Em meio ao crescimento dos registros de drone no Brasil, empresas passaram a desenvolver, junto ao Decea (Departamento de Controle de Espaço Aéreo), um projeto que busca soluções para o futuro do tráfego de aeronaves não tripuladas.
Segundo executivos de companhias que fazem parte do projeto –chamado de BR-UTM–, a ideia é que a ferramenta atue de forma parecida com o sistema utilizado hoje para o controle do tráfego de aviões e forneça informações em tempo real sobre voos de drones. A iniciativa vem atraindo empresas de ramos como fabricação e operação de drones e segurança digital.
De acordo com a Gol, uma das participantes do projeto, as soluções definidas pelo grupo servirão de conhecimento a ser utilizado no futuro programa de UATM (gerenciamento de tráfego aéreo urbano), no qual estarão inseridos os eVtols (veículos de decolagem e pouso na vertical, mais conhecidos como carros voadores).
A companhia aérea já tem 250 encomendas de eVtols da fabricante britânica Vertical Aerospace, que está tratando a certificação do modelo com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
No caso do UTM, por meio de uma plataforma, haverá a integração de dados de voos de drones, fornecidos por empresas capazes de realizar o gerenciamento do tráfego de forma autônoma. Os operadores de drones terão de aderir a esses provedores, de acordo com o Decea.
Na primeira fase do projeto, serão estabelecidos os requisitos técnicos e operacionais para a implantação das chamadas zonas UTM, onde serão aprovados os voos, em espaço aéreo afastado de aeroportos.
“As fases subsequentes expandirão gradualmente a área de cobertura e as funcionalidades do sistema, até que seja possível o estabelecimento das condicionantes necessárias para operação de drones em espaço aéreo controlado e com proximidade de Aeródromos, cenário comum nos grandes centros urbanos”, afirma o Decea em nota enviada à reportagem.
Segundo o órgão, a expectativa é que os requisitos técnicos e operacionais do projeto, que abrange voos de drone de baixa altitude (abaixo de 400 pés) e fora do alcance visual de pilotos, sejam definidos e publicados até o fim de 2025. O Decea prevê que o serviço comece a ser fornecido em locais afastados de aeródromos em 2026.
Manoel Coelho, CEO da Speedbird, uma das empresas que participam do projeto do Decea, afirma que o obstáculo é definir como as companhias poderão monitorar diferentes drones, além dos modelos próprios.
“A gente tem o nosso sistema, que funciona com os nossos drones. O que a gente tem que fazer agora é coordenar com a Anac e com o Decea o que nós vamos usar para que outros drones possam aparecer no sistema de UTM”, afirma.
A Speedbird já atua em outros países, como Israel e Singapura, e vem expandindo sua atividade dentro do Brasil. Segundo Coelho, a empresa já está presente em cidades como Salvador, Aracaju, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Florianópolis.
Um dos serviços prestados pela Speedbird é o transporte de comida pedida por delivery em Sergipe. A iniciativa, que é uma parceria com o iFood, leva as entregas da capital ao município de Barra dos Coqueirais.
Para prestar esse serviço, a Speedbird se tornou, em 2022, a primeira empresa a receber autorização da Anac para realizar operação comercial de uma aeronave não tripulada utilizada na entrega de produtos. O aval permite que os drones da companhia realizem voos do tipo BVLOS –sigla em inglês para rotas que vão além da linha de visão do piloto.
O crescimento da companhia acompanha a expansão do setor no Brasil. Segundo dados da Anac, o número de drone registrados saltou de aproximadamente 13,3 mil em junho de 2017, início da série histórica, para quase 92,8 mil em março de 2022, quando o sistema deixou de contabilizar os dados por período.
A conta da Anac não inclui drones com peso inferior ou igual a 250 gramas, modelos que normalmente são usados para recreação ou competições. Equipamentos com esse perfil não necessitam de registro na agência.
O mercado estima que apenas 10% dos drones existentes hoje estejam registrados, segundo Luciano Macaferri, diretor-geral da Thales no Brasil. A empresa também participa do projeto do Decea.
“O usuário vai poder escolher de quem vai querer comprar. Mas essas empresas precisam ter um sistema por trás delas que vai gerenciar tudo, porque, se a Thales vender determinada rota em um certo horário, outro sistema não vai poder vender a mesma rota”, explica Macaferri.
O executivo afirma que o acompanhamento das rotas pelo Decea vai evitar que as aeronaves se choquem e caiam sobre carros ou pessoas
*PAULO RICARDO MARTINS/Folhapress
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Fonte: Paraiba Online