Botafogo-PB x Brusque: ao menos tinha cerveja gelada

O resultado já é sabido por todos. Primeira derrota em casa, desempenho abaixo da média dos jogos anteriores e alguma chance de pela primeira vez na Série C terminar a rodada fora do chamado G8.

Definitivamente, a derrota por 2 a 1 do Botafogo-PB para o Brusque não foi nada boa e, nos próximos três jogos, todos contra clubes que atualmente estão na zona de rebaixamento, nada menos do que três vitórias são necessárias para o clube permanecer numa situação mais ou menos tranquila na zona de classificação.

O problema, e esse não é pequeno, é que o time cada vez menos inspira confiança para uma sequência de vitórias dessa que se almeja.

Mas, se pouco tem a ser dito sobre o jogo, sobre o resultado, sobre a classificação, ao menos tinha cerveja gelada para brindar, para torcer em conjunto, para matar a sede, para afogar as dores que o futebol impõe também – por que não?

Um brinde!

Após mais de dez anos, um entendimento preconceituoso e criminalizador que relacionava a bebida alcoólica à violência no futebol foi abandonada. E os boêmios puderam voltar a sorrir, promovendo de copo em punho a revolução em defesa de um futebol verdadeiramente popular e democrático.

Na minha opinião, aliás, a lei de 2020 e recentemente regulamentada pelo Governo da Paraíba, que liberou a venda e o consumo de bebidas alcoólicas com até 15% de teor alcoólico em estádios de futebol, ainda é problemática.

Afinal, exclui a cachaça, reduto preferencial dos mais pobres. Lei portanto que transforma-se em lobby de cervejarias e que continua a limitar o consumo para parte do povo que semanalmente converge ao estádio e às arquibancadas.

Mas, timidamente, já é um avanço e tanto.

Devolveram um pouco da liberdade torcedora que tão recorrentemente nos vem sendo roubadas na última década, por autoridades e cartolas que cada vez mais pensam o futebol de espetáculo dentro de uma lógica da domesticação dos corpos, do controle social, das interdições arbitrárias que não raro são impostas à revelia da lei.

Não estou falando apenas de cerveja.

Estou falando do valor simbólico da bebida, de sua potência para a coletividade, do convite à festa e ao arrebatamento, da expansão do tempo do torcer, do encontro boêmio que leva à música, ao cântico, à entrega, à dança, à farra, ao êxtase.

De um elemento social que é historicamente aglutinador, definidor de alianças e amizades, fortalecedor de laços afetivos.

É, eu sei.

Foi péssimo perder em casa.

Mas, ao menos, tinha cerveja gelada para aliviar as dores.

Para beber ao lado de companheiros de sonhos e de tragédias.

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Fonte: Jornal da Paraíba

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