Economia nesta terça-feira; saiba quais são os destaques

ARTUR BÚRIGO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Veja os principais trechos da entrevista de Roberto Campos Neto, presidente do BC, em que ele foi contra à mudança das metas de inflação. Bancões tiram do lucro e reservam R$ 9 bilhões para cobrir possíveis perdas com a Americanas e outras notícias do mercado nesta terça-feria (14).

**CAMPOS NETO É CONTRA MUDANÇA NAS METAS AGORA**

Em meio a críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à atuação do Banco Central e a conversas para uma possível mudança das metas da inflação, os atores das esferas econômica e política do país pararam para ouvir Roberto Campos Neto, presidente da autoridade monetária.

Veja os principais tópicos da entrevista de Campos Neto ao programa Roda Viva, da TV Cultura:

Mudanças de metas da inflação. Ele disse que o BC discorda de uma alteração neste momento, em que as expectativas de inflação do mercado estão “desancoradas” (longe das metas definidas).

“Se a gente fizer uma mudança agora, sem um ambiente de tranquilidade e um ambiente onde a gente está atingindo a meta com facilidade, o que vai acontecer é que você vai ter um efeito contrário ao desejado.”

“No final das contas, você vai ter uma expectativa de inflação que não só vai para a meta nova como vai ganhar um prêmio maior ainda”.

–As metas são definidas pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), formado pelos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), além de Campos Neto.

Relação com Lula 3. Campos Neto fez acenos à nova administração.

“O Banco Central é uma instituição de Estado, precisa trabalhar com o governo sempre. Eu vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para aproximar o BC do governo”.

“A dificuldade de controlar despesas está em diversos governos. Em nenhum momento existe uma opinião de que o governo do PT é mais gastador ou vai ter indisciplina, não existe isso”.

Relação com gestão Bolsonaro. As críticas ao presidente do BC aumentaram depois de uma imagem captada pela fotógrafa da Folha Gabriela Biló, em 10 de janeiro, mostrando que ele ainda era integrante de um grupo de WhatsApp chamado “ministros Bolsonaro”.

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Campos Neto (foto), que deixou o grupo, justificou sua presença dizendo que tinha uma participação mais informativa e que fez amigos no governo anterior. Ele disse que espera fazer amizades no novo governo até o fim de seu mandato, em 2024.

Questionado se estava com a camisa da seleção brasileira quando foi votar no segundo turno das eleições, Campos Neto se negou a dizer. “Voto é um ato privado”, afirmou.

“Tentei diferenciar o que é vida privada, o que é vida pública”.

Mais sobre o assunto

Opinião: Na Argentina, aumento da meta em 2017 teve consequências perversas para a economia, escreve a colunista Cecilia Machado.

**BANCÕES SEPARARAM R$ 9 BI PARA DÍVIDAS DA AMERICANAS**

Com os resultados anunciados hoje pelo BB (Banco do Brasil), os cinco maiores bancos de capital aberto do país, somados, reservaram aproximadamente R$ 9 bilhões para cobrir possíveis perdas com a Americanas.

Esse valor, porém, não reflete a exposição total dessas instituições à varejista.

Enquanto Itaú e Bradesco provisionaram (fizeram reserva para cobrir calotes) 100% dos recursos financiados à Americanas, o BB e o Santander Brasil preferiram separar apenas uma parcela da dívida.

Em comum entre eles, porém, foi o baque no lucro do trimestre por causa dessa reserva.

Em números: o BB fez um provisionamento de R$ 788 milhões para a Americanas, 50% do valor devido pela varejista. No último trimestre, o banco teve lucro de R$ 9 bilhões, alta de 52% em relação ao trimestre final de 2021.

O Bradesco reservou R$ 4,9 bilhões, o Itaú separou R$ 719 milhões em provisão adicional, e o Santander, R$ 1,1 bilhão.

Outro grande credor da Americanas também divulgou seus resultados nesta segunda. Sem citar nominalmente a varejista, o BTG Pactual fez uma provisão de R$ 1,12 bilhão referente ao caso.

A empresa deve ao banco R$ 3,5 bilhões, dos quais R$ 1,2 bilhão foi bloqueado pelo BTG.

O lucro do banco foi de R$ 1,8 bilhão de outubro a dezembro. O CEO da instituição, Roberto Sallouti, afirmou que a provisão extra para o caso é suficiente e que “por se tratar de uma fraude, podemos recuperar até mais do que isso”.

Divulgado antes do pregão, o ânimo com o balanço do BTG chegou às ações de outros bancos, que sustentaram a alta da Bolsa no dia.

O Ibovespa subiu 0,70%, a 108.836 pontos. O dólar fechou o dia em queda de 0,86%, a R$ 5,176.

**PAN, DOS ‘CIGARROS’ DE CHOCOLATE, PEDE AUTOFALÊNCIA**

A Pan Produtos Alimentícios, empresa famosa pelos “cigarros” de chocolate, requisitou sua autofalência à Justiça.

A companhia está em recuperação judicial desde março de 2021, com dívidas de R$ 260 milhões. Ela tinha até a semana retrasada para concluir seu plano de pagamentos dos credores, o que não aconteceu.

A empresa pediu uma extensão do prazo, mas o administrador judicial negou a solicitação, em decisão que deve ser seguida pelo Ministério Público. A única saída é a autofalência, que deve ser aceita pela Justiça.

No pedido de autofalência, a Pan cita um processo de reestruturação iniciado em 2017, mas que foi interrompido pela pandemia.

O fechamento dos comércios na crise sanitária afetou ainda mais o faturamento da companhia e foi apontado como um dos fatores que levaram à derrocada da empresa.

Relembre: a empresa fundada há 88 anos foi a primeira a criar o primeiro chocolate diet ao leite no Brasil.

Ela também foi a responsável por produtos como a bala Paulistinha, inspirada na Revolução Constitucionalista de 1932, lápis e barras de chocolate em formado de quadrado, peixe e charutos fabricadas com uma massa de chocolate pouco refinada e embrulhados em papel alumínio.

**CLASSE MÉDIA PERDEU MAIS RENDA NA PANDEMIA**

A desigualdade de renda aumentou no Brasil durante o primeiro ano da pandemia, sendo a classe média o estrato da população que mais perdeu renda no período.

O novo levantamento é da FGV Social e considera dados da Pnad Contínua com a base de dados de 2020 do IRPF, que consegue captar melhor a renda proveniente de ganhos de capital.

Em números: a classe média (brasileiros localizados entre os 41% mais pobres e os 10% mais ricos) perdeu 4,2% de sua renda no primeiro ano da pandemia.

No 10% mais rico, a queda nos rendimentos foi bem menor, de 1,2%.

Entre os 40% mais pobres, houve praticamente estabilidade (ganho de 0,2%) –graças principalmente ao pagamento do Auxílio Emergencial.

O índice de Gini chegou a 0,7068 em 2020, bem acima dos 0,6013 calculados pelo IBGE, que usa apenas a Pnad Contínua. Quanto mais perto de 1 estiver o índice, maior a desigualdade.

Onde moram os mais ricos: com grande concentração de funcionários públicos, o Distrito Federal ocupa o topo no ranking da renda média entre as unidades da federação: R$ 3.148.

Entre as cidades mais ricas, Nova Lima (MG) (R$ 5.791), Santana de Parnaíba (SP) (R$ 4.698) São Caetano do Sul (SP) (R$ 4.215), Florianópolis (SC) (R$ 4.192) e Niterói (RJ) (R$ 4.192) são as cinco primeiras.


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Fonte: Paraíba Online

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