O futebol é questão séria na vida de uma torcedora, de um torcedor. Geram sentimentos e sensações que não podem ser negligenciados, que não devem jamais ser minimizados.
É uma catarse coletiva que leva a múltiplas possibilidades.
Pode ser fonte das mais profundas dores, dos mais terríveis amargores, de intensos pesares, do mais impactante drama.
Ao mesmo tempo, pode ser também a forma mais eficiente de aliviar traumas, de afagar o coração, de fazer bem, levar as pessoas a sorrirem em meio aos dramas que lhe rodeiam.
Foi o que aconteceu nessa noite chuvosa de segunda-feira (3), quando o Botafogo-PB superou as adversidades do campo encharcado e as qualidades técnicas do adversário e venceu o Athletic por 3 a 1.
Vitória com autoridade, eficiência, bom futebol, e que remete a números interessantes, acima de tudo otimistas.
São cinco vitórias em seis jogos, sendo quatro consecutivas, 16 pontos acumulados, invencibilidade mantida, liderança da Série C 2024.
Em 11 anos de terceira divisão nacional, o Belo nunca antes tinha conseguido esse feito de emplacar quatro vitórias em sequência.
Aliás, a última vez que isso aconteceu com o Belo num Brasileirão foi em 2013, na Série D, quando o clube venceu cinco partidas seguidas entre o segundo jogo das oitavas de final e o segundo jogo das semifinais (uma vitória em cima do Central, duas em cima do Tiradentes, duas em cima do Salgueiro).
E, todos sabem, aquele ano terminou com acesso e com título nacional do Belo em casa.
A partir de hoje, pois, está autorizado sonhar, se empolgar, se enganar, se iludir, se embalar com o imponderável, o aparentemente impossível.
Pode ser, por óbvio, que todos mais uma vez quebrem a cara ao fim de tudo. Mas o futebol é catártico, como já dito, justamente pela capacidade torcedora de se reinventar a cada ano, voltando a acreditar e a lutar mesmo após tantas adversidades.
Ainda assim, nem é só sobre futebol o debate aqui.
A vitória em casa nessa segunda-feira (3) teve, me parece, um efeito lúdico adicional, uma sensação nostálgica de brincadeira de infância no meio da rua, com música, festa, banho de chuva e de bica no sereno em meio a amigos do peito.
É como se a forte chuva que caiu em João Pessoa na hora do jogo tivesse qualidades mágicas. De lavar a alma, espantar medos e traumas, viajar no tempo e nos devolver um pouco de nossa inocência do passado.
Não havia problemas, lutos, choros, dores.
Hoje, muito provavelmente, tudo isso voltará à pele e ao coração.
Mas ontem, por 90 minutos, foi concedido ao torcedor botafoguense que estava no Estádio Almeidão o direito intransferível de voltar a ser criança. Voltar a ser feliz.
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Fonte: Jornal da Paraíba