Negócio bilionário no setor de carnes, imposto sobre fundos de super-ricos e outros destaques do mercado nesta terça-feira (29).
**MINERVA PAGA R$ 7,5 BI POR 16 FRIGORÍFICOS DA MARFRIG**
Uma transação anunciada nesta segunda por duas gigantes do setor de carne bovina mexeu com o mercado. A Minerva vai gastar R$ 7,5 bilhões para comprar 16 frigoríficos da Marfrig, localizados na Argentina, Brasil, Chile e Uruguai.
EM NÚMEROS
Em uma transação apenas em dinheiro, a Minerva já pagou R$ 1,5 bilhão como um “sinal” do negócio. Os R$ 6 bilhões restantes deverão ser desembolsados quando as autoridades aprovarem a transação.
A ESTRATÉGIA
– Para a Marfrig, a venda das plantas concentra o foco da empresa nas marcas de carnes processadas (hambúrguer, industrializados), que têm uma margem operacional maior.
– A Minerva reforça sua posição como maior exportadora de carne bovina da América do Sul, ampliando sua capacidade de abate de bovinos em 43,7%, para 42.439 cabeças por dia, distribuídas por 40 plantas na América do Sul.
QUEM É QUEM
Marfrig: considerada a segunda maior produtora global de carne bovina, ela continua com a fábrica de industrializados Pampeano, a maior exportadora brasileira de enlatados para Europa. A empresa controlada pelo empresário Marcos Molina também é a maior acionista da BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão.
Minerva: controlada pelo Salic, fundo soberano da Arábia Saudita –que comprou 15,7% da BRF em julho–, a empresa fecha mais um grande negócio com uma rival. Em 2017, gastou US$ 300 milhões para comprar as operações da JBS na Argentina, no Uruguai e no Paraguai.
Mais sobre fusões e aquisições:
↳ A Natura disse nesta segunda que avalia vender a marca britânica de cosméticos The Body Shop, comprada da L’Oreal em 2017 por 1 bilhão de euros.
O anúncio acontece após a brasileira ter vendido a Aesop para a própria L’Oréal em abril, e se encaixa na nova estratégia da companhia de voltar ao foco do negócio e “desinchar” o grupo após tantas aquisições.
↳ No mundo dos pet shops, a Petz informou ao mercado que segue avaliando oportunidades de negócios, mas não existe qualquer acordo de fusão com a rival Cobasi.
O comunicado veio após reportagem do jornal Valor Econômico afirmar que as empresas voltaram a procurar bancos de investimentos para negociarem uma possível combinação de negócios.
**LULA TAXA FUNDOS EXCLUSIVOS E MIRA OFFSHORES**
O presidente Lula (PT) assinou nesta segunda duas medidas para tributar patrimônio de brasileiros que estão no topo da pirâmide de renda.
– Uma medida provisória para taxar rendimentos de fundos exclusivos, dos chamados “super-ricos”.
– Um projeto de lei para tributar offshores e outros tipos de rendimentos de capital de residentes no Brasil aplicados no exterior.
O QUE EXPLICA
As medidas foram tomadas para obter novas receitas e, segundo o governo, corrigir distorções na legislação. Parte dos recursos será usada para compensar a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda.
EM DETALHES
A MP passa a valer imediatamente e tem que ser aprovada em até 120 dias no Congresso para não perder a validade. Ela fecha o cerco sobre os fundos exclusivos, que tinham vantagens em relação a outros investimentos.
O principal exemplo é que a tributação era feita apenas no resgate, enquanto os fundos em geral têm seu rendimento tributado de forma antecipada duas vezes por ano –o chamado come-cotas.
A MP, agora, prevê uma taxação de 15% a 20% sobre os rendimentos desses fundos duas vezes ao ano, além da cobrança de IR na hora do resgate. Isso já acontecia em fundos de renda fixa, cambiais e multimercados.
A medida tem potencial de arrecadar R$ 3,21 bilhões em 2023, R$ 13,28 bilhões em 2024, R$ 3,51 bilhões em 2025 e R$ 3,86 bilhões em 2026.
O PL das offshores foi enviado com urgência constitucional para a Câmara e prevê alíquotas progressivas, que variam de 0% a 22,5% sobre o rendimento de aplicações de brasileiros no exterior.
