Os próximos passos da Americanas, governo diz que vai manter déficit zero e outros destaques do mercado nesta sexta-feira (17).
**AMERICANAS TIRA ESQUELETOS DO ARMÁRIO**
Depois de ter adiado a apresentação de seus resultados por quatro vezes, a Americanas divulgou nesta quinta o balanço de 2022.
O saldo dos esqueletos que agora foram retirados do armário é um prejuízo de R$ 12,9 bilhões no período, mais que o dobro do ano anterior –R$ 6,2 bilhões, resultado que também foi revisado pela companhia.
EM NÚMEROS
As operações da empresa queimaram R$ 6,1 bilhões de caixa em 2022. O resultado é indicado pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), que mede o fluxo de caixa.
A crise da Americanas estourou no começo deste ano, quando Sergio Rial, que havia acabado de assumir como CEO da companhia, renunciou ao cargo afirmando ter encontrado “inconsistências contábeis” de cerca de R$ 20 bilhões.
Desde então, a varejista entrou em recuperação judicial, com dívidas declaradas de R$ 42,5 bilhões, e acusa a antiga gestão, chefiada por Miguel Gutierrez, de ter cometido fraude na empresa.
O executivo que ficou por 20 anos no comando da companhia nega a participação em uma fraude e afirma que a empresa quer proteger seus acionistas de referência e membros do conselho de administração.
Segunda a Americanas, a fraude envolveu verba de propaganda cooperada fictícia e operações de risco sacado, incorretamente contabilizadas na conta de fornecedores.
PRÓXIMOS PASSOS DA VAREJISTA
↳ Na recuperação judicial:
– Os bancos credores, que detêm a maior parte da dívida da companhia, esperavam a divulgação do balanço para ir adiante com o acordo do plano de recuperação judicial.
– A expectativa é que eles convertam cerca de R$ 12 bilhões de dívidas em ações, e que os acionistas de referência – Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles– aportem mais R$ 12 bilhões.
– Com essas cifras e a compra antecipada de outras dívidas com um desconto de pelo menos 70%, a empresa quer “limpar” seu patrimônio líquido negativo de R$ 26,7 bilhões.
↳ No dia a dia:
– A Americanas quer começar a gerar caixa, ou seja, registrar um Ebitda positivo, a partir de 2025. Para isso, ela voltará seu foco para o que atrai consumidores a suas lojas físicas, como guloseimas, limpeza e brinquedos.
– Os itens de maior valor agregado, como linha branca, notebook e smartphones, serão comercializados em seu site a partir de vendedores terceiros (“sellers”), operação em que a varejista fica com uma comissão.
**GOVERNO DIZ QUE VAI MANTER META COMO ESTÁ**
O governo Lula (PT) disse nesta quinta que vai manter a meta fiscal zerada para o ano que vem, como havia estipulado o ministro Fernando Haddad (Fazenda).
A declaração do ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) confirmando que o objetivo não será alterado vem em meio a um ceticismo do mercado e do próprio presidente.
Lula falou há algumas semanas que a meta não precisava ser zero, o que derrubou a Bolsa e fez o dólar disparar.
A DIVISÃO NO GOVERNO
↳ A equipe econômica bateu o pé em deixar a meta zero para manter o Congresso engajado nas pautas arrecadatórias do governo que tramitam por lá. O Orçamento prevê R$ 168,5 bilhões em receitas extras para alcançar o déficit zero.
A equipe política, chefiada pelo ministro Rui Costa (Casa Civil), era quem defendia um déficit de até 0,5% do PIB para o próximo ano, para que houvesse verbas para programas considerados prioritários para o governo, como as obras do Novo PAC.
ENTENDA
O arcabouço fiscal prevê uma margem de tolerância de 0,25 ponto, para mais ou para menos, sobre a meta fiscal estipulada a cada ano.
– Em caso de estouro do limite para o lado negativo, são acionadas medidas de contenção de gastos, como proibição de concursos públicos e de aumentos para servidores.
SIM, MAS…
A definição atual por uma meta zerada não descarta uma rediscussão sobre o tema no ano que vem.
Uma ala do governo avalia que em março, quando sai o primeiro relatório de avaliação de receitas e despesas de 2024, a constatação de que será necessário contingenciar despesas forçará um novo debate para afrouxar a meta fiscal.
O Executivo também discute uma manobra jurídica para limitar o contingenciamento em 2024.
**PARA LER**
– “Crises Financeiras – Brasil e Mundo (1929-2023)” (Roberto Teixeira da Costa e Fabio Pahim Jr, Portfolio-Penguin, R$ 99,90, 280 págs., R$ 39,90 ebook).
Das icônicas tulipas holandesas do século 17 até o contemporâneo escândalo da Americanas, o livro destrincha o processo de formação das bolhas especulativas, passando pela euforia gerada nos mercados e até chegar aos prejuízos deixados pelo seu estouro.
Um de seus autores, Teixeira da Costa foi primeiro presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), entidade que é o xerife do mercado de capitais.
O órgão foi criado justamente a partir de uma crise icônica do mercado financeiro brasileiro, o “boom de 1971”.
– Ele foi gerado na época por medidas de incentivo da ditadura militar ao mercado de capitais, gerando uma forte onda especulativa do final de 1970 até o meio de 1971.
– Esse cenário gerou uma chuva de IPOs (oferta iniciais de ações) de empresas que mal ficavam em pé financeiramente, algo que alertou investidores mais experientes.
– Eles então começaram a realizar lucros, e os novatos, que entraram atrasados nessa onda, viram seu dinheiro virar pó.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
INFLAÇÃO
Lojas aumentam preços na reta final da Black Friday, mostra pesquisa; saiba evitar falsos descontos. Levantamento do grupo Zoom/Buscapé revela inflação atípica em celulares, lavadoras e geladeiras.
MERCADO
Nova regra para trabalho no feriado corrige ‘ilegalidade’, afirma Ministério do Trabalho. Parlamentares se articulam contra medida e querem derrubar portaria do ministro Luiz Marinho.
MERCADO
Controlador pede exclusão do Eataly da recuperação judicial. Solicitação ainda não foi analisada pela Justiça de São Paulo; SouthRock também opera Starbucks e TGI Fridays no Brasil.
ESTADOS UNIDOS
Empresa faz primeiro teste de táxi voador com sucesso em Nova York. Veículos devem começar a operar comercialmente em 2025.
APPLE
Leilão da Receita tem R$ 1 milhão em barras de ouro, diamantes e iPhones. São 149 lotes de itens variados, com lances que vão de R$ 100 a R$ 1 milhão.
*ARTUR BÚRIGO/Folhapress
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Fonte: Paraíba Online