Economia: leia os destaques nesta quarta-feira

Como Charlie Munger, que morreu ontem aos 99 anos, foi o responsável por convencer Warren Buffett a mudar estratégia de investimentos. Vibra rejeita oferta de fusão da Eneva, mas diz que poderia avaliar se proposta for “significativamente melhor”, e outras notícias do mercado nesta quarta-feira (29).

**COMO MUNGER MOLDOU BUFFETT E A BERKSHIRE**
O investidor Charlie Munger, braço direito do bilionário Warren Buffet e vice-presidente do conselho da Berkshire Hathaway, morreu nesta terça, aos 99 anos. A causa da morte não foi divulgada.

A parceria de quase 60 anos entre a dupla se traduz no sucesso da Berkshire, uma holding de participações em empresas que hoje é a nona maior companhia privada do mundo em valor de mercado –US$ 782 bilhões (R$ 3,82 trilhões).

“Não seria possível construir o que é hoje a Berkshire Hathaway sem a inspiração, sabedoria e participação de Charlie”, disse Buffett, 93, em um comunicado.

É atribuído à Munger o convencimento de seu sócio sobre uma mudança de estratégia: a de comprar excelentes negócios a preços razoáveis, em vez de procurar apenas por negócios razoáveis a excelentes preços.

Em 2015, Buffett comentou sobre a nova abordagem: “Charlie vinha sugerindo esse caminho há alguns anos, mas eu demoro a aprender.”

Entre as companhias que Munger convenceu seu sócio a comprar está a BYD, fabricante chinesa de carros elétricos e principal rival da Tesla de Elon Musk.

A Berkshire comprou uma fatia de 10% na chinesa em 2008.

Em entrevista publicada no início deste mês pelo jornal americano Wall Street Journal, Charlie Munger reforçou sua posição sobre como o chamado “investidor comum”, aquele que não é especialista no mercado, deveria investir:

“A maioria das pessoas provavelmente deveria apenas investir em fundos de índice [ETFs, explicamos o que são aqui]. Isso é perfeitamente racional para alguém que simplesmente não quer pensar muito sobre isso e não tem motivo para acreditar que tem alguma vantagem como um investidor de ações”, afirmou.

“Por que ele deveria tentar escolher suas próprias ações? Ele não projeta seus próprios motores elétricos nem sua batedeira de ovos.”

Munger também comentou sobre seu estilo de vida, outra coisa que ele compartilhava com Buffett.

“Eu não sou um consumidor excessivo, e prefiro meu estilo de vida mais barato… Quem com a minha riqueza vive na mesma casa que construiu há 70 anos?”

Foto ilustrativa: Agência Câmara

Foto ilustrativa: Agência Câmara

VIBRA REJEITA PROPOSTA DE FUSÃO DA ENEVA
O conselho de administração da distribuidora de combustíveis Vibra (antiga BR) rejeitou a proposta de “fusão de iguais” apresentada pela Eneva na noite do último domingo (26).

O colegiado disse que nem analisou o mérito de uma possível fusão, afirmando que a produtora de gás natural teria que “melhorar significativamente” os termos apresentados para que seus assessores financeiros analisassem a oferta.

Entre os termos usados pela Vibra, estão o de que a proposta é “injustificável” e “não possui qualquer atratividade” para seus acionistas.

A “fusão de iguais” citada na oferta da Eneva considerou que os acionistas de cada lado representariam 50% da base acionária da companhia combinada.

A proposta gerou reação negativa de acionistas da Vibra, com uma avaliação de que ela desvaloriza a companhia.

Um dos argumentos foi o de que a distribuidora de combustíveis vale mais na Bolsa (R$ 25,9 bilhões, no preço de sexta) que a produtora de gás (R$ 20,7 bilhões).

Segundo cálculos dos analistas do BB Investimentos, a oferta deveria adicionar uma diferença positiva de R$ 2,01 por cada papel da Vibra para que seus acionistas mantivessem a mesma posição acionária na nova companhia.

Na proposta de fusão, a Eneva havia citado que os negócios das duas empresas se complementam.

Ela também disse que haveria espaço para oferta de energia elétrica e gás natural para a base de clientes corporativos da Vibra, que busca alternativas para substituir o uso do óleo combustível e diesel.

**HIPERMERCADOS PERDEM ESPAÇO NO CARREFOUR**
O Carrefour Brasil disse nesta terça que vai transformar 40 unidades de seus hipermercados em lojas Atacadão e Sam’s Club entre 2024 e 2026, dando sequência à estratégia que prioriza sobretudo as lojas de atacarejo.

Em números: a companhia encerrou o terceiro trimestre com 143 hipermercados no país, uma queda ante os 170 no fim de 2022.

O Atacadão, marca de atacarejo do grupo, encerrou setembro com 361 unidades, enquanto a bandeira Sam’s Club somava 47 lojas no período.

O que explica: o atacarejo é o setor que mais cresce entre seus pares no país, segundo a consultoria NielsenIQ.

O segmento que oferece preços do atacado para o varejo teve um impulso durante a pandemia, quando a inflação corroeu o poder de compras dos brasileiros e atraiu a classe média para esses estabelecimentos.

A cada 100 lares no Brasil, 73 compram no atacarejo, enquanto 62 fazem compras em supermercados de grande porte, segundo a Nielsen.

Os principais rivais do Atacadão são o Assaí e o Grupo Mateus, com atuação no Norte e Nordeste.

Além do atacarejo e do clube de compras, o Carrefour também vai olhar para o crescimento das lojas de bairro, segmento em que a empresa opera com a marca Express. O recado foi de Abílio Diniz, um dos principais investidores da companhia, em apresentação a analistas do varejo.

**MULHERES SOFREM VIOLÊNCIA PATRIMONIAL DA RIQUEZA QUE GERAM**
As mulheres avançaram com a conquista de cargos de liderança e pleiteiam paridade salarial, mas em grande parte ainda delegam a gestão de suas próprias riquezas aos parceiros. E isso as deixa vulneráveis a abusos envolvendo o patrimônio, mostra a repórter Stéfanie Rigamonti.

Entenda: a violência patrimonial acontece quando o homem usa o poder financeiro ou o controle das contas da família como forma de ditar o rumo do relacionamento, ou então de punir a mulher após o término.

Embora não esteja enquadrada na lei, a violência patrimonial existe de várias maneiras, desde as mais veladas até as mais explícitas, e afeta mulheres cotidianamente.

O assunto ganhou destaque após a apresentadora Ana Hickmann dizer em entrevista no último domingo (26) que foi vítima de violência patrimonial, além de violência física e das violências psicológicas já denunciadas.

A apresentadora insinuou que o ex-marido destruiu seu patrimônio e o acusou de falsificar assinaturas.

O que fazer? Especialistas em finanças ouvidas pela Folha recomendam que as mulheres administrem o próprio dinheiro e pensem acima de tudo na sua independência financeira –nos relacionamentos pessoais e inclusive no trabalho.

*ARTUR BÚRIGO/ FOLHAPRESS


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Fonte: Paraíba Online

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