Fernando Cunha Lima contava com rede de apoio para continuar foragido, afirma polícia

O pediatra Fernando Cunha Lima, preso na manhã desta sexta-feira (7), contava com uma rede de apoio formada por familiares e conhecidos, que o ajudaram a se esconder e ficar foragido por quatro meses. O médico foi encontrado em um imóvel alugado, acompanhado da esposa, no município de Paulista, em Pernambuco. A prisão foi realizada pela Polícia Civil da Paraíba, que trouxe o médico para a Central de Polícia em João Pessoa.

Em nota, a defesa de Fernando Cunha Lima disse que deu entrada em um habeas corpus em favor do médico, e criticou o fato do acusado ter sido trazido para João Pessoa. Os advogados querem que ele fique preso em Pernambuco, onde aconteceu a prisão. (entenda mais abaixo)

Durante uma coletiva, a Polícia Civil informou que o médico estava residindo em um bairro de classe média baixa. A equipe de policiais localizou o imóvel, foi até lá, e a esposa do pediatra atendeu à porta. Nesse momento, os policiais avistaram Fernando no sofá da casa e deram voz de prisão.

Em novembro, o médico estava na casa de uma filha, no bairro Casa Forte, em Recife, mas fugiu uma semana antes da ação da Polícia Civil no local.

“Ele se deslocou para a cidade de Paulista, pulou para diversos endereços, e hoje nos revelou que estava neste endereço já fazia alguns meses. Disse que não estava tendo contato com os familiares, apenas por telefone”, afirmou o delegado da Draco, Rafael Bianchi.


				
					Fernando Cunha Lima contava com rede de apoio para continuar foragido, afirma polícia
Entrevista da Polícia Civil sobre a prisão do pediatra Fernando Cunha Lima. Hebert Araújo

A Polícia Civil informou que os investigadores sempre rastrearam o paradeiro do médico na Região Metropolitana de Recife, onde ele se escondia em residências e evitava aparecer nas ruas. Sua esposa, embora também desaparecida, ainda arriscava ir a comércios, o que ajudou na localização dele.

De acordo com o delegado Rafael Bianchi, o médico também contava com apoio de pessoas de fora da família, que forneciam suporte logístico, como alimentação, medicamentos, e até aparelhos e chips de celular.

“Colocar a polícia para andar, para passar o CPF para A e para B, para efetivar compras em alguns lugares, para dar a ideia de que não está naquela localidade. Olha só a gravidade! Além do cometimento, há uma instrução de como burlar, há um poderio econômico e uma estrutura para burlar o aparato de justiça do nosso estado”, comentou o delegado André Rabelo.

O médico foi apresentado à Polícia Civil da Paraíba em João Pessoa, passou por exame de corpo de delito e deve retornar a Pernambuco para uma audiência de custódia. Posteriormente, ele será transferido novamente para a Paraíba, em data ainda a ser definida.

A Polícia Civil informou que o pedido de prisão não será reavaliado ou suspenso pela Justiça de Pernambuco.

Delegado afirma que pediatra “debocha” da Justiça

Durante coletiva de imprensa, o delegado geral André Rabelo afirmou que o médico debocha da Justiça e do estado. Ele comentava uma fala do médico, que, ao chegar na Central de Polícia de João Pessoa, estava convencido que não ficaria preso.

“Agora, com a minha doença, eu não vou ficar preso”, disse o médico. Quando questionado sobre a certeza de sua afirmação, respondeu: “Tenho certeza. Eu vou ficar só dois dias e saio”.

“O que chama atenção é um alvo com idade já avançada, instruído, e essa forma de debochar do Estado, de debochar da Justiça”, declarou o delegado geral.

Em outro momento da coletiva de imprensa, o delegado Rabelo classificou a afirmação como “grave” e relembrou as vítimas dos abusos.

“Ao invés de tentar responder, resolver o problema, não! Vamos esconder e dar uma resposta como essa: ‘não passo dois dias preso’. Isso é muito grave! Porque, por trás disso, quantas pessoas? Quantas crianças? Seis a gente conseguiu elencar, mas quantas ao longo dessas décadas? Filhos meus, filhos dos senhores aqui, de todos nós aqui. Isso é muito grave. Quer nitidamente burlar a legislação, nitidamente quer transgredir mais uma vez. Transgredir diante da transgressão”, completou.

Na entrada da Central de Polícia, o médico também afirmou que era inocente e explicou que estava foragido porque não queria ser preso. Ele afirmou que estava em Pernambuco porque sua filha morava lá.

Fernando Cunha Lima negou as acusações de abuso. Ele é acusado de abusar de seis crianças em seu consultório, e duas sobrinhas também alegaram ter sido vítimas de abuso durante a infância.


				
					Fernando Cunha Lima contava com rede de apoio para continuar foragido, afirma polícia
Reprodução

O que diz a defesa do médico?

A defesa de Fernando Cunha Lima divulgou uma nota informando que entrou com um habeas corpus contra a decisão da Polícia Civil de levar o médico para João Pessoa. De acordo com os advogados, a audiência de custódia deveria ter ocorrido no local onde ele foi preso.

Além disso, a defesa revelou que, desde 21 de fevereiro, o médico havia solicitado ser preso e cumprir a pena em Recife, devido ao receio pela sua segurança e por ser lá que reside sua família.

Por outro lado, o delegado Rafael Bianchi explicou que o pediatra foi levado para João Pessoa a seu próprio pedido. Segundo o delegado, o médico informou à Polícia Civil que preferia ficar mais próximo de sua família, já que a maior parte dela mora na capital paraibana, enquanto apenas uma filha reside em Recife.

O delegado também afirmou que, de acordo com jurisprudência consolidada, por questões de economia processual e conforme uma resolução do Tribunal de Justiça da Paraíba, o juiz plantonista que decretou a prisão pode determinar a apresentação no estado onde a prisão foi realizada, e foi isso o que aconteceu. O delegado também defendeu que não houve qualquer ilegalidade no procedimento.

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Fonte: Jornal da Paraíba

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