A Paraíba pode ser considerada uma grande exportadora de nomes da música para o Brasil e mundo. Mas, ao contrário do que os olhares de fora possam pensar, não apenas de forró vive o Nordeste. E Papangu é um exemplo vivo disso. A banda pessoense nascida em 2012 entra nos grupos de metal progressivo e rock experimental, embora as diversas misturas de ritmos caracterizam seu som como “rock troncho”, como a própria gosta de definir.
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Após ser convidada para se apresentar no Knotfest de 2024, a banda se prepara para levar o sotaque, a qualidade e as referências ímpares que só o nordeste pode entregar. O Portal WSCOM ficou curioso com toda essa potência e, em uma entrevista exclusiva, perguntou sobre tudo, desde as expectativas para o festival aos futuros projetos da Papangu.
O último single lançado pela banda foi o “Oferenda do Alguidar”, que faz parte do novo álbum, “Lampião Rei”, que será lançado em setembro. Mas na conversa, a banda revelou que esse não será o único single do disco.
Confira a entrevista completa:
WSCOM: Como foi a reação de vocês ao serem convidados para participar do Knotfest? Como ocorreu a articulação até fechar?
Ficamos muito honrados, em êxtase. A organização do festival entrou em contato diretamente conosco, com altíssima confidencialidade. Inicialmente, apenas suspeitávamos de qual evento seria. Em algumas semanas, estava tudo assinado e confirmado. Uma alegria imensa, um pouco inesperada, mas em ótima hora.
WSCOM: O que significa para a banda tocar em um festival tão renomado, ao lado de grandes nomes do metal mundial?
Uma oportunidade de mostrar que fazemos música pesada de qualidade e inovação comparável àqueles que reconhecidamente capitanearam os gêneros de rock e metal mais extremos ou alternativos noutros tempos. Também é uma oportunidade para encontrarmos bandas brasileiras que se destacam no cenário alternativo e com quem sempre mantemos contato.
WSCOM: Vocês têm alguma expectativa específica para a apresentação no Knotfest? Algo que esperam vivenciar ou compartilhar com o público?
Esperamos que se surpreendam positivamente com o repertório que irá mesclar faixas do primeiro disco, Holoceno, com nosso próximo lançamento, Lampião Rei, que sai no começo de setembro. Acredito que a versatilidade da banda em diferentes gêneros musicais aliada às composições que passeiam entre trechos com vocais harmonizados e guturais profundos agradará tanto o público mais tradicional de metal quanto o público alternativo.
WSCOM: Como vocês definem o estilo da banda e de onde surgiu a concepção do projeto?
As músicas navegam por muitos gêneros, mas têm em comum uma espinha do metal e rock progressivo, com experimentos e empréstimos rítmicos dos mais diversos. A banda surgiu da união de amigos que buscavam tocar rock/stoner/metal, mas com o tempo foi agregada a membros versados noutros estilos, como forró, jazz, rock progressivo, death metal…
Nós gostamos de falar e gostamos de ouvir o termo “rock troncho” associado à nossa banda. Já tem até outras bandas, inclusive daqui de João Pessoa, que estão adotando o termo. Destaque para a Tela Azzu, que, ainda que com um som bem diferente da Papangu, apresenta um tipo de rock repleto de influências diversas e devidamente troncho.
WSCOM: Quais são as principais influências musicais de vocês, tanto no rock quanto em outras vertentes?
Como a banda tem seis integrantes, há muitas influências individuais e compartilhadas. Algumas delas são: King Crimson, Hermeto Pascoal, Magma, Kayo Dot, Elephant 9, Dominguinhos, Genesis, Mars Volta, Mastodon, Mestre Ambrósio, Black Sabbath e muitos outros.
WSCOM: Como a “nordestinidade” se manifesta nas músicas de vocês? Podem dar alguns exemplos de elementos culturais nordestinos presentes nas suas composições?
De todas as formas. Nas letras, no imaginário, na estética, no sotaque, na origem. Temos muito orgulho de onde viemos e de quem somos. Temos músicas com maracatu, forró, baião, caboclinhos… Há o uso frequente de instrumentos, harmonias e melodias que são comuns aos diversos gêneros da música nordestina. Cantamos em português, coisa que ainda é razoavelmente incomum no metal brasileiro. Para além do português, diria que cantamos em “nordestino”, pois tentamos sempre não neutralizar o sotaque—coisa que às vezes acontece sem que percebamos quando se canta para um público heterogêneo noutros estados. O novo álbum também celebra a nordestinidade de forma ainda mais patente. Lampião Rei apresenta uma narrativa épica e biográfica de realismo mágico, relatando as provações e tribulações de Lampião, o lendário líder bandido do sertão oprimido do Nordeste brasileiro.
WSCOM: Como vocês veem a recepção do público paraibano e nordestino em relação ao trabalho de vocês e para o futuro?
Percebemos a alegria e orgulho compartilhado. São vários os comentários nas redes sobre esta representação. Para o futuro, diria que dobraremos a meta. Nosso trabalho está intrinsecamente ligado ao Nordeste brasileiro.
WSCOM: Como vocês percebem a cena do rock e do metal no Nordeste atualmente? Há algum aspecto que vocês gostariam de destacar ou melhorar?
As bandas são incríveis. São inúmeros os lançamentos e novidades. Todos os estados do nordeste atualmente têm grandes expoentes do som pesado e experimental. Destacamos nossos amigos paraibanos do Tela Azzu, Headspawn e Zepelim e O Sopro do Cão, todos com lançamentos recentes.
Gostaríamos que as iniciativas culturais de nosso estado refletissem o reconhecimento que alcançamos, ainda que de forma incipiente, no Sudeste. Lá tocamos em festivais que foram essenciais para que pudéssemos desfrutar de popularidade entre críticos e produtores de arte que fazem as coisas acontecerem para a música pesada e alternativa no Brasil. Por que não aqui? Tocamos mais vezes fora da Paraíba do que nela.
WSCOM: Quais são os próximos passos para a banda após a participação no Knotfest? Existem novos projetos ou lançamentos previstos?
Acabamos de lançar um novo single, “Oferenda no Alguidar”, disponível em todas as plataformas. Na esteira deste lançamento, teremos mais um single, seguido do novo álbum, “Lampião Rei”, em setembro.
WSCOM: Como vocês veem a evolução do Papangu nos próximos anos? Quais são as metas e aspirações da banda a longo prazo?
Além dos shows de lançamento do novo disco, almejamos tocar fora do Brasil em breve. Por enquanto não podemos falar muito a respeito. A longo prazo, queremos concluir a saga de Lampião que começamos a contar neste novo álbum, mas também pontuando o intervalo de lançamento dos discos com EPs e colaborações com outros artistas.
WSCOM: Que mensagem vocês gostariam de deixar para os fãs que estão ansiosos para vê-los no Knotfest?
Que curtam o misto de descontração, seriedade, compromisso, camaradagem e visceralidade que buscamos expressar em nossas músicas. Que saiam contagiados pelo sexteto e se preparem para ouvir blast beat com triângulo.
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Fonte: WSCOM