Conclave é muito bom, mas Dois Papas é ainda melhor


				
					Conclave é muito bom, mas Dois Papas é ainda melhor
Foto/Reprodução.

Apenas alguns meses antes da morte do papa Francisco, muita gente foi ao cinema ver Conclave. O filme dirigido pelo cineasta alemão Edward Berger recebeu oito indicações ao Oscar, mas só levou para casa a estatueta de Melhor Roteiro Adaptado.

O filme – uma ficção – mostra a morte do papa e o conclve que escolhe seu sucessor. Era praticamente impossível ver Conclave sem pensar em Francisco por não ser segredo para ninguém o quanto, há muito tempo, a sua saúde era frágil.

Conclave é como um thriller, um filme de ação com uma trama engenhosa e muito bem montada sobre a guerra pelo poder na Santa Sé e na sucessão de um papa.

A reconstituição dos interiores foi na Cinecittà, em Roma, e impressiona pelo quanto é bem feita. O roteiro de Peter Straughan se destaca pela qualidade dos diálogos.

Grandes atuações valorizam Conclave, sobretudo a de Ralph Fiennes, ator britânico de 62 anos que faz o cardeal Thomas Lawrence, o camerlengo à frente do conclave. Fiennes ficou muito popular fazendo o Lord Voldemort nos filmes da franquia Harry Potter.

As mulheres têm pouca voz no conclave, mas a irmã Agnes é personagem importante na trama. Agnes é Isabella Rossellini, filha de Ingrid Bergman e Roberto Rossellini. Isabella está com 72 anos, cinco a mais do que a mãe tinha quando morreu, em 1982.

É bom ver (ou rever) Conclave no momento em que o mundo testemunha a morte do papa Francisco. Mas ainda melhor é ver (ou rever) Dois Papas, realizado em 2019 pelo brasileiro Fernando Meirelles, que se projetou a partir de Cidade de Deus.  

Dois Papas confronta a visão do papa Bento XVI com a do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, que, como Francisco, sucederia Bento. Os encontros são fictícios, mas o teor das conversas corresponde à visão antagônica dos dois líderes católicos.

Dois Papas ilumina o que está escuro. É um filme sobre a Igreja Católica, a figura do papa, as relações de poder dentro do Vaticano, a fé. Mas é também um filme sobre as relações humanas, o diálogo necessário e possível entre forças antagônicas, o perdão.

Nem Joseph Ratzinger (Anthony Hopkins, brilhante!) é tão mau quanto dizem os que o chamam de nazista nem Jorge Mario Bergoglio (Jonathan Pryce, que foi Perón em Evita) é tão bom quanto asseguram os seus defensores.

É o que Dois Papas parece nos dizer o tempo todo. Ratzinger absolve Bergoglio, e Bergoglio absolve Ratzinger. Homens lidando com o bem e com o mal, entre virtudes e pecados, os dois se fundem nas longas conversas que compõem a narrativa.

Bergoglio humaniza Ratzinger com “trivialidades”. O Abba, os Beatles, o futebol, o tango, a pizza e a fanta da vizinhança do Vaticano. Ratzinger se permite humanizar, e a tradução está na cena em que ele abre a porta e vai ao encontro de um grupo de turistas.

Após a renúncia, como em Blackbird, a canção de Paul McCartney que ouvimos no filme, Ratzinger voa com suas asas quebradas, buscando a luz na noite escura. Enquanto cabe a Bergoglio ficar com o que nunca pareceu que um dia seria seu.

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Fonte: Jornal da Paraíba

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