A pessoa física com rendimento no exterior de até R$ 6.000 por ano pode ter alíquota zerada. De R$ 6.000 até R$ 50 mil por ano será cobrado 15% ao ano. Renda superior a R$ 50 mil terá alíquota de 22,5%.
O projeto tem potencial para arrecadar R$ 7,05 bilhões em 2024, R$ 6,75 bilhões em 2025 e R$ 7,13 bilhões em 2026.
**JATO DA EMBRAER SE TORNA O PREFERIDO DOS AMERICANOS**
Os americanos têm um novo jato executivo queridinho, e ele é brasileiro. O Phenom, da fabricante Embraer, superou em agosto a soma anual de pousos e decolagens do norte-americano Cessna Citation, da Textron.
EM NÚMEROS
Foram 360,9 mil rotas feitas no país pelo Embraer Phenom 300 no mês, 1.400 viagens a mais que o norte-americano Cessna Citation.
O QUE EXPLICA
O resultado recompensa uma aposta feita pela Embraer nos EUA, mercado que concentra 80% dos voos de jatos executivos no mundo.
A fabricante baseou sua operação no país em um modelo de negócios em que grandes operadoras costumam vender serviços a vários clientes compartilhados.
É o caso da NetJet, de Warren Buffett, que em 2021 fechou um acordo para comprar cem modelos leves Phenom 300E, o de maior capacidade da família, por US$ 1,2 bilhão.
RAIO-X
A fabricante brasileira afirma que o modelo é o jato executivo mais vendido no mundo há 11 anos.
Os Phenom são habilitados a voar com apenas um piloto, podem levar até dez passageiros e custam na casa dos US$ 10 milhões (R$ 50 milhões), cerca de um terço a menos do que os modelos americanos.
No ano passado, a aviação executiva foi responsável por 27% da receita líquida da Embraer, que totalizou US$ 4,2 bilhões (cerca de R$ 20,5 bilhões) no período.
**123MILHAS DEMITE E SUSPENDE HOTMILHAS**
A 123milhas disse que começou com um plano de reestruturação interna nesta segunda, dez dias depois que foi deflagrada uma crise na plataforma de turismo.
Entre as medidas tomadas, estão a redução do tamanho da equipe “para se adequar ao novo contexto da empresa no mercado” e a suspensão da negociação com milhas aéreas por parte da HotMilhas, outra empresa do grupo.
Sobre as demissões, a 123milhas não revelou o tamanho dos cortes, mas relatos no LinkedIn apontam para desligamentos de ao menos cem pessoas, entre coordenadores, supervisores e analistas, das áreas administrativa, financeira e de tecnologia.
Em relação ao negócio de milhas, consumidores que venderam seus pontos pelo HotMilhas não estão recebendo os pagamentos no prazo devido, relata o site Aeroin.
A 123milhas é ainda dona da Maxmilhas, negócio adquirido em janeiro deste ano. Até agora, essa frente não relatou mudanças na operação.
POR QUE IMPORTA
123milhas, HotMilhas e Maxmilhas têm praticamente 100% do mercado de comércio de milhas aéreas no país, um negócio que só existe no Brasil e que é contestado judicialmente pelas companhias aéreas.
A crise desencadeada no último dia 18 pode levar a um colapso do setor.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
ECONOMIA
Corrida por arrecadação pode gerar erosão na economia, diz presidente do BC. Para Campos Neto, grande necessidade de receita extra explica falta de confiança do mercado em relação às metas fiscais.
ECONOMIA
Governo decide dar Caixa para aliada de Lira. Doze vice-presidências do banco serão distribuídas entre indicados dos partidos PP, Republicanos e União Brasil.
ARGENTINA
Argentina e Brasil negociam usar banco multilateral para garantir US$ 600 mi em exportações. Ministro argentino Sergio Massa veio ao país para se reunir com Lula e Haddad em busca de alternativas para garantir exportações.
BANCO CENTRAL
Uma pessoa recuperou R$ 2,8 milhões no sistema do Banco Central. Maior valor resgatado por uma empresa foi de R$ 3,3 milhões; brasileiros ainda têm R$ 7,2 bilhões para recuperar.
(*ARTUR BÚRIGO – FOLHAPRESS)
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Fonte: Paraíba Online