Conheça os ritos após a morte de um papa e o papel da política na escolha do novo pontífice


				
					Conheça os ritos após a morte de um papa e o papel da política na escolha do novo pontífice
Rome, Vatican city. Foto: AdobeStock / TTstudio

Nas primeiras horas da manhã desta segunda-feira (21) o mundo recebeu a notícia da morte do papa Francisco, aos 88 anos de idade. Ao todo foram 12 anos de pontificado.

A morte de um Sumo Pontífice marca um dos momentos mais solenes e simbólicos da Igreja Católica. Mais do que um luto espiritual, esse evento desencadeia uma série de rituais milenares e movimentações políticas que culminam na escolha do novo líder da maior instituição religiosa do mundo.

Os ritos após a morte de um papa


				
					Conheça os ritos após a morte de um papa e o papel da política na escolha do novo pontífice
Foto: Guglielmo Mangiapane/ Reuters

Logo após a confirmação da morte do papa — feita tradicionalmente pelo camerlengo, que verifica o óbito e chama o pontífice três vezes pelo nome de batismo — o Vaticano entra em estado de “Sede Vacante”.

Durante esse período, todos os cargos na Cúria Romana são suspensos, exceto os do camerlengo e de alguns funcionários administrativos. O camerlengo assume a administração temporária do Vaticano, inclusive com a tarefa de selar os aposentos papais e organizar o funeral.

O corpo do papa será velado por dias, inicialmente na Basílica de São Pedro, onde fiéis prestam suas últimas homenagens. O funeral, marcado por uma liturgia específica, costuma ocorrer entre o quarto e o sexto dia após a morte e é assistido por milhares de pessoas, incluindo chefes de Estado e representantes de diversas religiões.

Mudanças a pedido de Francisco

Antes de sua morte, Francisco renunciou à prática secular de ser sepultado em três caixões interligados (de cipreste, chumbo e carvalho), sendo enterrado em um único caixão de madeira revestido com zinco. Também aboliu o uso da plataforma elevada na Basílica de São Pedro para o velório, permitindo que os fiéis prestem suas homenagens com o corpo no caixão de tampa aberta.

Em uma decisão sem precedentes nos últimos cem anos, Francisco será enterrado fora do Vaticano, na Igreja de Santa Maria Maior, em Roma. A escolha reflete seu vínculo pessoal com o local, onde costumava rezar frequentemente durante seu pontificado, já que era o bispo da diocese de Roma.

O Conclave e a política do Sagrado


				
					Conheça os ritos após a morte de um papa e o papel da política na escolha do novo pontífice
(Foto: Vatican News)

Encerrado o período de luto oficial, inicia-se o processo de eleição do novo bispo de Roma. O Conclave é, sem dúvida, o momento em que a espiritualidade e a política se entrelaçam de maneira mais evidente dentro da Igreja.

Realizado na Capela Sistina, o Conclave reúne cardeais com menos de 80 anos — eleitores do novo pontífice — em um ambiente de absoluto sigilo.

Além de um momento espiritual, o Conclave é profundamente marcado por disputas de poder, influências regionais e estratégias diplomáticas. Blocos com visões diferentes sobre o futuro da Igreja — progressistas, conservadores e moderados — atuam como verdadeiras bancadas políticas, formando alianças e vetando candidaturas.

A escolha de um papa nunca é apenas religiosa; ela carrega implicações políticas de escala global. A eleição pode significar um aceno para determinadas regiões — como foi com João Paulo II (Polônia) durante a Guerra Fria, ou Francisco (Argentina), num gesto de aproximação com a América Latina.

Além disso, o novo Papa será responsável por conduzir a posição da Igreja frente a temas polêmicos como sexualidade, mudanças climáticas, pobreza e relações internacionais.

Fumaça branca: fim do Conclave, início de um novo tempo


				
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Foto: Associated Press

As votações ocorrem até que um cardeal alcance dois terços dos votos. A cada votação, a fumaça preta (produzida ao queimar cédulas sem consenso) sobe da chaminé da Capela Sistina. Quando a fumaça é branca, o mundo sabe: Habemus Papam.

Neste momento, um novo ciclo se inicia. O eleito — que pode ou não ser italiano, europeu ou até mesmo da Cúria — aceita o desafio de liderar mais de 1,3 bilhão de fiéis num mundo cada vez mais dividido, e assume, ao mesmo tempo, o trono do apóstolo Pedro, uma das mais influentes cadeiras de poder da Terra.

Sem excluir a liturgia e as tradições seculares, a escolha de um papa é também um movimento geopolítico, guiado por interesses que transcendem os muros da cidade do Vaticano.

Texto: Pedro Pereira

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Fonte: Jornal da Paraíba

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