É claro que os paraibanos e os pessoenses se orgulham dos intermináveis elogios que João Pessoa recebe a cada ano. São muitos turistas, muitos visitantes e novos moradores.
Eles se empolgam com o mar – hora verde, hora azul, águas quentes; ficam maravilhados com a qualidade de vida, com a relativa tranquilidade, com o custo de vida menor do que na maioria das capitais, com a boa oferta de serviços.
Mas esse é um dos retratos de João Pessoa. Um recorte que alimenta um símbolo maravilhoso de quem pode usufruir do que tem de melhor.
Mas, não podemos colocar pra debaixo das areias de Tambaú e Cabo Branco o retrato que mostra João Pessoa como a capital que tem a maior desigualdade de renda do país.
Os dados são do IBGE. Em 2023, o índice de Gini da capital paraibana, que calcula a desigualdade de renda, era 0,629 (quanto mais próximo de zero, menor é a desigualdade, e quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade de renda entre a população).
Os dados
O rendimento médio dos 10% mais ricos em João Pessoa é de R$ 26.070, para os 40% mais pobres da capital esse rendimento é de R$ 972, com uma razão 10/40 igual a 26,8.
Esse número é maior do que a média da Paraíba (18,6) e mais do que o dobro das proporções tanto para o Nordeste (13,2) como para o Brasil (13,2).
Em 2010, João Pessoa ficava em nono lugar entre as capitais mais desiguais. Em 2023, passou a ocupar o primeiro lugar desta lista.
Os números são um alerta importante para o poder público.
A disparidade de renda leva a uma segregação social mais acentuada, com áreas de extrema pobreza convivendo com regiões de alta renda. Uma bomba relógio. Também trava a ascensão social.
A pobreza, aliada à falta de acesso a oportunidades e à marginalização de grandes segmentos da população, pode levar ao aumento da criminalidade.
Questão de Saúde e Educação
Pessoas de baixa renda geralmente têm menos acesso a serviços de saúde de qualidade, o que resulta em uma maior incidência de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes, problemas respiratórios e doenças infecciosas. É mais sobrecarga ao sistema de saúde.
Crianças e jovens de famílias mais pobres enfrentam grandes dificuldades para acessar uma educação de qualidade. Além das limitações de infraestrutura escolar nas periferias, há a falta de recursos e apoio para estudantes de baixa renda.
Alerta
Esses são alguns aspectos nocivos da disparidade entre ricos e pobres na capital paraibana. É urgente um debate e ações, políticas públicas mais eficientes que sinalizem para mudança dessa realidade.
É urgente uma avaliação do que está sendo feito. O que está funcionando? O que não está? Para onde vamos?
Vereadores, deputados tem uma oportunidade de sair do ramerrame eleitoral e discutir algo que, de fato, é vida real e de interesse coletivo. Urgente.
Os números fazem uma previsão de um futuro nebuloso. É aumento da altura da muralha que separa um minoria privilegiada e uma maioria excluída. O país já tem exemplo demais desse cenário.
Se continuar nesta pisada, as fotos principais de João Pessoa terão mais símbolos da cruel desigualdade de renda (e suas consequências) e menos de sua atrações turísticas.
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Fonte: Jornal da Paraíba