Controle: Governo Lula e presidência do Sebrae têm queda de braço

GUILHERME SETO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a atual presidência do Sebrae travam queda de braço sobre o comando da instituição.

A administração petista quer mudar os dirigentes do órgão, colocando nomes alinhados ao Palácio do Planalto, ao passo que os atuais diretores tentam se manter em seus postos.

O Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) atua no suporte a micro e pequenas empresas, como parte do chamado “Sistema S”, financiado por contribuições compulsórias de empresas.

O atual diretor-presidente é Carlos Melles, que nos últimos anos esteve próximo de Jair Bolsonaro (PL). Ex-presidente do Sebrae e aliado de Lula, Paulo Okamotto tem representado o governo nas conversas com a atual diretoria e sugeriu aos membros atuais que renunciem.

No entanto, Melles e seu grupo de diretores têm recusado a pressão, com o argumento de que foram reconduzidos ao cargo pelo conselho do órgão em dezembro do ano passado para o quadriênio 2023-2026. Além disso, afirmam que a instituição tem autonomia e não deve ser tutelada politicamente.

Na diretoria, Melles foi eleito em chapa com Bruno Quick, diretor técnico, e a ex-deputada Margarete Coelho, diretora de administração e aliada do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do ex-ministro da Casa Civil Ciro Nogueira (PP-PI).

Como revelou a coluna Painel, da Folha de S.Paulo, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, enviou uma carta ao Sebrae pedindo o adiamento dessa votação no final do ano, mas não foi atendido. Okamotto diz que “qualquer diretoria civilizada, com um pouco de bom senso”, não teria disputado esses postos sem anuência e negociação com o governo federal.

Okamotto afirma que, caso os diretores insistam em permanecer, o governo recorrerá a outras medidas previstas no estatuto, como a solicitação de demissão ad nutum [por vontade de apenas uma das partes] a partir do conselho e a convocação de nova eleição.

“É uma agência importante de desenvolvimento dos pequenos negócios e, na nossa opinião, tem que estar muito alinhada com o governo, porque o governo e o Sebrae são muito complementares na parte de crédito, de inovação. Não faz sentido uma organização como Sebrae de costas para o governo”, diz o petista.

“O projeto do Sebrae não pode ser o da pessoa, tem que ser de uma organização. Uma pessoa não pode solitariamente se apresentar para defender um projeto político pessoal”, complementa.

Foto: Ascom

Foto: Ascom

O governo federal tem 5 das 15 cadeiras do conselho, que é a instância que elege o presidente do Sebrae.

Okamotto diz que há um movimento para que ele volte a assumir a presidência da instituição, mas que prefere que haja renovação a partir de quadros formados no próprio Sebrae.

O Sebrae é visto pelo governo Lula como peça importante na sua interlocução com o empresariado. O petista enfatizou durante a eleição a sua atenção ao setor, apontando que as leis que criaram o MEI (microempreendedor individual) e o Simples Nacional foram editadas em seu governo.

Tradicionalmente, o Sebrae também é cobiçado pelos altos salários aos diretores (acima de R$ 50 mil), pela quantidade de cargos a distribuir e pelo caixa reforçado (mais de R$ 5 bilhões em aplicações financeiras).

Okamotto diz que o Sebrae está muito desprestigiado e não tem mais programas nacionais.

“Espero que o Sebrae converse muito com os empresários de pequenos negócios, trabalhe muito nas deficiências do ambiente de crédito, legal e de inovação. Sonho com um forte programa para aumentar a produtividade das nossas empresas, com acesso à inovação, equipamento, tecnologia, a tudo que as grandes empresas têm direito”, afirma.

“Por falta de conhecimento, os empresários se metem a fazer um negócio e, em um ambiente muito hostil, perdem todas as poupanças. Isso é inadmissível. O país está em desenvolvimento e não pode perder esses recursos, como tem perdido”, acrescenta.

Procurado pela reportagem, Melles não quis comentar o tema.


Clique aqui para ler a notícia em seu site original

Total
0
Shares
Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Anterior
PGR denuncia mais 152 pessoas pelos atos golpistas; total chega a 653

PGR denuncia mais 152 pessoas pelos atos golpistas; total chega a 653

    A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou, entre 31 de janeiro e 2

Próximo
Radomécio Leite assume políticas públicas na Secretaria Executiva de Meio Ambiente com nomeação pelo governador João Azevêdo

Radomécio Leite assume políticas públicas na Secretaria Executiva de Meio Ambiente com nomeação pelo governador João Azevêdo

Por Walter Santos Novidade na esfera ambiental do estado da Paraiba com a

Você também pode se interessar
Fonte-+=