Ayrton Senna ´ganha´ função de narrador de sua história no Globoplay

A bordo de um Escort XR3 branco conversível, Ayrton Senna tem uma conversa descontraída com Roberto Carlos, enquanto o cantor dirige o veículo. De frente para um então jovem empresário e apresentador João Doria, o piloto é entrevistado sobre seu comportamento nas pistas.

No centro do Roda Viva, da TV Cultura, é a rivalidade com Nelson Piquet que o tira da zona de conforto. O sorriso volta ao rosto dele quando a apresentadora Xuxa deixa marcas de batom com beijos em seu rosto durante seu programa na TV Globo.

Quando alcançou o status de ídolo nacional, o tricampeão mundial de F1 tornou-se uma das figuras mais requisitadas da mídia, nos mais diversos segmentos. Assim como seus feitos nas pistas, cada passo fora delas também virava notícia, sobretudo quando acompanhados de declarações fortes ou que revelassem detalhes de sua personalidade e intimidade.

Nesta quarta-feira (1), data em que se completa exatos 30 anos da morte do piloto, o Globoplay lança uma série documental que resgata diversas entrevistas do ídolo, dando a ele o papel de narrador de sua própria biografia.

Com direção de Rafael Pirrho e Rafael Timóteo, que assinam o roteiro ao lado de Camila Côrtes e José Emílio Aguiar, a produção “Senna por Ayrton” costura os principais momentos da trajetória do ídolo a partir de declarações do próprio piloto.

Essa foi a saída encontrada pelos diretores para falar de um personagem com uma história tão revisitada como Senna. Para isso, um dos desafios foi fazer a curadoria a partir das mais de 150 horas de materiais de arquivo de emissoras como Globo, Cultura, SBT e Band, além de imagens oficiais da FIA (Federação Internacional de Automobilismo).

“A gente fez questão de buscar conteúdo fora da Globo para dar amplitude”, diz à Folha de S.Paulo Rafael Pirrho. “Era preciso fazer uma pesquisa muito grande, reunindo basicamente tudo que tivesse de entrevista dele, para depois construir um roteiro em que ele fosse o narrador principal”, acrescenta.

A série tem três episódios, de cerca de 50 minutos cada um, e não se propõe a apresentar fatos novos. A reportagem teve acesso ao primeiro deles. De cara, a produção não se propõe a apresentar fatos novos ou pouco conhecidos. Em vez disso, o foco é refrescar a memória de fãs e apresentar o piloto para as novas gerações.

Além dos trechos citados na abertura deste texto, o episódio de abertura mostra o início de Senna no kart, a mudança para a Europa e a chegada dele na F1.

A conturbada relação com Nelson Piquet também é explorada, com os dois tecendo comentários cada vez mais duros um sobre o outro.

Na entrevista para João Doria, quando questionado sobre como ele responde aos críticos de suas atitudes nas pistas, Senna diz que “existe uma coisa que faz parte do ser humano que é a resistência quando alguém jovem chega em qualquer atividade e começa a crescer muito rápido”, em uma clara referência à rivalidade com Piquet.

No Roda Viva, ele foi mais específico. “O Piquet é um excelente piloto, ele já demonstrou isso várias vezes. Como pessoa, eu tenho minhas restrições”, disse, antes de acrescentar. “A gente só tem uma coisa em comum, que é gostar de carros de corrida.”

Rafael Pirrho lembra que os pilotos daquela época tinham menos filtros em suas falas do que os atuais competidores, por isso, de certa forma, é mais fácil buscar materiais que possam não apenas retratar a época, como resgatar um lado mais humano e menos lenda de Ayrton ou de qualquer piloto.

“O Senna, não só por toda a trajetória dele, mas pela forma como ele morreu, chegou nesse ponto de mito. É um cara quase inquestionável, infalível. No imaginário popular, ele está nesse ponto”, diz Pirrho. “Nossa ideia não é criticá-lo, mas é sim também mostrar que o Senna fazia coisas que você pensava ‘pô, será que isso foi certo, será que isso foi errado?’”, explica o diretor.

O resgate dessas discussões soa como o maior mérito da série produzida pelo Núcleo de Documentários do Esporte da Globo.

É interessante ver, por exemplo, a forma como Senna, sempre retratado como um bom moço, fala sobre as suas preferências sobre mulheres. Em um trecho da série ele diz: “Meu tipo ideal? A mulher tem que ser inteligente, bonita e charmosa”, afirma o piloto, que namorou mulheres como Xuxa e Adriane Galisteu -os romances do piloto aparecem com maior destaque no segundo e no terceiro episódio.

“A gente não parte do princípio de elogiar ou criticar ninguém. Mas a gente parte do princípio de tentar aprofundar esse personagem como homem também. A gente encontra as coisas e vai construindo”, diz Rafael Pirrho.
*LUCIANO TRINDADE/ FOLHAPRESS

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Fonte: Paraíba Online

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