Recuo da Lego nas peças recicladas, a compra de R$ 2 bi da WEG para crescer no exterior e o que importa no mercado.
*NÃO ENCAIXOU*
Há dois anos, a gigante dos brinquedos Lego anunciou que iria testar produzir seus “tijolos” com PET reciclado em vez do plástico feito à base de petróleo.
Agora, ela voltou atrás, dizendo que a mudança em larga escala iria gerar ainda mais emissão de carbono.
Entenda: os executivos da Lego disseram ao jornal britânico Financial Times que eles teriam que “mudar tudo” nas fábricas para tornar o processo de fabricação do tijolo
PET escalável, e isso geraria uma pegada de carbono maior que a atual.
Eles explicaram que o produto é mais macio que o feito com plástico a partir de petróleo, e por isso precisa de outros itens para se tornar mais durável e fácil de montar e desmontar.
A fabricante dinamarquesa tinha como meta eliminar todos os plásticos à base de petróleo nos 20 materiais que utiliza em seus brinquedos até 2030. Hoje, esse tipo de material é usado em cerca de 80% das bilhões de peças que produz a cada ano.
Quebra-cabeça: a alternativa estudada pela dinamarquesa é tornar cada parte desse plástico mais sustentável, incorporando gradualmente materiais biodegradáveis e reciclados.
“Não é passar de 0 a 100% sustentável de um dia para o outro”, disse o CEO da companhia, Niels Christiansen.
Outra aposta é criar nos próximos anos um programa de reutilização das peças, em que donos de Lego poderiam devolver itens usados em troca de uma recompensa.
*WEG GASTA R$ 2 BI PARA SE FORTALECER LÁ FORA*
A WEG acertou a compra da divisão de motores industriais elétricos e geradores da americana Regal Rexnord, conforme anúncio desta segunda.
A fabricante brasileira irá pagar US$ 400 milhões (cerca de R$ 1,96 bilhão) em dinheiro pelo ativo após o negócio receber as aprovações legais e ser concluído, algo previsto para o primeiro semestre do ano que vem.
A estratégia: a compra deve fortalecer a WEG em mercados em que ela predomina no Brasil, mas que ainda é peixe pequeno lá fora –como motores elétricos e geradores– e em setores que engatinha, como o de óleo e gás e mineração.
As marcas adquiridas da americana Regal foram Marathon, Cemp e Roto.
A transação pegou bem entre analistas e investidores: ações da WEG terminaram o dia em avanço de 4,61%, entre as maiores altas do Ibovespa.
Em números: a receita operacional líquida em 2022 dos negócios adquiridos pela Weg foi de US$ 541,5 milhões (R$ 2,65 bilhões), com margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustada de 9,5%.
Quem é quem:
WEG: a fabricante catarinense de motores elétricos, geradores e tintas industriais foi fundada em 1961, em Jaraguá do Sul (SC). Terminou o ano passado com receita operacional líquida de R$ 29,9 bilhões.
Regal Rexnord: a multinacional americana tem ações listados em Nova York. A unidade comprada pela brasileira tem dez fábricas em sete países (EUA, México, China, Índia, Itália, Holanda e Canadá), filiais comerciais em 11 países e cerca de 2.800 funcionários.
*AMAZON ENTRA DE VEZ NA BRIGA DA IA*
A Amazon anunciou nesta segunda que vai investir até US$ 4 bilhões (R$ 19,6 bilhões) na Anthropic, empresa de IA (inteligência artificial) que desenvolveu o Claude, um chatbot rival do ChatGPT.
Em números: o investimento inicial será de US$ 1,25 bilhão (R$ 6,2 bi), com a opção de aumentar sua fatia no futuro para até os US$ 4 bi.
Na última rodada de financiamento da Anthropic, ela foi avaliada em US$ 5 bilhões (R$ 24,8 bi).
A startup tem entre seus investidores outras grandes empresas de tecnologia, como Salesforce, Zoom e até o Google, que também possui um chatbot para chamar de seu, o Bard.
O negócio entre Amazon e Anthropic vai além da grana. Ele passa também pelo AWS (Amazon Web Service), serviço de computação em nuvem da big tech, do qual a startup já é cliente.
A Anthropic poderá usar ferramentas de “machine learning” (aprendizado das máquinas) do AWS, enquanto os usuários do serviço de nuvem poderão acessar futuras versões mais potentes do chatbot.
Por que importa: o investimento da Amazon a coloca em uma briga hoje dominada principalmente por Microsoft (investidora da OpenAI) e Google (que tem tradição em desenvolver ferramentas de IA).
Passada a primeira onda gerada pelo ChatGPT, agora as big techs querem colocar a tecnologia no dia a dia do usuário, com novidades que vão do YouTube ao Excel.
A própria Amazon integrou à sua assistente virtual um modelo de linguagem baseado em IA.
*OS ‘COMBUSTÍVEIS DO FUTURO’ DO GOVERNO*
O projeto de lei do governo apresentado há duas semanas para incentivar os “combustíveis do futuro” aposta em tecnologias que emitem menos gases poluentes.
Entenda: a proposta prioriza combustíveis produzidos a partir de matérias-primas vegetais ou animais ou feitas a partir do hidrogênio.
É um caminho diferente ao adotado por economias mais desenvolvidas, que apostam na eletrificação da frota –algo que no Brasil ainda carece de infraestrutura.
Os combustíveis priorizados pelo governo:
Biocombustíveis: são os mais conhecidos da lista, como o etanol e o biodiesel. Por serem menos poluentes, o objetivo é aumentar dos atuais 27,5% para até 30% a mistura do etanol na gasolina e também antecipar as metas de mistura de biodiesel ao diesel.
SAF: o combustível sustentável de aviação (na sigla em inglês) já é usado, mas representou 0,1% da demanda do setor em julho. Ele é feito com matéria-prima vegetal ou animal, mas há dúvida se existe biomassa suficiente para produzir a quantidade necessária para a aviação.
Hidrogênio verde: é produzido a partir de um processo químico –eletrólise– que usa uma corrente elétrica para separar o hidrogênio do oxigênio na água. Para ele ser verde, a fonte energética adotada tem de ser limpa, como solar ou eólica, algo que o Brasil sai na frente.
(ARTUR BÚRIGO – FOLHAPRESS)
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Fonte: Paraíba Online