Não é só pelos que estão aqui, é principalmente por todos os que já não estão entre nós.
Não sei se foram essas as palavras exatas, mas a mensagem certamente era essa. E foi transmitida por Diego Monteiro, torcedor do Botafogo-PB e integrante da barra Setor 31, que gravou um vídeo para lá de emocionado falando da expectativa sobre o início de mais uma luta pelo acesso.
A quinta vez que o Belo, apenas neste século, chega à fase decisiva que garante vaga na Série B do Brasileirão.
Buscou em 2003. Lutou em 2016. Ficou num quase absurdo em 2018. Fracassou em 2021.
Em 2023, vinte anos depois da primeira vez, eis que surge uma nova oportunidade.
Um sonho antigo, cultivado por diferentes gerações, ansiado por toda uma cidade, imaginado por múltiplas coletividades apaixonadas.
Jogo após jogo, semana após semana, ano após ano, geração após geração, vida após vida.
Reinventando-se, reaprendendo a torcer, recobrando a capacidade de acreditar, aceitando resiliente a missão de sofrer por amor.
Diego talvez nem saiba.
Mas ele tocou fundo em muitos botafoguenses ao proferir aquelas palavras, ao relembrar de tantos nomes históricos que já não podem mais gritar, pular, cantar. Palavras inspiradas que certamente ecoaram forte nos corações calejados e apaixonados de quem acompanhava a partida desse domingo (3) entre Botafogo-PB e Amazonas.
Uma vitória em casa, por 2 a 1, que representou um primeiro passo importante demais na caminhada rumo ao impossível.
Não é só pelos que estão aqui. É pelo “nosso sonho”, como alardeia o lema que ficou famoso nas redes sociais. É por todos os que já desejaram, sentiram, gritaram, choraram. É por todos os que já enfrentaram o sufocamento de um gol sofrido nos acréscimos. Por todos os que já acordaram felizes e foram dormir frustrados, desesperados, atônitos, numa mudança de postura só possível a partir das agruras do futebol.
É pelos vivos e mortos, enfim, por todos aqueles que o torcedor carrega na memória, no afeto, na saudade, nas camisas e bandeiras.
Não eram 10 mil os torcedores no Almeidão.
Eram milhares outros ali. Milhões. De todos os tempos. De todos os dias. De todas as dimensões.
Cada botafoguense carregava em si muitos outros.
Não estão entre nós. Estão em nós.
Para sempre.
Na Série C.
Na Série B também, quem sabe.
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Fonte: Jornal da Paraíba