
Gal Costa disse uma vez que não gostava de Madonna, mas sabia que se tratava de uma grande artista. Essas escolhas são muito subjetivas.
Como Gal, também não gosto de Madonna. Nunca gostei. Mas sempre soube do talento dela e admirei (admiro) a coragem de sua persona pública.
Falo como ouvinte. O tempo vai passando, o gosto musical vai se consolidando, e a gente infelizmente vai ficando refratário a algumas novidades.
Stefani Joanne Angelina Germanotta. Ou melhor, Lady Gaga. Eu já tinha quase 50 anos, em 2008, quando Lady Gaga lançou seu primeiro álbum.
Como aconteceu com outras divas do universo pop, Lady Gaga não entrou no meu radar até que, em 2015, vi sua performance na cerimônia do Oscar.
Que grande cantora que ela é. Constatei facilmente ao ouvi-la fazer The Sound of Music, imortalizada por Julie Andrews. Eram os 50 anos de A Noviça Rebelde.
De outra vez, Lady Gaga me arrebatou fazendo I Wish com o autor, Stevie Wonder, na plateia. I Wish, pérola de Songs in The Key of Life, o melhor álbum de Wonder.
Coube a Lady Gaga cantar o hino americano na posse do presidente Joe Biden, em 2020. Emocionante, comovente, na cerimônia sem plateia por causa da pandemia.
Na transmissão do show de Lady Gaga, sábado (03) em Copacabana, vi os repórteres falarem sobre as diversas “eras” que formam a trajetória da artista.
Mas não vi ninguém falar sobre os dois álbuns que ela gravou com Tony Bennett. Cheek to Cheek (2014) e Love for Sale (2021) reúnem standards do cancioneiro americano.
Cheek to Cheek e Love for Sale são discos de jazz. Só uma grande cantora, como Lady Gaga é, faria o que ela fez ao lado de uma figura lendária como Tony Bennett.
Sim. E Lady Gaga em Copacabana? Bem, seu show não me alcança com a intensidade com que atinge seus fãs, as pessoas que conhecem seu repertório.
Mas me impressiona fortemente pela qualidade do que ela, seus músicos e seu corpo de baile fazem no palco: um dos melhores shows do pop em escala planetária.
A gente tem muitos motivos para respeitar Lady Gaga. Pelo talento singular da cantora, pela qualidade da performance ao vivo e por suas posturas públicas.
Lady Gaga é adorada pela comunidade LGBTQIAP+ pela defesa eloquente que ela faz dos que pertencem a essa comunidade, e isso é admirável.
Nesse mundo cada vez mais ocupado pelas forças da extrema direita, Lady Gaga é uma voz que está do lado das ideias generosas e dos avanços civilizatórios.
A música de Lady Gaga, quando ela chegou, meu trem já tinha passado. Mas seu jazz com Bennett tem um lugar especial na minha discoteca. Lady Gaga merece respeito.
Clique aqui para ler a notícia em seu site original
Fonte: Jornal da Paraíba