A vida não é fácil.
Muito pelo contrário, ela é complexa, dura, tensa, difícil.
Doída, não raro.
Desesperadora em certos momentos.
Sufocante.
E o futebol, como há muito costumo dizer, é a perfeita analogia da vida.
Repleto de reveses, dores, lutos, sofrimentos.
Ao longo da vida, do futebol, do jogo, pois, os momentos de dificuldades serão a maioria. Mais numerosos. Mais frequentes.
A conta é simples. Fácil de explicar.
Da arquibancada de futebol, veremos mais títulos perdidos do que vencidos. No cotidiano da vida, serão mais dias de labor causticante do que de tranquilidade e descanso.
Mas, dizem, é tudo preparação de cenário para tornar mais arrebatador os instantes de felicidade.
Aquele momento sublime que faz tudo valer a pena. Que faz a pele arrepiar. O tempo paralisar. O sonho transcender diante de nós. O choro irromper, desta vez de arrebatamento pleno.
Não sou eu quem estou dizendo isso.
Alguns dos grandes pensadores da história, como Freud e Goethe, já se debruçavam sobre a transitoriedade da felicidade, como ela só é possível porque vem do alcance repentino e apoteótico daquilo o que há tanto tempo era ansiado.
Por mais contraditório que possa parecer, são as nossas dores que nos preparam para a felicidade. E foi depois deste domingo (9) de Estádio Almeidão que comecei a pensar em tudo isso.
Aliás, já saí com o título desta crônica na cabeça quando desci os degraus do estádio no início da volta para casa.
Uma vitória por 1 a 0, após um gol chorado aos 41 minutos do segundo tempo contra o Ferroviário, que garantiu a invencibilidade, a liderança, a sequência inédita de cinco vitórias seguidas na Série C.
Nunca o Belo venceu tantas vezes seguidas nestes 11 anos de Série C. E, com mais essa vitória, iguala a marca de 2013, quando o Belo venceu cinco seguidas na Série D daquele ano antes de conquistar o acesso e o título.
Sinais, apenas sinais, por ora, mas que não deixam de empolgar o torcedor calejado e sofrido com tantos anos de terceira divisão.
Goethe, por sinal, tem uma frase que poderia ser usada aqui:
“Nada é mais difícil de suportar do que uma série de dias belos”.
Pois o Belo e o Almeidão me ajudam a entender isso. Em meio a dores profundas, a um luto prolongado, em meio a perdas difíceis de superar, em meio também a tantos anos de reveses e eliminações sofridas no minuto derradeiro do jogo do acesso, o futebol me renova, me permite sorrir, gritar, cantar, me emocionar.
Não importa o quanto demore, se o acesso ou o título virão, se a saudade será aplacada na vida pessoal, desistir nunca vai ser uma opção.
Afinal, amigas e amigos, companheiras e companheiros de arquibancada, o Belo me obriga a viver. E é justo a ânsia de saber o que o Botafogo-PB proporcionará ao torcedor no próximo dia de jogo que permite a continuidade da vida.
É quando tristezas e alegrias incontornáveis passam a conviver em harmonia.
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Fonte: Jornal da Paraíba