R$ 584,7 bi) representam uma queda de 5% em relação ao mesmo período do ano passado, e ficaram abaixo das estimativas dos analistas.
– A companhia sofreu no período com os gargalos em sua produção na China, onde fica a maior fábrica de iPhones no mundo, mas o CEO também citou fatores econômicos e a valorização do dólar como redutores da receita.
A receita de publicidade da Alphabet, de longe a mais relevante para a companhia, caiu de US$ 61,2 bilhões para US$ 59 bilhões (R$ 294,3 bi), também abaixo das projeções.
– É a primeira queda desse tipo de receita desde o início da pandemia e a segunda vez na história desde que a empresa se tornou pública, em 2004.
– A receita de US$ 149,2 bilhões (R$ 744,4 bilhões) da Amazon até cresceu em relação ao ano passado e veio acima das expectativas, mas a desaceleração do setor de nuvem da companhia (AWS), disparado o mais rentável, tirou o ânimo dos analistas.
A nova realidade das big techs após a explosão digital na pandemia levou essas companhias a demitiram em massa -a exceção é a Apple, que não anunciou uma leva de cortes, mas vem segurando as contratações.
DIRETORES VENDERAM AÇÕES ANTES DA CRISE DA AMERICANAS
Os diretores da Americanas venderam 14,1 milhões de ações no segundo semestre de 2022, quase cinco vezes a quantidade negociada entre maio de 2019 e junho de 2022.
Os dados foram compilados pela Plataforma Quantzed.
Em números: as operações renderam R$ 244,3 milhões em valores corrigidos pela inflação, um crescimento de 55% em relação às vendas de maio de 2019 a junho de 2022 -mesmo que o valor dos papéis tenha caído ao longo do período.
Por que importa: essa disparada na venda de ações em um momento que a varejista já havia anunciado a troca do comando da empresa, que viria a acontecer no ano seguinte, é alvo de um dos inquéritos da CVM (Comissão de Valores Mobiliário).
– Ela também é usada por bancos credores para reforçar suspeitas de que o comando da companhia tinha conhecimento da situação financeira que levou ao pedido de recuperação judicial no último dia 19.
Mais no tema recuperação judicial
O Santander foi o primeiro banco, nesta quinta, a divulgar os resultados do trimestre que acabou em dezembro.
– O resultado da crise envolvendo a Americanas deve aparecer com força no próximo balanço, mas o banco já separou R$ 1,1 bilhão (cerca de 30% de sua exposição) em despesas com provisões (dinheiro para cobrir calotes).
– A Americanas conseguiu impedir na Justiça que concessionárias cortem o fornecimento de água, energia e internet por falta de pagamento.
Em outra batalha nos tribunais, apareceu um novo impasse na decisão para vistoriar os emails da companhia.
**DÊ UMA PAUSA**
Para assistir: “McMillions” – na HBO Max O documentário em seis episódios relata uma fraude de US$ 24 milhões a partir de uma promoção do McDonald’s, nos Estados Unidos, entre 1989 e 2001.
Entenda: na promoção, clientes ganhavam selos para preencher a cartela do jogo Monopoly -que no Brasil foi adaptado para Banco Imobiliário.
Alguns desses selos eram premiados com valores em dinheiro de até US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,5 milhões).
O funcionário de uma empresa que prestava serviços ao McDonald’s encontrou um jeito de roubar os selos mais valiosos e, com a ajuda de um criminoso, repassá-los a pessoas que se dispunham a receber o prêmio e entregar parte do valor. No segundo episódio já sabemos quem são os cérebros da fraude, mas “McMillions” não perde o interesse. O mérito da série é buscar entender o que levou dezenas de pessoas a aceitarem o papel de laranjas no crime, escreveu o colunista Mauricio Stycer em 2020.