
Nos Estados Unidos dos anos 1960, Joan Baez era a musa do folk e da canção de protesto. Em 1963, em Washington, ela e Bob Dylan estavam ao lado do pastor Martin Luther King quando ele bradou para a multidão: “Eu tenho um sonho”.
Naquele dia, ela cantou o spiritual Swing Low, Sweet Chariot. Do mesmo modo que fez, seis anos mais tarde, no festival de Woodstock e faria nos concertos que realizou pelo mundo ao longo da sua trajetória de grande cantora.
Em maio de 1981, Joan Baez veio pela primeira vez ao Brasil. Ela tinha 40 anos, e o país vivia a chamada “abertura política”, tendo como presidente o general João Figueiredo, o último do ciclo iniciado com a deposição de João Goulart em 1964.
Joan Baez veio ao Brasil a convite de um grupo de direitos humanos ligado à Igreja Católica. Em São Paulo, a Igreja Católica tinha à sua frente o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, um arcebispo progressista de projeção internacional.
O show de Joan Baez seria no dia 22 de maio de 1981 no Tuca, o Teatro da Universidade Católica de São Paulo. Na saída do hotel, a cantora foi abordada por um grupo de policiais e informada de que estava proibida de realizar seu concerto.
Para impedir o show, a censura levou ao limite os rigores da lei, argumentando que os organizadores não tinham cumprido tudo o que era exigido de qualquer artista. O problema poderia ter sido resolvido, mas isso não interessava à ditadura.
Horas antes, como vemos na foto, Joan Baez teve um encontro com o então líder sindical Luiz Inácio da Silva, que ainda não tinha acrescentado o “Lula” ao seu nome e acabara de fundar uma agremiação partidária, o Partido dos Trabalhadores.
Mesmo proibida de fazer o show, Joan Baez foi ao Tuca e subiu ao palco com Eduardo Suplicy, então deputado estadual pelo PMDB de São Paulo. Ela contou ao público o que tinha ocorrido, tendo Suplicy como intérprete, e fez dois números à capela.
Joan Baez também foi impedida de se apresentar no Rio de Janeiro. Nesse episódio, o Brasil se juntou à Argentina e à União Soviética, que proibiram os shows de Joan Baez por causa do seu ativismo político e da sua defesa dos direitos humanos.
Em 1981, com o general João Figueiredo, o Brasil tinha o seu quinto presidente militar. O ministro da Justiça era o político mineiro Ibrahim Abi-Ackel. Era o tempo da “abertura política”, e a ditadura militar iniciada em abril de 1964 vivia seus estertores.
Joan Baez só voltou ao Brasil em 2014, se apresentando em várias cidades, inclusive no Recife. Em São Paulo, Geraldo Vandré subiu ao palco, mas não cantou Caminhando com ela. No Rio, recebeu como convidados Gilberto Gil e Milton Nascmento.
Atualmente, Joan Baez está com 84 anos. Ela é personagem importante do filme Um Completo Desconhecido, que se debruça sobre o início da carreira de Bob Dylan. Um Completo Desconhecido está em cartaz nos cinemas brasileiros.
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Fonte: Jornal da Paraíba