Na Assembleia Legislativa na sessão desta terça-feira, o agito começou com a inclusão, na ordem do dia e em regime de urgência, de dois projetos do Poder Executivo para a contratação de empréstimos junto à Caixa Econômica Federal (para edificação de moradias) e ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (Bird) para o setor rural.
O deputado Wallber Virgolino (PL), líder do bloco de oposição, reagiu asperamente na direção do presidente Adriano Galdino (REP), sob a alegação de que a inclusão dos dois itens na pauta só ocorreu por volta das 20 horas da noite anterior.
Colocado em votação o pedido de urgência, apenas quatro deputados oposicionistas votaram contra.
Wallber irritou-se ainda mais e se dirigiu à mesa diretora dos trabalhos, batendo no local e vociferando (até com palavrões) contra o presidente Adriano Galdino, que comedidamente pedia calma ao seu colega de parlamento.
“Sou de uma terra onde quem faz muito barulho não faz muita coisa”, comentou Galdino após Wallber retornar para a sua bancada.
Na discussão do mérito dos projetos, Wallber voltou a subir o tom, dizendo que “é mais um escárnio no interesse público”.
“A Assembleia tem se agachado para o Executivo. Só não como o regimento interno (como ocorreu recentemente na cidade de Patos) para não dar dor de barriga. Eu estou com vergonha de ser deputado”, bradou Wallber, creditando esta situação aos “interesses pessoais” de alguns parlamentares.
“Aqui não passa de um puxadinho do governo do estado”, exclamou.
O presidente da ALPB esclareceu aos colegas que “quem tem a função de colocar a agenda (das sessões) é a Secretaria Legislativa”.
Ele acrescentou que determinou que seja cumprido o prazo limite de 18 horas do dia anterior ao da sessão para essas comunicações.
“São claras as contradições do governo da Paraíba entre o seu discurso e sua prática”, registrou o deputado George Morais (União Brasil).
Líder do bloco governista, o deputado Chico Mendes (PSB) ponderou que “não podemos fazer deste parlamento um ringue. A gente deveria estar orgulhosos porque a Paraíba tem crédito”.
Taciano Diniz (União Brasil) estranhou o pedido de operações de crédito do governo, “que tem R$ 6 bilhões em caixa”.
Júnior Araújo (PSB) disse que “quem votar contra (os empréstimos) estará votando contra novas unidades habitacionais nos municípios”.
O deputado Sargento Neto (PL) recordou que similar debate sobre empréstimo foi travado há alguns dias em Campina Grande: “A oposição de Campina pensa só em si. E não no interesse da cidade. Pensa só em politicagem”.
“Eu seria demagogo se tratasse a proposta de empréstimo do Estado de outra forma. Não farei como a oposição raivosa de Campina”, sequenciou Neto ao anunciar o voto a favor dos dois empréstimos.
Fábio Ramalho (PSDB) repreendeu publicamente o seu líder Wallber: “Que o líder tenha cautela em suas palavras”.
Ele alegou que “quem pode pegar empréstimo é porque tem condições de pagar”.
“Não vejo motivo para se fazer disputa política sobre este empréstimo”, avaliou o deputado Luciano Cartaxo (PT).
Ao ocupar a tribuna, o deputado Hervázio Bezerra (PSB) também se reportou ao deputado Wallber: “Aqui se vence na força do argumento ou no voto. Mas nunca com cenas de pugilato. Repudiamos veementemente isto (…) Aqui ninguém é mais homem do que ninguém”.
De sua parte, a deputada Cida Ramos (PT) disse inicialmente que “qualquer governo faz empréstimo, e para isso precisa ter capacidade de investimento”.
Mas em seguida a petista lançou algumas indagações: “Quantas unidades habitacionais serão construídas? Quais as cidades serão beneficiadas? Quais foram os critérios foram adotados?”
“Agora, ninguém nos deu procuração para assinar um cheque em branco em nome do eleitor. Precisamos de transparência”, concluiu Cida.
O deputado Bosco Carneiro (REP) apontou o que rotulou como uma contradição do governo: propõe um empréstimo para o setor habitacional, enquanto a Cehap faz doação de terrenos ao setor privado para a edificação de empreendimentos.
“Os dois empréstimos (R$ 30 milhões junto à Caixa e pouco mais de R$ 400 milhões, em dólares, para o setor rural) têm um sentido e um valor econômico e social muito forte”, argumentou nesse instante da sessão o presidente Adriano Galdino.
George Morais lançou dúvidas adicionais sobre as duas operações de crédito: “Quais são as taxas de juros? Em quantas parcelas? Quais são os prazos de carência? Qual são os valores finais das operações?”
As duas operações foram colocadas em votação e aprovadas por maioria, inclusive com os votos dos oposicionistas Fábio Ramalho, Sargento Neto e Tovar Correia Lima (PSDB).
Notas da coluna Aparte, assinada pelo jornalista Arimatéa Souza.
Para ler a edição completa desta quarta-feira, acesse aqui.
Clique aqui para ler a notícia em seu site original
Fonte: Paraíba Online