
Nos quatro anos em que governou o Brasil, de 2019 a 2022, o presidente Jair Bolsonaro jogou no lixo as expressões da cultura brasileira.
Esse seu desprezo era claramente sentido quando morria um grande artista. Bolsonaro costumava não se pronunciar. Optava pelo silêncio.
Com Lula, é diferente. Nessas ocasiões, o presidente vai às redes sociais, exalta o artista e se solidariza com familiares, amigos e admiradores.
Acho digna e bonita a atitude de Lula quando o Brasil perde um dos seus grandes artistas. Emociona a gente, comove. Que diferença!
Nana Caymmi morreu na quinta-feira (01) aos 84 anos. Passara nove meses numa UTI gravemente enferma. Era uma das maiores cantoras do Brasil.
Todo mundo sabe que Nana Caymmi votou em Jair Bolsonaro na eleição de 2018. Votou e fez críticas inaceitáveis a Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Críticas que miravam a relação dos três compositores com Lula.
Chico, Caetano e Gil não responderam. Não passaram recibo. Claro, porque eles sabiam desde sempre da incontinência verbal de Nana Caymmi.
Incontinência verbal. Sim. Foi um traço permanente na vida e na carreira de Nana Caymmi. Dizem que herdou da mãe, Stella Maris, e não do pai, Dorival.
Nana Caymmi morreu. Caetano Veloso foi às redes sociais e escreveu, lembrando de quando a conheceu, na juventude: “Eu pensava que ela era a mais profunda intérprete que se podia imaginar. Isso só fez crescer com o passar dos anos, das décadas”.
Caetano disse mais: “Filha de Dorival e de Stella Maris, irmã do inigualável Dori e do luminoso Danilo, ela foi, era, é, será um alumbramento do ato de cantar”.
Gilberto Gil postou um vídeo emocionado com lembranças do seu breve casamento com Nana Caymmi, nos anos 1960. E foi ao velório no Theatro Municipal.
Muito tocantes as imagens de Gilberto Gil beijando o rosto de Nana no caixão e abraçando os irmãos dela, Dori e Danilo, e as filhas, Stella e Denise, com quem conviveu quando elas eram pequenas, no tempo em que foi casado com a cantora.
Esperei uma mensagem do presidente Lula nas redes sociais. Lula será grande, pensei. Relevará o apoio de Nana a Bolsonaro e as palavras que ela não deveria ter pronunciado. Que nada. Só silêncio. Com Nana Caymmi, Lula foi pequeno e mesquinho.
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Fonte: Jornal da Paraíba